Pedro dos Leitões: Primeiro restaurante do mundo a vender leitão assado à Bairrada
Mealhada é sinónimo de leitão e leitão é sinónimo de Pedro dos Leitões. A Revista Business Portugal visitou o restaurante que já conta com 78 anos de existência e que atualmente é gerido por Sandra, Pedro e Filipe Castela, netos do fundador e impulsionador do Pedro dos Leitões, o primeiro restaurante do mundo a vender leitão assado à Bairrada.
Álvaro Pedro, o ‘Pedro dos Leitões’
A génese desta casa é Álvaro Pedro, nascido em 1903 no lugar de Alpalhão, que com apenas 17 anos partiu para o Brasil a fim de trabalhar como chefe de um carro de jantar num comboio que liga o Brasil à Argentina e que, quando regressou a Portugal aperfeiçoou a sua formação e em 1941 abriu o primeiro estabelecimento, onde comercializava sandes de leitão e que, como conta Filipe Castela, seu neto, “tudo começou numa casa pequenina, onde é atualmente o parque de estacionamento do nosso restaurante. O meu avô alugou uma casa que era uma mercearia com meia dúzia de mesas e era onde servia o leitão”. Álvaro Pedro inaugurou as novas instalações do restaurante em 1948, no mesmo local onde hoje está localizado e cuja fachada do edifício se mantém fiel desde então assim como toda a envolvência clássica e elegante do seu interior e das salas de refeição que são a imagem de marca do restaurante para os clientes que o visitam.
Foi pelas mãos de Álvaro Pedro que tudo começou e desde então que uma das preocupações atuais é manter viva a memória do seu fundador e manter-se fiel não só aos fornecedores com quem trabalham desde essa altura como também ao modo de confeção e corte do tão típico leitão assado à Bairrada, legado deixado por Álvaro Pedro.
A arte de um serviço com elegância e qualidade
Como Sandra e Filipe explicam “Mealhada é sinónimo de leitão e como tal os nossos clientes procuram o Pedro dos Leitões nesse sentido”. Segundo os mesmos, é essencial garantir a qualidade do leitão desde a sua produção e como tal mantêm-se fiéis ao mesmo fornecedor que já trabalhava com o seu avô, em quem confiam e que lhes garante “o produto que nós queremos. Um leitão de qualidade, com o máximo de cinco semanas de criação, que não seja um animal gordo e que depois de assado não ultrapasse os quatro a cinco quilos”. Além de um leitão de excelência afirmam ser importante garantir também pimentas de qualidade, que conjugadas com o sal, o alho e a banha, resultam num molho de leitão apreciado pelos clientes que os visitam.
A apresentação do leitão à mesa é algo que diferencia o Pedro dos Leitões dos demais restaurantes da região bairradina e essa característica começa no corte do leitão. Como explica Filipe Castela “somos os únicos que cortam o leitão sem lhe tocar com as mãos; cortamos com uma pinça e uma tesoura diferente de todas as outras, também. A maior parte dos restaurantes usa uma tesoura de poda, a nossa é uma tesoura de trinchar carne que vem diretamente do Brasil. Só usamos essas tesouras e aliamos a uma pinça, que por acaso é da construção de um primo nosso, que usamos na mão esquerda e que nos auxilia no corte. Não tocamos com a mão no leitão nem mesmo a fazer sandes”. O próprio corte do leitão é diferente e é uma tradição que preservam do tempo do seu avô “o nosso corte para a mesa é diferente do corte dos outros, é um corte maior. Nós cortamos a costela desde a espinha até à barriga, inteira, precisamente para dar a conhecer ao nosso cliente o verdadeiro tamanho do nosso leitão. O nosso corte sempre foi assim desde o tempo do meu avô e é algo que nos diferencia e que queremos manter”.
Sandra e Filipe Castela asseguram que o Pedro dos Leitões é procurado em todas as alturas do ano sendo as épocas festivas os momentos mais fortes e nos quais recebem mais clientes. Com uma capacidade para cerca de 430 pessoas, é um restaurante que à semana é essencialmente um “restaurante de negócios, de pessoas que estão de viagem” e consideram que a procura por parte de turistas – em particular brasileiros e americanos – cresceu bastante nos últimos tempos. A ligação ao Brasil é mantida desde a época em que Álvaro Pedro lá trabalhou e atualmente “muitos dos clientes brasileiros que nos visitam, quando voltam para o Brasil, recomendam a amigos que venham provar o nosso leitão”, como referem. O Pedro dos Leitões está até incluído em vários roteiros turísticos de agências de viagens do Brasil e é portanto uma referência além-fronteiras.
“É preciso vir cá e provar” como assinala Sandra. Não só o leitão mas sim a conjugação das 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada – água, pão, vinho (e leitão), que estão presentes na mesa desta casa diariamente e que fazem as delícias de quem os visita. O futuro avizinha-se risonho numa casa que prima pela sua identidade, pela história do seu fundador e que se mantem fiel ao modo de confeção do típico leitão da Bairrada. Para acompanhar a refeição, o Pedro dos Leitões oferece uma lista de vinhos com cerca de 1.500 exemplares à escolha do cliente, incluindo o tão tradicional espumante. Fechamos com a chave de ouro, pelas palavras de Filipe Castela que garante não poder dizer se são ou não os melhores, deixando isso para os seus clientes apreciarem mas afirmando que “O Pedro dos Leitões foi o primeiro a comercializar leitão e os outros serão todos uma réplica perante o Pedro dos Leitões.”