Miranda Sarmento Debate Desafios Económicos no ICPT
No dia 5 de maio, o International Club of Portugal realizou um almoço-debate no Sheraton Lisboa Hotel & Spa, com a participação especial do Ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, como orador convidado. O tema central do evento foi “Desafios económicos, financeiros e orçamentais de Portugal e da União Europeia”, oferecendo uma análise detalhada sobre o atual contexto económico tanto a nível nacional quanto europeu.
O ministro das Finanças afirmou que a economia portuguesa deveria estar a crescer perto dos 3%, com um nível de PIB potencial igualmente próximo dessa marca. Contudo, a queda do PIB no primeiro trimestre, em comparação com o trimestre anterior, não o surpreende, especialmente após o desempenho excepcional no quarto trimestre de 2024, quando Portugal registou o maior crescimento da União Europeia (UE). “A economia portuguesa deveria estar a crescer próxima dos 3%, com um nível de PIB potencial também próximo de 3%”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento, ministro de Estado e das Finanças, durante um almoço promovido pelo International Club of Portugal, em Lisboa.
Nos primeiros três meses de 2025, a economia portuguesa cresceu 1,6% em termos homólogos, mas contraiu-se 0,5% face ao trimestre anterior, conforme revelou a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada no passado dia 2 de maio.
O Governo tinha previsto no Orçamento do Estado para 2025 um crescimento de 2,1% para este ano, mas a AD, no seu cenário macroeconómico inscrito no programa eleitoral, antecipa um crescimento de 2,4% do PIB.
Em relação à queda do PIB no primeiro trimestre, o ministro das Finanças afirmou que “não nos deve, apesar de tudo, surpreender muito”. Miranda Sarmento explicou que, excluindo os primeiros trimestres de 2020 e 2022, durante os confinamentos e a pandemia da Covid-19, o crescimento do PIB no quarto trimestre de 2024 foi o mais elevado desde que Portugal entrou na zona euro, e agora a economia está a “estabilizar dentro da sua perspetiva de médio e longo prazo”.
Respondendo a uma pergunta do antigo ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral sobre as razões para a queda do PIB em cadeia, Miranda Sarmento sublinhou que os dados definitivos serão conhecidos no final do mês. Contudo, destacou que a procura interna no primeiro trime
stre teve um contributo nulo, o que, “apesar de tudo, não deixa de ser razoável face ao crescimento muito elevado que tinha ocorrido no quarto trimestre”.
O ministro mencionou também uma possível desaceleração no investimento em construção, observada pelo aumento nas compras de cimento, que subiram mais de 20% em novembro e dezembro de 2024.
Outros fatores que podem ter influenciado a queda do PIB incluem o abrandamento do consumo privado, o crescimento do investimento privado abaixo das expectativas e o aumento das importações, que, segundo o ministro, pode estar relacionado com uma antecipação do impacto das tarifas dos EUA.
A baixa produtividade foi destacada como o principal obstáculo ao crescimento económico, o que resulta em níveis de competitividade “bastante baixos”. Joaquim Miranda Sarmento, ao fazer um balanço de um ano de governação, frisou que o objetivo do Governo é “aumentar a produtividade e, com isso, fazer a economia portuguesa crescer mais e, com essa maior criação de riqueza, permitir salários mais elevados e mais receitas fiscais para uma carga fiscal mais baixa”.