Maria Estarreja lidera aposta no retalho com novo Laboratório de Inovação no Retalho e com licenciatura pioneira

A Diretora Executiva de Marketing da CATÓLICA-LISBON, assim como da nova Licenciatura Executiva em Gestão Comercial e Retalho, do RIL-Retail Innovation Lab e do CORE – Center for Consumer Well-being & Retail Innovation, tem impulsionado a transformação no retalho, compartilhando insights sobre as principais tendências do setor e as estratégias necessárias para se adaptar à era digital. A líder feminina destaca ainda a importância da colaboração entre equipas e a necessidade de adotar uma abordagem interdisciplinar tanto nas empresas como no ensino.

Maria Estarreja, Diretora Executiva

A Maria possui uma vasta formação em diferentes áreas e ocupou cargos de liderança em grandes empresas multinacionais e nacionais de FMCG, como a P&G e o Superbock Group. Como estas experiências influenciaram a sua visão sobre liderança e empreendedorismo no setor e contribuíram para a sua trajetória profissional?

Comecei o meu percurso como investigadora científica nos laboratórios, o que me ajudou a entender o valor da pesquisa, do estudo e do acompanhamento das novas tendências. De seguida, arranquei com a minha carreira em gestão, na P&G, uma escola enorme de gestores. Aqui, passei por várias áreas, incluindo planeamento de produção, finanças e, posteriormente, entrei no mundo do marketing, onde me apaixonei por Marcas tendo ocupado de seguida, noutras empresas, vários lugares de Direção em Marketing e Vendas e responsabilidade transversal de negócios como foi o caso dos cafés quando estava na Nutricafés, tendo chegado a gerir equipas de mais de 150 pessoas. Esta experiência completa permitiu-me compreender a importância de as equipas aprenderem sobre diferentes funções e departamentos, os seus objetivos, e as dificuldades, a fim de contribuir de forma eficaz para o crescimento dos negócios. Ao longo da minha jornada, aprendi muito com as equipas com as quais trabalhei e entendi que o trabalho em conjunto, e o salto transversal entre diferentes áreas, é fundamental para o sucesso. Além disso, tive a sorte de ter líderes inspiradores no início da minha carreira, que enfatizaram a relevância de ter uma visão clara dos objetivos, estratégias bem definidas e celebrar sempre os sucessos. No percurso da minha vida profissional adotei dois mantras do primeiro responsável das empresas em que trabalhei: “The sky is the limit” e “It’s a question of attitude”, que me lembram da importância de sonhar alto, ter uma atitude positiva em relação aos desafios e ser capaz de os transformar em oportunidades! Hoje, após este caminho profissional que tenho percorrido, vivo também com o lema “Growing and Giving” pois julgo que devemos estar constantemente a aprender para podermos estar sempre a crescer como profissionais e indivíduos com o fim de retribuirmos. Julgo termos a responsabilidade de, para além de desenvolvermos negócios, desenvolvermos as nossas pessoas, e transmitirmos o conhecimento e experiência que adquirimos, aprendendo também no processo. Aprendi com bons exemplos e também com práticas que não foram tão eficazes, incluindo os meus próprios erros, o que me ajudou a discernir o caminho adequado. Também tive a felicidade de trabalhar em negócios e marcas líderes que permitiam transformar ideias e propostas em produtos e serviços de valor, desenvolvendo marcas e negócios de forma integrada, permitindo a satisfação de clientes e consumidores. Enche-me a alma fazer os outros felizes com o resultado no nosso trabalho, da nossa criatividade e do nosso arriscar.

Além de ser voz ativa em várias empresas, como atualmente a Cerealis para além da CATÓLICA-LISBON, também é Diretora Executiva da nova Licenciatura Executiva em Gestão Comercial e de Retalho da Católica, o primeiro do género em Portugal. Como surgiu a ideia de desenvolver este curso e qual o impacto na formação de profissionais para o setor?

