Quinta da Plansel: o encontro perfeito entre natureza, vinho e arte

Com mais de 25 anos de experiência, a Plansel vai passando de geração em geração. Esta quinta é um refúgio onde a paixão pela natureza, vinho e arte se entrelaçam harmoniosamente, enquanto a equipa, tão íntima e comprometida, funciona como uma verdadeira família. Dentro de uma garrafa de vinho cabem histórias e tradições, com a ajuda de Dorina Lindemann, enóloga de renome, vamos desvendar algumas delas.

Dorina Lindemann, Enóloga

Num cantinho acolhedor, a equipa da Quinta da Plansel trabalha em conjunto como uma família, unidos pelo amor à natureza, ao vinho e à arte. A família Lindemann-Böhm tem uma longa tradição no mundo do vinho, que remonta ao século XI. Em 1961, Jörg Böhm, fundador da Quinta da Plansel, teve um naufrágio em Cascais, Portugal, o que o levou a descobrir as castas alentejanas e o potencial vitivinícola da região. Em 1975, comprou os seus primeiros terrenos para a exploração da vinha e criou a Viveiros Plansel. “Nesta altura, os vinhos portugueses eram instáveis e mal trabalhados, mas o meu pai estava determinado a mudar isso”, explica Dorina Lindemann.

A devoção pela cultura do vinho e pelo país lusitano acabou por se espalhar por toda a família. Nos anos 90, Dorina Lindemann, filha de Jörg, formada em enologia pela Universidade de Geisenheim, veio da Alemanha para Portugal com o marido Thomas Lindemann, e juntos produziram o seu primeiro vinho na Adega Experimental da Mitra, em 1993. A Quinta da Plansel foi fundada cinco anos depois, com a produção de vinhos de castas antigas autóctones portuguesas, sendo a Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca as suas favoritas. Atualmente, as filhas de Dorina, Júlia e Luísa, também fazem parte do negócio, garantindo o futuro do projeto.

A adega da Quinta da Plansel é conhecida por produzir 400 mil litros anuais em cinco gamas diferentes. A Viveiros Plansel, criada em 1982 pelo pai de Dorina, também se destaca na produção de bacelos enxertados, sendo responsável por produzir cerca de um milhão de plantas da sua própria seleção. Atualmente, 50% da produção é comercializada em Portugal e os outros 50% são exportados, o principal cliente é a Alemanha.

Tradição e Modernidade em cada garrafa

O nome “Plansel”, que significa “Planta Selecionada”, evidencia a harmonia entre as habilidades da natureza e a tecnologia avançada de uma adega, que combina a precisão e organização alemã com a espontaneidade e expressividade alentejana. Os vinhos produzidos são a prova desta inesperada fusão entre tradição e modernidade.

Questionada sobre os requisitos necessários para fazer um vinho “campeão”, Dorina responde que o renascimento de castas antigas é o segredo para a sua distinção, tanto em qualidade quanto em quantidade. Assim como, a combinação harmoniosa do conhecimento enológico sobre as castas com a biodiversidade única da região do Alentejo. Após anos de observação e pesquisa, descobriu-se que as castas de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca são excelentes opções para o cultivo em todo o país. A Touriga Nacional, em particular, “resiste ao calor e necessita de menos água, logo permite uma assimilação perfeita dos açúcares, produzindo um vinho de alta qualidade”, explica Dorina.

A vindima é um processo que se inicia com a avaliação criteriosa da maturação das uvas. Durante esta época, somente os cachos de uva mais saborosos são escolhidos à mão, um a um. “Este cuidado e atenção são essenciais para garantir a qualidade. A uva é a voz do vinho e quando a matéria-prima não está em perfeitas condições é muito difícil fazer bons vinhos”, explica.

Também a relação direta entre o vinho e o ambiente do terroir é crucial para atingir o objetivo estratégico. Localizada a cerca de 100 quilómetros de Lisboa, na parte sudeste de Montemor-o-Novo, a Quinta da Plansel abriga 75 hectares de vinhas. A vista é magnífica, com vinhas enfeitadas por olivais e sobreiros. Por entre as vastas planícies, o gado pasta tranquilamente.

