Leishmaniose canina

 

A leishmaniose canina é uma doença zoonótica causada pelo parasita Leishmania infantum, transmitido por flebótomos (um tipo específico de mosquito).

 

Nos últimos anos, o aumento da prevalência da doença em Portugal tem sido favorecido por alterações climáticas que promovem condições ideais para a proliferação dos flebótomos e a propagação da doença no nosso território. As temperaturas mais elevadas e a humidade adequada permitem que os vetores colonizem novas regiões, aumentando o risco de infeção numa vasta área geográfica. A maior circulação de animais, tanto a nível nacional como internacional, também contribui para a propagação da leishmaniose. Desta forma, a principal estratégia de combate a esta zoonose deve considerar uma abordagem de prevenção a nível nacional.

Neste contexto, a vigilância rigorosa e o uso de repelentes, como por exemplo pipetas ou coleiras eficazes contra os flebótomos, evitam o contacto do vetor com os cães protegidos, sendo estas as medidas mais eficazes para prevenir a transmissão do parasita. Além disso, a vacinação contra a Leishmania está disponível em Portugal e ajuda a reduzir a carga parasitária no animal, auxiliando no controlo da doença.

O tratamento da leishmaniose visa a redução da carga parasitária e a diminuição dos sintomas, mas os cães infetados podem necessitar de tratamento contínuo ao longo da vida, e o risco de recidiva é elevado. A monitorização da saúde renal é essencial durante o tratamento, pois a insuficiência renal é comum em cães acometidos por leishmaniose, podendo levar à morte dos animais.

A eficácia das medidas acima mencionadas depende, em grande parte, da adesão dos tutores e da sua capacidade para lidar com uma doença que se pode tornar crónica, além do considerável esforço económico envolvido. Assim, a educação e a consciencialização dos tutores, para que saibam como proteger os seus animais, bem como a aposta numa prevenção adequada, torna-se imperativa para o sucesso das medidas preventivas, especialmente em zonas altamente endémicas para a leishmaniose.

Professora Liliana Silva – Médica Veterinária, Doutoramento Europeu em Ciências Veterinárias, EBVS® Especialista Veterinário Europeu em Parasitologia Egas Moniz School of Health and Science, Monte da Caparica, Almada

 

Como zoonose, a leishmaniose canina tem graves implicações para a saúde pública. A prevenção nos cães atua como uma medida de proteção para a população, uma vez que se reduz o número de animais reservatório.

A possibilidade de infeção de populações vulneráveis não deve ser ignorada, e a informação aos tutores e à população em geral sobre as formas de prevenção e as melhores práticas de cuidado é fundamental.

Concluindo, a leishmaniose canina é um problema de saúde pública que exige uma abordagem integrada de Uma Só Saúde, envolvendo médicos veterinários, tutores e autoridades de saúde. A prevenção continua a ser a solução mais eficaz para combater a doença e proteger tanto os animais quanto os seres humanos.

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