Kibom: 50 anos de tradição
Com muita tradição e uma confeção de excelência, no dia 7 de abril de 2024, a Confeitaria e Pastelaria Kibom completa 50 anos. Estivemos à conversa com Fátima Salgado, bisneta da criadora da especialidade regional conhecida como Bolinhol e, atualmente, a 4ª mãe deste fabrico. Fátima falou-nos da história por de trás da marca e de como o Bolinhol (Pão-de-Ló coberto de Vizela) é a principal referência do fabrico antigo e pode ser saboreado na Casa do Bolinhol/Kibom.
Confeitaria e Pastelaria Kibom
Há 50 anos, Maria da Conceição da Silva Ferreira inaugurou a Confeitaria e Pastelaria Kibom. Conceição Ferreira, “uma senhora sábia e sempre à frente do seu tempo”, começou a confecionar a receita da avó no Brasil, onde viveu com o marido, em finais da década de 60.
Fátima Salgado refere que, devido à reação daqueles que saboreavam o doce e ao facto de os irmãos mais novos terem uma predileção pelos gelados da marca brasileira com o mesmo nome, surgiu o nome Kibom. Ao provar o bolo, os clientes brasileiros diziam de forma instantânea a expressão: “Qui bom!”, como uma maneira de agradecer e, acima de tudo, expressar a sua satisfação pelo doce. Quando regressam a Portugal, o casal decide utilizar essa mesma expressão para nomear o estabelecimento.
A especialidade do Bolinhol
Joaquina P. Ferreira da Silva (bisavó da nossa entrevistada) foi a criadora do doce em formato retangular cuidadosamente coberto com calda de açúcar. Por se tratar de um doce com alguma fragilidade e com vista a transportá-lo para as festas e romarias que frequentava, a doceira decide envolvê-lo em panos de linhol (linho tosco a que era dado o nome de linhol). Assim nasce o Bolo-do-linhol, ou Bolinhol de Vizela, que se caracteriza pela cobertura de açúcar, pelo formato retangular e por ser menor que a tradicional rosca de Pão-de-Ló. O passar dos anos não alterou o sabor da especialidade. Ainda nos dias de hoje, o Pão-de-Ló coberto de Vizela Kibom não deixa indiferente quem o prova. Mesmo com todas as alterações do mercado e a vulgarização dos corantes e conservantes, Fátima garante que continua fiel aos sabores de uma memória coletiva. O Bolinhol Kibom é confecionado a partir dos melhores ingredientes, sem a utilização de sabores artificiais: “Todo o nosso fabrico consolida o nome da nossa casa, Casa do Bolinhol, Memória do Doce… porquê? Só usamos ovos puros, de casca, não pasteurizados, gramagem certa, letra sempre igual; açúcar e farinha da melhor qualidade. Respeitamos assim o cheiro e sabor de antigamente”, tornando-se assim uma marca característica da região de Vizela.
O legado da tradição
Neste momento, o legado da família está com Fátima Ferreira Salgado e com a filha, que abraçam com paixão, carinho, responsabilidade e, acima de tudo, muita admiração este legado gastronómico, assumindo assim um compromisso de vida que juntas tencionam “preservar, proteger e divulgar”.
Fátima Salgado com o mesmo entusiasmo da bisavó partilha um pouco por todo o país a autenticidade do Bolinhol. Nada melhor que visitar o nº 431 da Rua Dr. Abílio Torres onde se mantém o verdadeiro sabor da tradição.