Foi proposto, por um grande grupo de retalho nacional, desenvolver uma licenciatura 100% online em Gestão Comercial e Retalho. Esta formação tem a duração de quatro anos e procura oferecer flexibilidade na gestão do tempo, permitindo que pessoas já inseridas no mercado de trabalho possam em simultâneo estudar, num horário flexível. As empresas também apoiam os seus colaboradores a tirar esta licenciatura, pois além de proporcionar maior capacitação e conhecimento, é uma forma de responsabilidade social e cuidado para com a sua equipa, promovendo a motivação, a retenção e o desenvolvimento de talento. Assim, a licenciatura tem como objetivo aprimorar a qualificação e o crescimento de profissionais.

Tanto o CORE – Center for Consumer Well-being & Retail Innovation assim como mais recentemente o RIL- Retail Innovation Lab, do qual é Diretora Executiva, têm recebido apoio de marcas renomadas. De que forma este laboratório tem contribuído para a inovação no retalho?

O CORE foi criado com o objetivo de melhorar o bem-estar do consumidor, impulsionando a inovação e o progresso do retalho para aprimorar a experiência de compra e conta desde a sua génese com o apoio da Delta e da Jerónimo Martins. Estamos atualmente a implementar e desenvolver o Retail Innovation Lab, que conta com o apoio de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no programa de Smart Retail,  dedicado a tornar a experiência de compra “seamless”, facilitando a vida do consumidor, onde fazemos parte de um consórcio com outras 19 entidades. Pretendemos no RIL ajudar a desenvolver os negócios de retalho e em simultâneo melhorar qualidade de vida do consumidor e cliente, economizando tempo para que as pessoas se possam dedicar a outras atividades. Além disso, promovemos no CORE e em breve no RIL boas práticas e eventos relacionados ao tema do retalho. Contando com uma equipa de investigadores, queremo-nos tornar o RIL numa marca inovadora de pesquisa e inovação no retalho, com reconhecimento a nível europeu.

A CATÓLICA-LISBON tem-se posicionado nos rankings internacionais de instituições de Ensino Superior. Como avalia o impacto destas classificações no prestígio e na atratividade da escola para estudantes e profissionais que procuram formação na área de gestão, marketing e retalho?

Qualquer aluno que queira ser bem-sucedido procura estudar numa instituição que proporcione um melhor conhecimento e que permita uma entrada no mercado de trabalho mais fácil e direta. A CATÓLICA-LISBON oferece conhecimento rigoroso em gestão e economia, preparando os alunos para o mercado de trabalho e proporcionando-lhes ferramentas que permitam ter uma vida bem-sucedida. Temos um corpo de excelentes professores e investigadores, que trabalham em comunidade, promovendo um espírito de entreajuda e solidariedade. A nossa meta é transmitir este espírito aos alunos e desenvolver profissionais nutridos de competências para que possam tornar o mundo um lugar melhor promovendo a sua vertente humana para além da académica. Atualmente, é muito satisfatório passar pelos corredores e ver os alunos felizes e satisfeitos, não apenas com a qualidade do ensino, mas também com o ambiente de comunidade que oferecemos. Trabalhamos em equipa, para desenvolver programas e fornecer aos alunos uma experiência enriquecedora, preparando-os para um futuro profissional brilhante.

A sua experiência como professora convidada em diversos programas de formação, proporcionou-lhe uma visão abrangente do desenvolvimento profissional dos estudantes e executivos. Quais habilidades e competências considera essenciais para os profissionais que se desejam destacar no atual mercado de trabalho?

Com a revolução tecnológica e o surgimento da inteligência artificial, a adaptabilidade e a vontade de aprender tornaram-se prioridades. Devemos ter um cérebro elástico para nos adaptarmos às mudanças e tirar o melhor proveito destas novidades. Precisamos de profissionais dedicados, capazes de ler o mercado e transformar informações em projetos bem-sucedidos. A sensibilidade em relação à sustentabilidade e à responsabilidade social também é crucial. Negócios com propósito, requerem líderes que guiem as suas equipas e que sejam cautelosos com a comunidade envolvente, o bem-estar dos colaboradores e clientes. Portanto, a adaptabilidade tecnológica e a consciência em relação à sustentabilidade e igualdade de oportunidades são fundamentais para o sucesso dos negócios.

