Meu Mar: Manutenção da proa à popa

A Meumar nasceu em 2004, pela mão de M. Conde, um apaixonado pelos barcos, pela área náutica e pela navegação. O engenheiro naval, que fez carreira na Marinha de guerra e, mais tarde, comandou embarcações de pesca e de recreio, falou com a Revista Business Portugal nas instalações da empresa, nos estaleiros da Marina de Vilamoura e fez questão de realçar alguns dos problemas que existem no setor da náutica de recreio em Portugal.

A experiência de M. Conde na área náutica começa em 1979. Apaixonado pelo mar, por barcos e por navegação, o engenheiro naval fez carreira militar na Marinha de guerra, onde teve oportunidade de representar a NATO.
Quando decidiu retirar-se da vida militar, foi trabalhar para uma empresa já ligada ao setor da manutenção e reparação naval e, depois disso, por influência de alguns clientes e da própria situação que a empresa onde trabalhava atravessava, acabou por criar a Meumar.
Desde 27 de abril de 2004, M. Conde fornece todo o tipo de serviços de manutenção e reparação de embarcações, através dos estaleiros da marina de Vilamoura, onde está instalado.

Serviço profissional
A Meumar orgulha-se de ter na experiência do seu fundador a sua maior mais-valia, no que respeita à capacidade técnica e aos conhecimentos náuticos e de equipamentos: “Nós conseguimos trabalhar um barco da proa à popa, nas mais diversas especialidades – mecânica, hidráulica, eletrónica, eletricidade – e serviços exteriores, como as reparações na fibra de vidro, limpezas e pinturas: “Um barco circula essencialmente em água salgada, o que obriga a que lhe seja feita alguma reparação e manutenção, de seis em seis meses, para proteger as hélices do desgaste que a água do mar causa na embarcação. O problema é que a maioria dos proprietários das embarcações não tem conhecimento de mar, nem entende o suficiente de embarcações para saber qual a manutenção necessária e correta”.
Para M. Conde, o problema começa logo na aquisição da embarcação: “Por um lado, quem vende o barco não explica nada sobre ele. Está apenas interessado em fechar o negócio, e não avisa o novo proprietário da necessidade de fazer uma inspeção, para saber se está tudo em ordem, nomeadamente com o motor, as baterias e outros pontos-chave da embarcação”. Por outro lado, os próprios donos das embarcações não têm cultura de mar: “Cada vez sabem menos sobre noções de navegação, conhecem menos o próprio barco e não se preocupam em fazer uma manutenção adequada e constante. Fazem uso da embarcação durante pouco tempo, normalmente apenas no Verão, e é nessa altura que a Meumar é mais solicitada, porque todos querem uma avaliação ao estado da embarcação, uma eventual manutenção e, muitas vezes, a substituição de peças do barco”.
Um outro problema passa pela mão-de-obra especializada: “Cada vez é mais difícil encontrar quem saiba trabalhar e fazer uma manutenção de uma embarcação de forma correta. Aqui na Meumar já fomos 10 pessoas, neste momento somos seis, e eu tenho muita dificuldade para encontrar colaboradores especializados, quer nas áreas da mecânica, quer na área elétrica e eletrónica”. Para o fundador da empresa, o fim das escolas industriais e o desinteresse dos jovens pelos cursos técnicos e profissionais veio provocar uma falta de profissionais nas áreas de especialidade que se torna difícil de colmatar, mesmo pagando um salário acima da média nacional.

Os impostos excessivos para embarcações de recreio
“Os barcos são essencialmente um ‘brinquedo’ muito caro”, explica M. Conde, “e em Portugal não há uma filosofia de mar, um respeito pela área náutica como existe noutros países europeus. Isso é uma pena”. Na opinião do administrador da Meumar, enquanto embarcações de recreio e, por isso mesmo, não sendo um bem de aquisição fundamental, estes barcos, que podem ultrapassar facilmente um milhão de euros, têm sobre si uma carga de impostos excessiva: “Quem compra um barco em Portugal no valor de seis milhões de euros, paga um IVA de 23 por cento. A maioria das pessoas que compra um barco acaba por pagar o imposto, mas a carga fiscal é demasiado alta, dado que depois há que registar o barco, custear a marina, a manutenção, pagar o combustível, e tudo isso gera transações monetárias. Com outros países a colocarem cargas fiscais mais baixas, muitos dos compradores acabam por ir comprar a embarcação a outro país, mesmo que depois acabem por trazê-lo para cá. A verdade é que não há qualquer incentivo em Portugal – curiosamente um país de navegadores e com uma costa navegável muito boa – para o desenvolvimento e dinamização do setor náutico de recreio, o que é mau porque pode ser uma das áreas económicas mais rentáveis”.

Uma vida de mar
Apesar das dificuldades inerentes aos custos elevados das peças, dos equipamentos e dos serviços, M. Conde assume-se um apaixonado pela parte da manutenção técnica das embarcações. Enquanto militar, trabalhou sempre na parte técnica, de reparações das máquinas dos navios, e não abdica disso: “Eu faço questão de andar no terreno e todos os trabalhos que a Meumar realiza são supervisionados e inspecionados por mim. Antes de entregar um barco ao cliente, faço um teste de mar e só se todos os indicadores estiverem normais é que dou o trabalho como terminado. Esta empresa é uma escola para quem aceita trabalhar aqui e eu sou um apaixonado pela manutenção técnica. Os clientes que escolhem a Meumar sabem que estão a contratar profissionais que percebem de embarcações e isso é a nossa principal característica – o amor pelo mar e pelos barcos”.

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