“Pretendemos continuar a ser um motor de transformação digital”

Estivemos à conversa com Nuno Marques, co-CEO da Wavecom. O empresário falou-nos das soluções verdadeiramente inovadoras e sustentáveis da empresa e revelou alguns dos planos para o futuro.

 

Em 2022, a Wavecom atingiu um volume de negócios de 9.3 milhões de euros, tendo sido o melhor ano de sempre, com um crescimento de 78%. No seu ponto de vista, quais os principais fatores que motivaram este crescimento? O que o crescimento significa para a empresa e para a equipa?

O principal fator que contribuiu para este crescimento foi, sem dúvida, o elevado número de grandes projetos que a Wavecom realizou, nomeadamente, na área do Wi-Fi, que é, no fundo, o nosso core business, assim como na área de IoT (Internet of Things), que representa a nossa grande aposta, nos últimos anos, através da integração noutros sistemas, mas também com a criação de produto próprio. Neste momento, a Wavecom tem alguns produtos próprios e vários estão ligados ao sector de IoT. Estes projetos, em conjunto com a área mais “tradicional” do Wi-Fi e Networking, permitiram-nos chegar a estes resultados. No entanto, se escolhesse apenas uma razão para o crescimento, seria, de facto, os grandes projetos endereçados em 2022.

Este crescimento teve, naturalmente, um enorme significado para todos nós. Saímos de uma fase de pandemia, que nos frustrou a todos e prejudicou vários negócios, em muitas áreas. Penso que a expectativa de muitas empresas para 2020 era alta, depois de um bom ano de 2019, e acabámos por viver uma situação complicada e inesperada. Em 2021, a Wavecom recuperou um pouco, voltando aos valores de vendas de 2019, e 2022 foi já um ano muito positivo e de crescimento, em termos de vendas, o que foi muito gratificante para a nossa equipa comercial, porque sentiram que o seu trabalho teve retorno. Para a equipa operacional também foi muito bom, porque os resultados não se refletem só em vendas, mas também nos projetos efetuados, e este foi o ano em que a Wavecom implementou mais projetos.

A empresa já realizou vários projetos, em diversas partes do mundo, e tem mais de duas mil ligações em quatro continentes. Para isso, conta com uma equipa altamente especializada em várias tecnologias ICT. A aposta constante na formação é crucial? Que outras estratégias utilizam para se manterem sempre atualizados e na vanguarda?

Eu diria que, na área tecnológica, não há outra hipótese, se não evoluir. Este é um mercado “agressivo”, no sentido em que o know-how e a busca constante por soluções mais eficazes para problemas, acabam por nos conduzir para a necessidade de estarmos sempre atualizados e termos formações constantes. Os engenheiros da Wavecom estão sempre à procura de novo conhecimento e tentam manter-se informados acerca da inovação, para além de fazerem as formações ditas “tradicionais”. Na nossa área de atividade, não há outra forma de “sobreviver”.

Simultaneamente, apostamos fortemente na Investigação e Desenvolvimento e cerca de 30% da força de trabalho da Wavecom é dedicada a isto. Tal como o nome indica, este processo obriga a que os profissionais estejam sempre a estudar novas formas de resolver problemas. Também nos candidatamos a programas nacionais e europeus, que visam a promoção da Investigação e do Desenvolvimento, e estamos, muitas vezes, ligados a consórcios internacionais, para a criação de novos produtos. Temos ainda uma série de regras e procedimentos que promovem a inovação e as novas ideias. Esta é a forma que a empresa encontra para se manter atualizada.

Sendo especialistas em sistemas wireless, em Portugal, atuando nas áreas de Wi-Fi, IoT e na infraestrutura de Tecnologias de Informação das organizações, de que forma se assumem como motor da transformação digital?

Somos, muitas vezes, os interlocutores tecnológicos das empresas, ou seja, estas procuram-nos para um determinado serviço, como a cobertura Wi-Fi, por exemplo, mas depois acabamos por ser consultores dessa entidade, para a sua transformação digital.

Num exemplo concreto, recentemente, lançámos um estudo em que colocámos sensores IoT em contadores de água, nomeadamente, nos concelhos de Macedo de Cavaleiros e Beja. Isto permitiu-nos ter leituras horárias desses contadores. Como sabemos, os contadores de água estão ligados à eletricidade e são autónomos. Através da nossa tecnologia, os consumidores podem ver numa app o seu consumo horário e perceber quanta água gastaram nas tarefas diárias, como o banho ou a rega do jardim. É em situações como esta que somos um motor da transformação digital.

Que mais-valias é que projetos pioneiros como este, no âmbito da sustentabilidade ambiental, podem trazer para as regiões onde se inserem?

Este tipo de projetos, a propósito da sustentabilidade ambiental e da gestão da água, um recurso vital para todos, são de elevada importância. Para além de conseguirmos fazer a contagem do consumo de água, permitem-nos saber se existe alguma fuga na rede de distribuição e se há água a ser desperdiçada e esta deteção pode ser feita de hora a hora. Nos contadores normais, quando há fugas na rede, estas podem durar meses ou anos, o que provoca o desperdício de milhares de litros de água e cria um problema de gestão deste recurso.

A média de desperdício de água nos municípios portugueses é de 30%, traduzindo-se em milhões de metros cúbicos de água desperdiçados. Desta forma, conseguimos baixar o nível de fugas para cerca de 10%, o que é extremamente útil e relevante.

Depois de um ano cheio, marcado pelo regresso do Wireless Meeting, pela inauguração do novo edifício-sede, em Aveiro, e pelos melhores resultados de sempre, qual o balanço que faz do percurso da empresa? E que objetivos e projetos pretendem concretizar, a curto/médio prazo?

A empresa tem tido um crescimento gradual, mas sinto que crescemos, ainda mais, a partir do momento em que nos mudámos para as novas instalações e em que expomos ao mercado aquilo que temos feito, nos últimos anos, como foi o caso do Wireless Meeting. Juntando os nossos resultados, a inauguração do edifício e o Wireless Meeting, posso dizer que 2022 foi um ano fantástico para a empresa. 

No futuro, pretendemos continuar a ser um motor de transformação digital, nomeadamente, no sector da água, no qual achamos que a solução que apresentamos ao mercado tem muito valor e relevância e faz falta neste contexto. Tudo isto, dentro da camada tecnológica de IoT, em que estamos a trabalhar com cidades, transformando-as em Smart Cities, como o exemplo da gestão das águas nos municípios. Também podemos usar esta tecnologia para calcular o enchimento de caixotes do lixo, otimizando a recolha do mesmo. Uma vez que podemos ter acesso ao grau de enchimento dos caixotes, podemos adaptar as rotas das entidades que tratam da recolha dos resíduos.

Estes exemplos provam que a questão da Internet das Coisas é um caminho que vamos continuar a percorrer, assim como a área do Wi-Fi, Networking e Segurança, que irá continuar a fazer parte dos nossos planos, por ser essencial.

Temos também uma delegação em Espanha, cujo crescimento tem sido elevado, e será uma grande aposta, em termos de internacionalização da Wavecom, como empresa ibérica. Queremos aumentar a nossa “relevância” neste país vizinho. A nível da fabricação de produtos próprios da empresa, que são vendidos e comercializados, queremos expandir para toda a Europa, mais numa vertente de exportação.

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