A era digital trouxe grandes transformações para o mundo dos negócios. No atual cenário global, quais as principais tendências que identifica para o setor de marketing e vendas?

A era digital trouxe mudanças significativas nas áreas de vendas e marketing. Anteriormente, o foco era na comunicação tradicional, como televisão, rádio e imprensa. Assistimos hoje a uma maior concentração no digital, nas suas mais variadas vertentes, desde as redes sociais, ao SEO, a displays, apps, IoT, eCommerce e websites, influencers, direct mailing, chatbots, digitalização de informação, entre outros meios de divulgação de conteúdo, cuja gestão se tornou chave e que se situa no centro da estratégia digital juntamente com a data analytics.  É preciso mudar culturas empresariais para rapidamente se adaptarem a este novo universo do digital e sua mobilidade, com Marketeers atentos  a novos mundos digitais como o gaming, o metaverso, à digitalização dos meios de comunicação como está a suceder com os outdoors e aos principais canais de televisão, à realidade aumentada, mantendo a importância dos motores de busca e chatbots, com o enorme desenvolvimento futuro da inteligência artificial, que está apenas no começo e que irá revolucionar a forma como desenhamos negócios, estruturamos equipas e chegamos aos nossos clientes e consumidores. Estamos neste último caso a viver a ponta do iceberg. Preparemo-nos para este novo mundo, sem medo e com a capacidade de adaptação e agilidade mental que já referi.  É importante sermos pioneiros no mercado e encontrarmos formas eficazes de alcançar os clientes e consumidores, lembrando que a tecnologia não é uma estratégia em si, mas sim um meio para comunicarmos e alcançarmos melhor o nosso público-alvo.

No contexto da liderança, o papel das mulheres tem-se destacado cada vez mais. Como perceciona o desenvolvimento do empreendedorismo no feminino e quais desafios ainda precisam ser superados para promover uma maior representatividade feminina neste setor?

Felizmente, já presenciamos mais mulheres a assumir posições de liderança e a criar negócios com coragem e determinação sendo ainda existem setores onde isso não se reflete existindo ainda trabalho a fazer nessa vertente e mentalidades a mudar. Está mais do que comprovado e estudado que a igualdade de género impulsiona o desenvolvimento empresarial, trazendo lucratividade, maior rentabilidade e equilíbrio social. É importante ter visões complementares entre os géneros, valorizando as diferentes perspetivas e permitindo o fortalecimento de apetências nos colaboradores. Esperemos ver aplicada a célebre frase de Sheryl Sandberg: “No futuro não haverá Mulheres Líderes, haverá apenas Líderes”. Além disso, enfrentaremos também o desafio da gap geracional nos próximos anos. É imperativo adaptarmo-nos a esta mudança coletivamente e repensar planos de reforma e de carreira, reconhecendo a importância da experiência e das capacidades físicas e mentais dos profissionais mais velhos. Devemos procurar a igualdade de oportunidades, não apenas em termos de género, mas também em relação às pessoas com deficiências e à diversidade geracional. O sucesso dos negócios está em reconhecer e aproveitar as vantagens trazidas por pessoas de diferentes idades e géneros em colaboração conjunta.

Onde é que a Maria se vê daqui a 5-10 anos e a fazer o quê?

Vejo-me a continuar a gerir negócios e equipas numa posição de liderança que permita desenvolver e implementar produtos e serviços com o claro propósito de permitirem a felicidade e satisfação de consumidores, com uma clara responsabilização e preocupação social e ambiental junto dos seus colaboradores, principais stakeholders e comunidade externa.

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