Padaria Dias: “O melhor pão natural de Portugal”

Sediada na Zona Industrial do Tortosendo, a Padaria Dias está presente no mercado há 35 anos. Distingue-se por ser uma empresa familiar onde impera a qualidade. António Dias (fundador), José Carlos Santos, Fernando Santos (gerentes) e Mariana Santos (engenheira alimentar) conversaram com a Revista Business Portugal sobre a paixão que está por detrás de uma casa de sucesso.

A história da Padaria Dias remota ao ano de 1984, mas antes há um longo percurso do fundador que o levou a criar o atual negócio. Natural de São Vicente da Beira, António Dias começou a trabalhar, em várias áreas de atividade, na cidade que o viu crescer. Aos 18 anos decidiu partir em busca de novos desafios e foi para a Covilhã onde treinou o Sporting da Covilhã. De seguida, teve dois meses a trabalhar numa pastelaria e, posteriormente, trabalhou na padaria Tavares e Matias durante dois anos. “No fim desses dois anos fui a São Pedro de Sintra a uma formação paga pelo Estado e quando vim de lá fui para a melhor padaria do distrito como encarregado de fabrico. Era o mais novo, tinha 23 anos, e tomei conta daquela casa durante 23 anos. Tornaram-se numa grande família. O meu recorde nessa casa, num dia de trabalho, foram 85 sacas amassadas de 55 quilos”, acrescenta António. Com a ajuda dos dois filhos, José Carlos e Fernando, decidiu abrir o seu próprio negócio que ficou formalizado no dia 1 de outubro de 1984. Mais tarde entrou na gerência Alexandra Santos, filha de António.
Desde a data da fundação, os gerentes asseguram que o crescimento tem sido sempre contínuo, fruto do trabalho de toda a família e restante equipa.

Uma panóplia de produtos
A Padaria Dias oferece uma vasta gama de produtos que estão presentes numa típica padaria e pastelaria e vão desde todo o tipo de pão, pastéis, bolos de aniversário, salgados e até mesmo pizzas. Porém, realçam que “o nosso nome refere bem a nossa atividade. O nosso melhor e maior produto é sempre o pão”.
Por outro lado, é de sublinhar que atualmente são uma das únicas casas que têm pães de referência e que possuem massas madre de cultivo. “Isto é algo novo no nosso país e ainda vai dar muito que falar”, salientando que “estamos na liderança neste tipo de massas, porque os produtos de massa madre de cultivo são uma novidade em Portugal”. Não foi por acaso que este ano foram premiados com uma medalha de ouro na Feira Nacional da Agricultura, em Santarém, com a presença do pão de centeio feito com essa massa e arrecadaram duas medalhas de prata com a apresentação da broa de milho e do pão de massa mãe.

Massa madre de cultivo – o que é?
José Carlos começa por nos explicar que a massa madre “é um agente da panificação que tem o papel do fermento e substitui os aditivos que atualmente são utilizados pelas outras padarias”. Mas aqui o mais importante é referir que “nada se faz sem tempo”.
Na massa está patente a farinha, água, sal e mais alguns elementos que fazem a diferença e são o segredo do sucesso. “Aqui não existe fermento, daí afirmar que só com muito tempo é que se consegue fazer pães de excelência”.
Tal como o próprio nome indica, massa madre de cultivo significa que tem de ser alimentada, pesada e medida pelo ser humano todos os dias. Não há margem para erro. “Uma das nossas massas madre chama-se Leonor – é um nome que nos diz algo e foi o dia em que nasceu a minha neta”, recorda José Carlos Santos.
Este tipo de massa apresenta características que têm de ser analisadas e investigadas, uma vez que têm o verdadeiro poder de substituir certos produtos que podem estragar o pão.

Presença em vários concursos
Para além das três medalhas arrecadadas em Santarém, a Padaria Dias é participante assídua no concurso “O melhor pão natural de Portugal”. José Carlos Santos recorda que “quando fomos a primeira vez ao concurso fiz 11 receitas para concorrer e foi selecionada uma. Fomos à final a Sintra com oito padarias e ganhamos. Foi tão bom para nós, porque veio o reconhecimento”. Em 2018 voltaram a participar com 25 receitas das quais duas foram à final. Com seis adversários conseguiram ficar em primeiro e em terceiro lugar. 2019 não é exceção e por isso enviaram 30 receitas. As expectativas são boas e acreditam que o Pão Vicentino – uma novidade – será um dos favoritos a ganhar o concurso este ano.
No que toca aos doces, participaram no “Melhor bolo rei de Portugal” que vai na 8ª edição. Desde a primeira edição que os gerentes vão aperfeiçoando o bolo rei que levam a concurso. As medalhas surgiram passado seis/sete participações. Foram galardoados com medalha de ouro no bolo rainha e o bolo rei escangalhado mereceu o terceiro lugar.
A nível regional, venceram o concurso do bolo rei no Fundão em 2017 e em 2018 o bolo rainha. Mas se acha que os prémios ficam por aqui desengane-se. As cavacas são um doce regional típico da região e não poderiam deixar de estar presentes no concurso da RTP – “7 maravilhas doces de Portugal”. Se inicialmente eram mais de 900 participantes, neste momento são 140 onde estão incluídas as cavacas na categoria de bolos secos.

Onde podem ser adquiridos os produtos?
Para quem quiser experimentar todas as iguarias fabricadas na Padaria Dias, pode deslocar-se à casa mãe situada em Tortosendo (Covilhã) e também no novo espaço que se localiza no centro da Covilhã. Podem também encontrar todos os produtos no restante concelho da Covilhã, no concelho do Fundão e em Belmonte. “A nossa área não é muito grande, mas para trabalharmos com qualidade não podemos estar em todo lado, até porque a falta de mão de obra qualificada no nosso ramo é uma dificuldade. Temos de formar os nossos 30 trabalhadores e somos uma escola para eles”, assinalam.

35 anos de histórias
Com a presença da terceira geração na empresa, os gerentes realçam que tudo o que conquistaram até aos dias de hoje é fruto de muito trabalho. “Não tínhamos horas para terminar o trabalho. Se fosse preciso eram cerca de 14/15 horas por dia”.
Sempre com foco na qualidade aos longo destes 35 anos acreditam que o trabalho de toda a equipa é essencial, porque “complementam-se, quer seja no fabrico, na parte técnica e até mesmo na contabilidade”.
Premiados como PME Excelência 2018 confidenciam que como têm um estatuto maior, todo o cuidado com os produtos deve ser redobrado. “Temos de manter aquilo que fazemos, mas também temos ainda mais rigor no controlo de todos os produtos. É uma responsabilidade acrescida”. Para que nada falhe dispõem da certificação HACCP, na qual têm vindo a apostar cada vez mais para fazerem “a rastreabilidade dos produtos desde a origem até à parte final”.

Futuro promissor
Para toda a estrutura familiar, futuro é sinónimo de inovação, procura e desenvolvimento de novos produtos, mas também de melhorar sempre a qualidade. “É tudo isto que está na base do nosso sucesso”. Afirmam que a grande diferenciação da casa prende-se com um serviço eficaz durante qualquer altura do ano, quer seja Natal, Ano Novo ou Páscoa. Assumem a responsabilidade de fornecer as escolas e todas as unidades hoteleiras que nas épocas festivas estão lotadas.
Os nossos entrevistados não terminam a conversa sem antes referir que a qualidade dos produtos é reconhecida pelos clientes além-fronteiras e é nesse sentido que vão continuar a trabalhar para oferecer um produto de excelência.

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