Marisqueira Torralva: tradição e modernidade à mesa!
A Marisqueira Torralva, como o nome indica, foca-se no marisco, mas não vira costas às suas raízes. Os pratos tipicamente alentejanos fazem parte do menu e incluem peixe fresco, vindo diretamente do mar. Os pratos de carne também não ficam de fora e são procurados por muitos dos seus clientes.
“Foi a melhor decisão das nossas vidas!”, afirmou Tiago Baião, que conjuntamente com a sua mulher, Isabel Baião, aceitaram o desafio de gerir o negócio da Marisqueira Torralva. A família Baião já se posicionava no mercado empresarial, mas o mundo da restauração é novo para os dois: “Nós vimos de um clube virado para a universidade. Completamente diferente, não tem nada a ver com isto”, explicou Isabel à Revista Business Portugal.
A Marisqueira Torralva localiza-se em Évora e já carrega muita história. História essa que os proprietários pretendem preservar. O espaço surgiu há muitos anos como uma das mais marcantes tabernas da cidade. Era ali que se compravam toucinhos, contou a cozinheira mais antiga do espaço, a Dona Albertina, a Tiago e Isabel. Entretanto, o espaço esteve fechado durante muitos anos, até que, em 2018, o mesmo foi restaurado e aberto como uma marisqueira-cervejaria.
Quando o casal Baião avançou com o negócio, decidiu que só pretendia manter o conceito de marisqueira, afastando-se do “ambiente de cervejaria”. O objetivo passou por criar um restaurante familiar, num ambiente mais calmo e, ao mesmo tempo, trazer algo diferente e que se destacasse. Os empresários quiserem colocar a “sua impressão digital”, no que já estava feito, optando por pequenas alterações e colocando todo o esforço possível.
“Tem de haver amor e carinho naquilo que se faz”
Isabel revela que foi uma boa aposta, tendo recebido feedback muito positivo e, mais recentemente, o prémio “Cinco Estrelas Regiões”. O mesmo foi uma grande surpresa para os proprietários, uma vez que concorreram mais por “descargo de consciência” e, agora, consideram que este os irá ajudar a crescer. No entanto, Tiago ressalva que ainda estão a criar “uma casa” e ainda têm um longo caminho a percorrer – “Vamos manter-nos aqui uns anos e depois falo consigo”, brinca.
Tiago e Isabel pretendem chegar a vários públicos, tanto a residentes de Évora, como a turistas. Contudo, apesar da marisqueira se encontrar a cinco minutos a pé do Centro Histórico de Évora, não está dentro da muralha e, por essa razão acaba por ser mais difícil chegar à vertente mais turística. O turista acaba por só se cingir ao que está no centro histórico e se “está longe da vista” então já não procuram. Contudo, há exceções à regra, ou seja, turistas que decidem explorar a cidade e os descobrem, acabando por ficar “maravilhados”. Isabel explica que já estão a trabalhar na sua notoriedade, ao criar relações com postos de turismo, apostando nas plataformas digitais e na comunicação da sua oferta.
Esta notoriedade é tão importante, a nível geográfico, como cultural. Isto porque, como marisqueira, os turistas consideram que o restaurante se afasta da gastronomia alentejana, ou seja, as “migas, o coelho, o javali, o borrego, entre outros pratos típicos”, acrescenta o casal. Contudo, a Marisqueira Torralva apresenta pratos tipicamente alentejanos e não deixa de incluir o peixe e o marisco fresco, que vem diretamente do mar e é mantido em viveiros (sistema que mantém a água a correr nos aquários e tanques, permitindo que o marisco e o peixe cheguem frescos ao cliente). As migas de bacalhau, a açorda de gambas e a massada de peixe são exemplos de alguns pratos que têm na ementa e que remetem para o prato tradicional do Alentejo. Para quem não gosta ou não quer peixe e marisco, o restaurante também tem uma carta de carnes, trabalhando unicamente com a carne da América do Sul, mais especificamente do Uruguai. Uma carne que, nas palavras de Tiago Baião, é “extraordinária”. O prato que se destaca na ementa é mesmo o bife à Torralva.
A marisqueira Torralva acaba por ser muito mais que uma marisqueira e pretende disponibilizar uma grande variedade de oferta para atrair clientes de todos os gostos. Isto não quer dizer que a ementa seja demasiado extensa, mas sim bastante variada e nem todos os pratos estão presentes na ementa fixa, sendo que não é possível devido a condições externas. É o caso do peixe e do marisco, que estão dependentes do que houver nas lotas. Os designados “pratos de tacho” acabam por ser os que entram na sua ementa fixa.Os mesmos são cozinhados pela Dona Albertina, a cozinheira de 69 anos que conhece bem a comida tipicamente alentejana: “As mãozinhas dela são das antigas. Já não há como ela”, afirma Isabel.
Alguns dos seus pratos que mais marcam pela diferença e, acabam por ficar populares, são o arroz preto, que leva choco e gambas; mais uma vez, a açorda e o arroz de marisco.A empresária acrescenta que sempre pretendeu manter a comida tradicional, aliando uma vertente mais moderna.
O restaurante, para além de gostar de receber grandes grupos, aposta também num menu “Business Lunch”, que consiste numa opção mais económica e prática de almoço. O objetivo passa por conseguirem responder aos trabalhadores que necessitam de um espaço para almoçar e que no mesmo não percam muito tempo. Para além disso, pretendem desconstruir a ideia de que uma marisqueira não é um restaurante que se opta no dia a dia e que tenha refeições rápidas e práticas.
O menu é de 17 euros e inclui entradas, prato principal, sobremesa, bebida e café.
Para além deste menu executivo, ainda disponibilizam um menu infantil para responder às necessidades da família. As entradas também são uma parte bastante importante do menu fixo, sendo que, muitas vezes, os clientes os procuram com um objetivo de petiscar e não propriamente para fazer uma refeição.
A família Baião também se orgulha da equipa que tem no restaurante, sendo a mesma feliz e produtiva. Isabel explica que aceitam universitários para trabalhar lá, uma vez que os mesmos necessitam de ajuda para pagar as propinas, não se preocupando se têm experiência ou não.
Já quanto à cidade em que se encontram, Évora está a crescer, cada vez mais, construindo vários hotéis e uma nova linha de comboio que viaja até Madrid. Por essa razão, o projeto também tem tudo para crescer, aliado a todo o esforço e empenho que toda a equipa deposita no restaurante.