“Queremos continuar a ser uma referência no mundo da aviação civil”

A NAV Portugal assume, há 25 anos, a missão de garantir a prestação segura e eficiente de Serviços de Navegação Aérea, contribuindo para a criação de valor e bem-estar da sociedade, cumprindo assim um papel crucial no setor da aviação. Em entrevista à Revista Business Portugal, Pedro Ângelo, Presidente da NAV Portugal, explora a trajetória de sucesso da empresa, lançando a semente para o futuro, cujo desiderato passa por garantir o futuro e a perenidade da empresa e continuar a ser uma referência no mundo da aviação civil.

 

Pedro Ângelo, Presidente

 

A NAV completou 25 anos de longevidade em 2024 e conta com 14 milhões de voos controlados. Quais crê serem os segredos para ser uma empresa líder na área? Julga que estes números espelham o bom trabalho que a equipa presta e a confiança que traduz aos portugueses?

O sucesso da NAV Portugal estriba-se em diversos fatores contributivos, destacando desde logo as nossas pessoas, que todos os dias garantem com empenho e elevado brio uma operação segura e eficiente dos serviços de navegação aérea. Somos uma empresa constituída por pessoas muito qualificadas e com alta especialização, numa atividade muito própria que é muito regulamentada e escrutinada por diversos agentes de regulação. Além dessa vantagem competitiva, somos uma empresa que investe muito em tecnologia, sistemas e equipamentos, para auxiliar a operação e garantir a segurança dos nossos céus.

Ao longo destas duas décadas e meia, a NAV Portugal assumiu-se como uma referência global em termos de eficiência operacional e performance. 25 anos de história compõe uma larga linha cronológica de sucessos e momentos marcantes. Na sua opinião, quais foram os maiores feitos da empresa até então? E os maiores desafios que ultrapassou para se tornar referência?

Somos, de facto, reconhecidos no panorama internacional da aviação civil. Fomos pioneiros na Europa, por exemplo, ao introduzirmos na operação o conceito free route, ou seja permitir que as aeronaves possam percorrer de forma livre as suas rotas quando atravessam os nossos céus, sem necessidade de percorrer waypoints previamente definidos em cartas de navegação aérea. Isto não só acrescenta uma melhor performance para os nossos utilizadores do espaço aéreo, com redução de tempos de voo e distâncias percorridas, como permite uma significativa contribuição para a redução de emissões de CO2 e diminuição da pegada carbónica.

Mais recentemente, devemos destacar a migração para o novo sistema de gestão de tráfego aéreo na região de informação de voo de Lisboa. O processo de implementação e a transição para este novo sistema, o TOPSKY, foi um caso de sucesso reconhecido pelo network manager do céu único europeu, permitindo hoje em dia à empresa dispor de um sistema que dá resposta aos desafios do crescimento do tráfego e reforça a segurança, com um conjunto de novas funcionalidades que muito apoiam a operação dos controladores de tráfego aéreo.

 

Sala de Operações do Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa

Torre de Controlo de Lisboa

 

O grupo NAV Portugal tem acordos com parceiros tanto nacionais como internacionais com o objetivo de melhorar cada vez mais os seus serviços e, recentemente, integrou-se como parceiro do projeto ACADIA (Acceleration of Aeronautical Digital Information Availability), um projeto da União Europeia. Quais julga ser as mais-valias desta nova parceria? Tem em vista novas parcerias em breve?

A participação no projeto ACADIA demonstra o permanente compromisso da NAV Portugal com a melhoria contínua. As mais-valias dessa parceria incluem a partilha de conhecimento, o acesso a recursos tecnológicos avançados e a oportunidade de influenciar padrões a nível europeu.

Estamos sempre atentos a novas parcerias estratégicas que permitam fortalecer a afirmação da NAV Portugal no cenário internacional, de modo a garantir a continuidade do negócio.

