Os Desafios das Universidades

Fontainhas Fernandes - presidente da CRUP

Num tempo marcado pela rápida mudança, imprevisibilidade e globalização do conhecimento e da informação, antecipar o Futuro das Universidades exige a interpretação dos principais desafios societais com que se confrontam.

A história comprova que a educação e o conhecimento são um bem essencial para o progresso da sociedade. Nos últimos séculos, assistimos a sucessivas revoluções, em ciclos com um espaçamento temporal cada vez menor, desde a revolução industrial da energia a vapor, passando pela da eletricidade, até à da automação baseada na eletrónica e nas tecnologias de informação e comunicação.

Mais recentemente, vivemos a convergência das tecnologias digitais, físicas e biológicas, a quarta revolução industrial, que se prevê ser disruptiva e provocar mudanças sensíveis na sociedade, nomeadamente nos conceitos de trabalho e de emprego. Este desafio soma-se a outras questões societais decisivas à escala planetária, caso da sustentabilidade ambiental e da economia circular, as alterações climáticas, as pandemias, a inovação social, entre outras.

É neste contexto de mudança e de incerteza, que deve ser encarada a centralidade da Universidade, enquanto protagonista da economia do conhecimento, da inovação e agente promotor da cultura. Projetar o Futuro das Universidades é um exercício complexo que implica um posicionamento estratégico claro e bem definido, de forma a explorar as alternativas de ação que garantam a sua renovação e adaptação a novas coordenadas envolventes. As instituições para sobreviverem têm de ser competitivas, mediante o aumento da produtividade e eficiência no aproveitamento dos recursos.

As questões do ensino, da investigação e da valorização do conhecimento devem pressupor metodologias sistémicas e transdisciplinares, que valorizem os recursos materiais e imateriais do território e, em tudo o que fazem, as universidades devem pensar Global na resolução do Local. Indubitavelmente, a competição pela captação de estudantes e recursos humanos qualificados, de financiamento para a ciência e os desequilíbrios da rede pública, exigem a sua inserção em redes colaborativas de geometria variável, pois permitem uma “gestão por projetos e objetivos” sem colocar em causa a identidade e cultura de cada instituição.

Por sua vez, a transformação digital, caso da IoT (internet of things), da inteligência artificial e da robotização, a par de outras aceleradas mudanças tecnológicas, apelam a um novo perfil de graduado universitário, a uma permanente procura de novas competências, à educação ao longo da vida. Neste âmbito ganham relevo novos formatos de formação contínua, entre os quais se destaca o ensino a distância recorrendo a modernas plataformas e a ferramentas tecnológicas

O Futuro das universidades exige também um reforço da investigação, enquanto fator estruturante de um ensino e de uma interação com a sociedade diferenciados, o aprofundamento das dinâmicas de internacionalização e a interação com o mundo económico, social e cultural. Acresce ainda a abertura à sociedade e ao mundo, bem como uma universidade mais comprometida com a coesão e a valorização do território.

O Futuro convoca a que as instituições mantenham uma dinâmica proactiva, coesa e plural, bem como o compromisso firme de envolvimento no pensar e no agir, de forma a aumentar a visibilidade e o papel da universidade portuguesa no Futuro do país.

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