Futuro escreve-se com conhecimento

José Carlos Caldeira - presidenta Associação Nacional de Inovação

Na sua mais recente passagem por Lisboa, o comissário europeu Carlos Moedas, responsável pelas áreas da Investigação, Ciência e Inovação, anunciou o Prémio Horizonte em Inovação Social. Distinguirá, com dois milhões de euros, projetos que contribuam para a melhoria da mobilidade dos idosos.

José Carlos Caldeira – Presidente da ANI – Agência Nacional de Inovação

A competitividade de um país ou região já não passa apenas pelos clássicos indicadores económicos. Desafios societais como o envelhecimento ativo, a segurança alimentar, a sustentabilidade energética ou as alterações climáticas, obrigam as sociedades a redefinir os seus conceitos de competitividade e a desenvolver políticas inovadoras. E como é que se ganha este futuro? Com uma política de inovação centrada na resolução de problemas concretos das pessoas e das empresas e alinhada com as prioridades sociais e económicas do país.

O desenvolvimento, reconhecimento, internacionalização e impacto da inovação que se faz em Portugal pode ter maior alcance se houver uma atuação articulada em cinco áreas: Governance, Estrutura Produtiva, Colaboração, Financiamento e Promoção da Inovação. Nestas áreas torna-se importante uma “aliança” solidária entre investimentos privados e públicos para garantir uma gestão eficaz de recursos humanos e financeiros, uma maior qualidade na gestão dos agentes do sistema e uma maior projeção externa da inovação portuguesa.

Na área do Governance é importante definir e estabilizar áreas estratégicas de desenvolvimento e projetos estruturantes, em termos de I&D e de Inovação, que promovam a competitividade do país a médio e longo-prazo, clarificar a missão, objetivos e instrumentos de atuação dos diferentes atores do sistema de inovação e procurar maior eficiência na coordenação e na implementação dos diversos instrumentos públicos de apoio à inovação e à competitividade.

Na Estrutura Produtiva há que estimular uma maior incorporação de valor na produção e na exportação dos nossos bens e serviços. Por exemplo, promover o aparecimento de mais empresas intensivas em tecnologia e conhecimento e, quando possível, incentivar o desenvolvimento de sinergias com os setores mais tradicionais, levar os benefícios da economia digital e da “Indústria 4.0” às PME e aos setores tecnologicamente menos intensivos, incentivar um maior acesso das nossas PME às redes globais de fornecimento e a fases mais avançadas da cadeia de valor e aprofundar os instrumentos de compras públicas para estimular a inovação empresarial, incluindo a inovação sustentável e com responsabilidade social.

Quanto à Colaboração deve-se incentivar cada vez mais a ligação entre os atores do sistema nacional de inovação, nomeadamente através do desenvolvimento e dinamização da rede de instituições interface, da política de clusters e do apoio a projetos de I&D colaborativos, nomeadamente os mobilizadores e demonstradores. Também é essencial estimular práticas de inovação aberta, o que implica que as organizações passem da simples lógica da proteção da propriedade intelectual (PI) para a gestão estratégica PI, valorizando e criando valor sobre os ativos imateriais das organizações (através de acordos de licenciamentos, venda/compra de PI, criação de spin-offs, etc.).

Promover um melhor conhecimento e compreensão dos diversos instrumentos disponíveis para financiar os investimentos em Inovação (financeiros e fiscais, nacionais e internacionais) e agilizar a sua utilização integrada, facilitar e estimular o acesso das empresas, em especial das PME, aos mercados de capitais, nomeadamente nas diversas tipologias de capital de risco, são aspetos fundamentais na área do Financiamento.

Já na Promoção da Inovação, Portugal beneficiaria de aproveitar melhor, do ponto de vista económico e social, os resultados da investigação e do conhecimento produzido nas instituições de Ensino Superior e de I&D, de utilizar a política de inovação para dar resposta aos grandes desafios societais que o País enfrentará para as próximas décadas e de desenvolver uma estratégia integrada de promoção externa da capacidade nacional de inovação, uma “diplomacia” para a inovação.

Fontes:

http://www.pordata.pt/Portugal/Indicadores+de+envelhecimento-526

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