A entidade investe em variadas formações para agrupar o melhor grupo de trabalhadores para as funções necessárias, e no final do ano passado, finalizou-se mais uma formação, acordada entre a NAV Portugal e a ENNA (ANSP de Angola). Quão significativas são estas ações de formação entre associações do mesmo ramo, contudo de localizações e até países diferentes?

O nosso conhecimento e a nossa capacidade instalada permitem ministrar ações de formação a outros prestadores de serviços de navegação aérea, oriundos de outras geografias. A formação entre a NAV Portugal e a ENNA insere-se nesse contexto e no âmbito do nosso compromisso em colaborar com os países de língua portuguesa, nomeadamente através do fórum que apelidamos de jornadas do atlântico.

A NAV Portugal dispõe de uma academia, o nosso centro de formação, com um conjunto de recursos, humanos e tecnológicos, que permitem formar os nossos quadros, os controladores de tráfego aéreo, os técnicos de telecomunicações aeronáuticas, ou os técnicos de informação e comunicações aeronáuticas, além de outras formações mais genéricas que oferecemos às pessoas que integram as nossas áreas mais corporativas.

Acreditamos que o intercâmbio de conhecimentos e a partilha de boas práticas, entre organizações de diferentes países com  um negócio como denominador comum, contribuem para a padronização e melhoria do setor como um todo.

A NAV Portugal tem investido significativamente em pesquisa e desenvolvimento, implementando soluções inovadoras que melhoram constantemente a eficiência do controlo de tráfego aéreo, como é exemplo o novo sistema TOPSKY. A inovação e a introdução de tecnologias de ponta são cruciais para a segurança e para a eficiência operacional e ambiental?

Sem dúvida. A indústria da aviação sempre se caracterizou por ser uma indústria de ponta, onde a inovação e a tecnologia foram sempre pilares fundamentais do desenvolvimento do negócio. Toda a nossa atividade está ancorada em sistemas e equipamentos que robustecem a segurança da operação e permitem ganhos de eficiência operacional, além de garantirem maior sustentabilidade com o foco na menorização dos impactos ambientais decorrentes da atividade da aviação.

 

Radar de Fóia

 

 

Foi nomeado Presidente da NAV Portugal em dezembro de 2023, após quase quatro anos como vogal no Conselho de Administração. Qual é a nova visão que pretende implementar no desenvolvimento das suas funções?  Qual a estratégia desenhada para que a NAV Portugal continue a antecipar os desafios futuros e liderar a evolução contínua da navegação aérea?

É verdade, embora já tenha vindo a assumir esta função interinamente desde dezembro de 2022.

Desde o início deste mandato que traçámos uma rota de transformação na empresa. Temos o nosso código de valores do qual não abdicamos: segurança em tudo o que fazemos; inovação constante através da introdução de novas tecnologias, novas ferramentas, novos processos e métodos de trabalho; e sustentabilidade, desempenhando um papel decisivo para a sociedade, contribuindo com as melhores práticas ambientais, oferecendo condições para a realização profissional dos nossos trabalhadores e adotando uma política de governance responsável, participada e transparente.

O nosso “plano de voo” para este mandato está perfeitamente delineado : queremos melhorar a nossa performance, oferecendo maior capacidade à crescente demanda dos utilizadores do nosso espaço aéreo e contribuindo para a redução dos atrasos na rede; queremos renovar a cultura da empresa, com a perspetiva de a tornar mais ágil, eficiente e digital mediante a valorização de novas competências, com a criação de novas áreas e captando o talento de recursos disponíveis e das novas gerações; queremos ser mais atrativos e adotar as melhores práticas empresariais para que sejamos reconhecidos pelas pessoas como uma empresa onde todos gostassem de trabalhar.

Queremos, em suma, garantir o futuro e a perenidade da empresa. Queremos continuar a ser uma referência no mundo da aviação civil e entre os prestadores de serviços de navegação aérea.

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