Grupo Valouro: Uma empresa de referência de Portugal para o mundo

A história que lhe apresentamos nesta edição da Revista Business Portugal começou a ser escrita há mais de um século, mais precisamente em 1875. Volvidos 144 anos, assume-se como o maior grupo do setor agroalimentar português e um dos maiores da Europa. Com um projeto empresarial que se pode orgulhar do seu percurso sólido e consistente, José António dos Santos, administrador do Grupo Valouro, reconhece no trabalho e dedicação a justificativa para o sucesso alcançado.

Com mais de um século de história, a empresa que lhe damos a conhecer nesta edição vem traçando o seu caminho desde 1875. Com uma gestão familiar desde o início da sua atividade, a administração da empresa vem passando de geração em geração. Hoje, já na terceira geração, a administração é assumida por José António dos Santos e pelo seu irmão gémeo António José dos Santos, cargo que assumem desde 1962. Com estratégias inovadoras e empreendedoras, a entrada dos irmãos revolucionou o negócio familiar que, graças ao trabalho e dedicação, se assume hoje como o maior grupo económico do setor agroalimentar em Portugal. “Foram anos de muito trabalho e dedicação. Há três coisas que são estritamente necessárias: a primeira é o trabalho, a segunda é a honestidade, essa é a principal de todas, e a terceira ter visão. Eu costumo dizer que temos de ver para lá da parede”. E assim foi. Com o negócio a derivar para outras áreas, os irmãos gémeos decidem, juntamente com dois irmãos mais velhos e um primo, constituir uma sociedade, no dia 25 de abril de 1974, nascendo assim a Persuínos, empresa que mais tarde deu origem à Avibom, posteriormente às Rações Valouro e por fim ao Grupo Valouro.

Um grupo, dezenas de empresas

Atualmente, o Grupo Valouro conta com mais de 40 empresas dos setores da agricultura, indústria de rações, multiplicação de aves, abate e transformação de aves, distribuição e comércio alimentar, transportes, produção de energia, seguros e turismo. No entanto, é na produção de rações e avicultura que o grupo encontra as suas principais áreas de negócio. Com o objetivo de manter a qualidade da alimentação das aves, surge em 1978 a primeira fábrica de rações do grupo na freguesia de Marteleira, Lourinhã, localidade que reunia as condições perfeitas para a produção de rações e que mais tarde acabou por dar nome ao grupo. “O nome Valouro não tem nada a ver com ouro, deve-se ao sítio onde foi instalada a primeira fábrica de rações. Aquele sítio era conhecido por Valouro e então nasceu a Valouro e depois, mais tarde, o Grupo Valouro”, confessa o entrevistado. Com soluções nutricionais para alimentação alimentar, a Rações Valouro dedica-se assim ao fabrico e comercialização de pré-misturas e alimentos compostos para frangos, perus, patos, codornizes, galinhas reprodutoras, suínos, ovinos entre outras espécies.
O ano de 1986 trouxe num novo passo com a introdução da produção de ovos por incubação e pintos do dia, dando origem à marca Pinto Valouro. É em quintas, situadas no Bombarral, Tondela, Serpa, Tomar e Torres Vedras que o grupo desenvolve a atividade de produção animal, que inclui a multiplicação avícola (frangos, patos, perus e codornizes) e a produção de carnes. Do centro de incubação, os pintos do dia seguem o caminho direto dos mercados ou dos pavilhões de engorda, onde permanecem durante cinco a sete semanas, ou seja, até atingirem o peso recomendado para o mercado. Por sua vez, o processo de incubação, engorda e abate de codornizes é assegurado por outra empresa do Grupo Valouro, a Interaves, situada em Alenquer. As codornizes foram uma aposta mais recente do grupo e que José António dos Santos assume que, apesar de registar uma boa aceitação no exterior, não foi uma aposta direcionada para a exportação. “A mais recente aposta de todas foram as codornizes. Mas não tem sido essencialmente para exportação, temos exportado algumas, mas essencialmente o que exportamos muito são os ovos de incubação, que mandamos para a Rússia e Cazaquistão, por camião. Chegam lá impecáveis. Atualmente, exportamos uns milhões de ovos por semana. É claro que isso só é possível se tivermos qualidade e nisso somos irrepreensíveis. Se eu mandar para lá 100 ovos, normalmente não nascem menos de 80, ou seja, temos que enviar qualidade para podermos ser competitivos. Não nos podemos esquecer que nestes países as aves sofrem muito com a temperatura. Para eles é mais económico comprar este tipo de produto, porque também apresentamos um preço bastante competitivo e um produto de qualidade”.
A década de 90 ficou marcada pela criação da marca Kilom, que veio potenciar uma área específica do negócio. Com soluções diversificadas que vão desde os tradicionais cortes de frango e charcutaria de aves aos prontos a comer e pré-cozinhados é mais um exemplo do espírito empreendedor do grupo português, que procura desenvolver produtos competitivos, inovadores e sustentáveis.

