“Muita oferta cultural e ruas carregadas de história”

A Presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, deu-nos a conhecer a vasta oferta cultural do concelho, bem como as atividades que os visitantes podem experimentar.

Helena Barril, Presidente

Apresente-nos o município de Miranda do Douro em termos territoriais e populacionais. Para quem vos visita, quais são os pontos de passagem obrigatórios?

O Concelho de Miranda do Douro conta com uma área total de 484,08 km2 e uma população de 6463 Habitantes.

Miranda do Douro é a sede de concelho, sendo uma cidade antiga com um centro histórico repleto de edifícios magníficos, dos quais destaco o da própria Câmara Municipal, o Museu da Terra de Miranda (atualmente em obras), a Concatedral de Miranda, o nosso Castelo, os Torreões e toda a zona muralhada que envolve este que é o coração da cidade. Ainda no centro histórico, temos a Rua da Costanilha, uma rua ainda da época medieval.

Miranda é uma cidade aberta, com luz e o azul do céu brinda-nos com um tom especial. Somos um concelho com uma ampla oferta em termos culturais. Temos ruas carregadas de história, os nossos velhos que vão perpetuando a nossa “Lhengua Mirandesa” que, para quem não sabe, é a segunda língua oficial em Portugal, temos os nossos Pauliteiros de Miranda, a capa de Honras Mirandesa e tantas outras coisas…quem não conhece a nossa Posta à Mirandesa?

Quando falamos de Miranda do Douro associamos, de imediato, aos Pauliteiros de Miranda e, ao nível da gastronomia, à Posta Mirandesa. Mencione outros pontos fortes da região.

Os restaurantes são pontos de paragem obrigatória, que nos brindam com repastos à volta dos nossos produtos endógenos e raças autóctones.

Se chegar a Miranda via IC5, terá o prazer de percorrer um pouco da EN221, onde, entre Vale de Mira e Miranda, poderá facilmente observar vacas mirandesas que pastam nos seus lameiros e contemplar uma série de pombais, alguns deles ainda muito bem preservados.

Mais a norte, se chegar pela EN218, obrigatoriamente passará na aldeia de Malhadas, onde poderá ter a sorte de ver de perto as ovelhas de Raça Churra Galega Mirandesa, sempre muito bem protegidas pelo nosso Cão de Gado Transmontano.

Estando grande parte do concelho abrangido pelo Parque Natural do Douro Internacional, vir a Miranda é ir ao encontro de uma área protegida, com paisagens magníficas, escarpas de cortar a respiração e percursos que nos levam a miradouros sublimes sobre o Rio Douro, onde podemos observar, na sua época, diferentes espécies de aves de rapina. Haverá melhor para desconectar da azafama da cidade, do que estar num parque de merendas, num trail ou num miradouro e observar, sentir e viver a fauna e flora, enquanto aproveitamos e degustamos algo? E porque não fazer um passeio de barco pelo Douro? Seria, certamente, um programa que, tanto miúdos, como graúdos iriam gostar! Trata-se de um percurso no Douro internacional, que nos transporta para um mundo de paz, calma interior e contacto direto com a natureza, enquanto podemos aprender um pouco mais sobre cada espécie que aqui habita.

Temos ainda uma outra raça autóctone que muita gente gosta, o Burro Mirandês. E quem nunca ouviu falar do Burro Mirandês? Caso queiram aprender um pouco mais sobre esta espécie, ou mesmo estar em contacto com eles, porque não programar uma visita à AEPGA, em Atenor, e tornar-se padrinho ou madrinha de um dos nossos Burros Mirandeses?

Visitar Sendim é, entre tantas outras coisas, ir ao encontro de duas artesãs que confecionam com mestria a Capa de Honras Mirandesa e outros artigos em burel, tão característicos de Miranda.