O clima é temperado, com características mediterrâneas, apresentando temperaturas noturnas abaixo dos 18°C, devido à influência marítima do Oceano Atlântico e à Serra de Monfurado. A frescura noturna presente na região confere aos vinhos uma acidez harmoniosa e uma riqueza aromática que realça as suas castas de excelência. “Em Montemor, temos um microclima muito especial. Estamos protegidos pela Serra de Monfurado e pelos ventos quentes de Évora, mas ainda assim beneficiamos da frescura vinda do mar. As noites são frescas e os dias quentes, o que contribui para a manutenção dos aromas primários dos nossos vinhos”, explica a enóloga.

Dorina com as suas filhas Luísa e Júlia

Enoturismo: da vinha até ao copo

O enoturismo tem ganho cada vez mais popularidade entre os amantes de vinho e turistas em geral. A Quinta da Plansel investe nesse sentido e proporciona experiências únicas que permitem descobrir todo o processo de produção de vinho, desde o cultivo das vinhas até à degustação. Os visitantes podem escolher entre várias opções, como as degustações de vinho, que incluem a visita à adega, enxertia, visita à galeria de arte e degustação de petiscos. Há quatro opções disponíveis, denominadas Bronze, Silver, Gold e Platinium. Outra opção é o “Wine&Dine”, que inclui também visita à adega, à galeria de arte e enxertia, seguido de um menu especial.

Para quem prefere desfrutar de um piquenique, a Quinta da Plansel oferece uma seleção de petiscos e vinhos para saborear enquanto caminha pelas vinhas. Para quem procura uma experiência mais completa, pode optar por “Um Dia na Plansel”, que inclui uma caminhada pelas vinhas até à Capela Stª Margarida, prova de vinhos brancos, visita à adega, enxertia, visita à galeria de arte e um menu alentejano. E para quem deseja prolongar a sua estadia, tem à disposição os apartamentos Alicante e Arinto, cercados pelas vinhas e com vista para o castelo. Dorina salienta que o crescimento do número de pessoas interessadas no enoturismo surpreende-lhe. “Os nossos alojamentos estão ocupados até setembro, isso significa que mais pessoas conhecem a nossa história”, reforça.

A adega também promove noites de fado, combinando a música tradicional portuguesa com os sabores e aromas dos seus vinhos. “O vinho tem a responsabilidade de transmitir histórias de gerações, e isso é exatamente o que fazemos aqui – oferecemos uma experiência multicultural que combina a tradição do fado com a história e a paixão pela produção de vinho”, salienta.

O futuro dos vinhos alentejanos

A Quinta da Plansel também proporciona uma experiência de aprendizagem única no mundo do vinho, com a ajuda de Wilmy Matton, professora oficial de vinhos da WSET, e Dorina Lindemann. A escola internacional de vinho da WSET permite mergulhar no fascinante mundo dos vinhos, com a garantia de estar a aprender com os melhores. “O nível 1 de WSET oferece um conhecimento geral do mundo do vinho. O nível 2 já apresenta uma abordagem mais aprofundada, com quase cinquenta vinhos de várias regiões do mundo para provar, cheirar e identificar aromas. É uma educação completa, com exame e termina com um certificado”.

Para Dorina, de momento, o Alentejo já se estabeleceu firmemente no cenário vinícola e tem sido bem trabalhado. Para além disso, tem atraído cada vez mais turistas, que procuram um lugar tranquilo e sereno para passar férias. Olhando para o futuro, a enóloga acredita que a chave para o sucesso é a constante inovação e renovação das variedades de uva cultivadas, adaptando-se às mudanças climáticas e tendências do mercado. “É fundamental estar sempre atento às novidades do mundo do vinho e às preferências dos consumidores para garantir que a empresa esteja na vanguarda da indústria”, realça.

A equipa já conta com 70 pessoas e todos os anos aceitam, de braços abertos, estagiários das universidades, porque “são os jovens que vão dirigir o caminho e moldar o futuro da indústria. Com o espírito dos jovens enólogos vamos ter sempre grandes vinhos em Portugal. Tenho a certeza de que o país ainda tem muito para dar na área dos vinhos e elevar a sua posição no mercado mundial”, remata.

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