O fascinante mundo da mediação imobiliária

Carla Pinheiro, Consultora Imobiliária, em entrevista, garante que as mulheres, para além de mães e donas de casa, são perfeitamente capazes de construir uma carreira de sucesso.

 

Carla Pinheiro, Consultora Imobiliária

Explane o seu percurso profissional. O que a apaixona no ramo imobiliário?

Iniciei a minha atividade profissional enquanto rececionista de hotel durante, sensivelmente, 11 anos. Esta profissão implica uma carga horária elevada e, nesse sentido, eu acabava por não ter muito tempo para a família. Tal situação fez com que eu me despedisse. Entretanto, entrei para uma empresa de assessoria financeira, onde trabalhava mais diretamente com agências imobiliárias, mas esta, mais tarde, acabou por fechar. Nessa altura, tinha uma colega que estava a iniciar um franchising imobiliário e convidou-me. Embora eu achasse que não tinha jeito para esta profissão, aceitei o desafio.

Relativamente ao que me apaixona nesta área, eu penso que é o facto de saber que posso ajudar a mudar a vida de alguém. Trata-se de um mundo fascinante, no qual me fui envolvendo cada vez mais.

 

Fundou a sua própria empresa em 2018. O que a levou a dar este passo? Que serviços disponibiliza aos clientes?

Nesta área, há momentos em que fazemos vendas e outros em que não. É um caminho complicado que tem que ser feito com muita cautela. Em 2018, pensei, sinceramente, em desistir, mas algumas pessoas aconselharam-me a continuar e, inclusive, a abrir o meu próprio negócio. Nesse interregno, um cliente que me acompanha há alguns anos, abordou-me porque tinha imóveis para colocar à venda e eu, apesar de alguma hesitação numa fase inicial, aceitei e abri um escritório com nome próprio, disponibilizando serviços de angariação e venda. O facto de ser uma Agência pequena, obriga-me a trabalhar todos os passos de angariação e/ou venda permitindo-me mediar o negócio da forma mais vantajosa possível para as duas partes, quem vende e quem compra.

 

Do seu ponto de vista, este é um negócio “de e para pessoas”? Nesse sentido, cada cliente é tratado de forma única e personalizada?

Sem dúvida. Aliás, para mim, não existem dois clientes iguais. Costumo dizer que vivo muito as suas dores e angústias que, nalgumas situações, acabam quase por ser as minhas também. Quando me procuram, eu pergunto se querem mesmo vender ou comprar o imóvel e se a resposta for afirmativa, respondo, imediatamente, que juntos, vamos conseguir.

 

Qual é a sua opinião relativamente à paridade de direitos em Portugal? Acredita que as mulheres possuem características que podem ser preponderantes para a liderança das empresas?

Acredito que as mulheres têm qualidades que, muitas vezes, não são valorizadas. Temos uma capacidade de liderança e uma forma de pensar e de estar que nos devia permitir ir mais além (do que os homens até). Porém, infelizmente, não somos ouvidas da mesma forma.

Ainda hoje é muito difícil para os homens aceitarem ordens das mulheres, o que faz com que as empresas não consigam evoluir. Já me perguntaram imensas vezes se eu trabalhava sozinha, se não tinha colegas que me ajudassem… acho que continua a fazer muita confusão às pessoas verem uma mulher à frente de uma empresa e com capacidade para fazer tudo aquilo que um homem, normalmente, faz.

Por outro lado, neste momento, as mulheres já não são tão criticadas por socializar com os homens ou irem, por exemplo, almoçar com um cliente, o que demonstra que estamos a quebrar barreiras antigas e a ir num excelente caminho. Nós não somos nem mais, nem menos que os homens. Somos apenas iguais. E são vários os exemplos de mulheres com carreiras brilhantes que comprovam que somos muito mais do que mães e donas de casa.

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