Vir a Miranda e não ver os Pauliteiros é impensável. Os Pauliteiros de Miranda são o símbolo local incontornável de Património Cultural imaterial de Miranda do Douro. Enquanto grupo de danças tradicionais, representam uma das principais atrações do nosso concelho, sendo que o trabalho desenvolvido pelos Grupos/Associações tem contribuído, de forma exemplar, para a divulgação do património, etnografia e cultura mirandesa, bem como o artesanato que lhe está associado. Assim, no último sábado de cada mês, são dançados “Lhaços” pelas ruas da cidade, para que todos aqueles que nos visitam possam desfrutar de um acolhimento salutar bem próprio do povo mirandês.

Aproxima-se a tão esperada Festa da Bola Doce. Conte-nos mais sobre este produto e explique de que forma é que este certame poderá ser importante para divulgar aquilo que de melhor se faz na região.

A Festa da Bola Doce é um evento municipal que decorre na semana da Páscoa, onde o doce tradicional desta época é a nossa tão típica Bola Doce Mirandesa. Um doce secular, que tem como base a massa do pão, enriquecida com ovos, manteiga e azeite. Após a massa lêveda, dispõe-se num tabuleiro em sete sublimes camadas, intercalando a massa com açúcar e canela. A última camada fecha as anteriores e polvilha-se com açúcar. Deixa-se levedar mais um pouco e leva-se ao forno, preferencialmente em forno de lenha, como acontece em grande parte das aldeias do nosso concelho.

A Feira da Bola Doce, agora também com a denominação “Feira da Bola Doce e dos Produtos da Terra”, é uma feira onde a Bola Doce é Rainha, no entanto, também terão destaque o pão, fumeiro, licores e vinhos, entre outros. O saber ancestral está garantido em todos os produtos característicos desta altura do ano, como é também o folar de carne, confecionado com o melhor fumeiro caseiro. Nesta Feira, quem nos visita, poderá assistir à apresentação de livros em Mirandês, diversas atuações de Pauliteiros, bem como concertos de Música Tradicional e Clássica. Nestes dias, pode ainda contactar com as nossas Raças Autóctones, tendo o município uma tenda própria para o efeito.

Poderá, ainda, juntar a família e amigos e descobrir a magnífica cidade de Miranda do Douro numa viagem mágica de comboio turístico elétrico dentro dos limites da cidade.

Presidente de Miranda do Douro desde 2021, quais os maiores desafios que tem enfrentado? O que a motiva diariamente é o facto de querer estar próxima dos cidadãos e melhorar a qualidade de vida dos mesmos?

Quando assumi a presidência da Câmara de Miranda do Douro, assumi o cargo de representante deste concelho, mas não abdiquei de ser uma pessoa próxima, acessível e sempre disponível.  As preocupações com a minha pessoa, são as mesmas que tinha antes de assumir este cargo.

No exercício diário das funções vou enfrentando problemas, uns mais difíceis que outros, vou gerindo pessoas, umas mais profissionais que outras, no entanto, o projeto está a andar, às vezes não ao ritmo que desejava, mas o trabalho vai fluindo.

No Executivo, trabalho com pessoas muito dedicadas, com uma entrega total. Somos uma equipa que quer deixar uma marca no território. De realçar também a grande mais-valia que têm sido os dois vereadores da oposição. Como qualquer autarquia em Portugal, estamos reféns de candidaturas e, por isso, os projetos demoram mais do que o desejado a ser concretizados.

Quando terminar o mandato, que objetivos espera ter concretizado? Como é que vê Miranda do Douro no futuro?

Quando chegar o tempo de olhar para trás, quero sentir que fiz tudo o que estava ao meu alcance para deixar este concelho melhor, diria até muito melhor, do que o encontrei. Sei que tudo poderá ser concretizável, tenho plena consciência dos tempos que vivemos, do efeito que o tempo teve no nosso território, de tudo o que temos para fazer, mas sentirei o orgulho de ter trabalhado por este que é o meu concelho e que a minha presidência estará sempre ligada aos mais nobres valores, às crenças nas nossas gentes, ao nosso povo resiliente, tão trabalhador, sério, dinâmico e sempre sorridente.

São esses os ensinamentos que tiro diariamente dos nossos cidadãos e os quais replico na minha presidência.

 

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