Qualidade e Inovação são palavras chave

A aposta na inovação dos produtos e nas melhores técnicas é primordial para o grupo português. A utilização de tecnologias de ponta, que garantem a qualidade dos produtos, permitiu ao Grupo Valouro estar na linha da frente e José António dos Santos assume que “o sucesso de qualquer empresa desta atividade deve-se ao desenvolvimento da parte produtiva, com a implementação das mais recentes tecnologias desenvolvidas para o setor”. Nesse sentido, o Grupo Valouro conta com laboratórios próprios nas suas fábricas de rações, centros de incubação e matadouros. Os seus centros de abate de aves estão equipados com a mais alta tecnologia, sendo considerados de topo na Europa. A mesma preocupação se estende aos seus aviários com chão aquecido e outras vantagens tecnológicas. Não é por isso de admirar que o Grupo Valouro tenha já garantido todas as certificações de qualidade possíveis na sua área de negócio. “É muito importante para a empresa porque, sem essas certificações, os países não compram os nossos produtos. O certo é que os que compram passam a palavra e indicam que o único grupo, em Portugal, que tem a quantidade e a qualidade, com todas as certificações, é o Grupo Valouro”.

Na linha da frente da sustentabilidade

A sustentabilidade está na linha da frente dos temas da atualidade e todos fomos já alertados para a importância de um estilo de vida mais sustentável e amigo do ambiente. No entanto, poucos sabem que esta já é uma prática recorrente no Grupo Valouro há mais de 50 anos. Quando este ainda não era tema de conversa, o grupo dava os primeiros passos na questão ambiental e introduzia em Portugal um modelo de negócio sustentável. “Hoje ouvimos falar muito em sustentabilidade e economia circular, mas a verdade é que nós já fazemos isso há mais de 50 anos. Atualmente, temos uma propriedade com cerca de três mil hectares, perto de Aljustrel, que nos permite ter um conceito de economia circular quase a 100 por cento”. A verdade é que a aposta do grupo num modelo de negócio sustentável surgiu em resposta a uma necessidade sentida à época. “Estamos numa zona onde a propriedade é muito pequena, ou seja, minifúndio e para eliminar as vísceras e plumas, antigamente, tínhamos de as enterrar. No entanto, chegou uma altura em que deixamos de ter terreno e então adquirimos uma máquina, a segunda a entrar na Europa, que é um digestor e que leva aquilo a uma temperatura alta, cerca de 180 graus, transformando as vísceras e as plumas numa farinha”, esclarece José António dos Santos.
Com produção própria de milho para o fabrico de rações, José António dos Santos afirma que é no processo de abate que se inicia o conceito de economia circular do Grupo Valouro. “É quando as aves chegam ao matadouro que começam a surgir os desperdícios, ou seja, começamos a ter o sangue, as plumas, a cabeça, as patas e as vísceras. Tudo isto é colocado, separadamente, no digestor e irá compor uma farinha, ou seja, um subproduto. Posteriormente, estes subprodutos vão dar origem a muitas coisas, podendo por exemplo ser utilizados para o fabrico de pet foods, alimento para peixes ou para camarões, neste caso as plumas”.
E se por um lado as plumas da grande maioria das aves são transformadas em subproduto, o mesmo não acontece com as plumas de pato, que são utilizadas no fabrico de peças têxteis, como edredons ou casacos. Destino diferente têm também as patas, que dependendo do seu estado de conservação, podem ser exportadas para a China. No entanto o processo não termina por aqui e José António dos Santos esclarece-nos ainda que “as fezes deixadas no chão, e que formam uma espécie de ‘cama’, vão posteriormente para a compostagem”. Depois de terminado o processo de secagem e esterilização, as mesmas alimentam os solos da propriedade onde é plantado o milho que irá produzir as rações, dando assim início ao ciclo sustentável. “A acredito que marcamos pela diferença, porque detemos o processo na sua totalidade, o que não acontece na maioria das empresas. Para além disso, fomos pioneiros em Portugal”.

Uma empresa socialmente responsável

O Grupo Valouro conta hoje com cerca de 3.200 colaboradores e é sobre eles que recai também uma das principais preocupações. Com uma política de responsabilidade social desenvolvida a dois níveis, interno e externo, o Grupo Valouro destaca-se a nível interno pela sua política motivacional. José António dos Santos assume que a forma como o grupo está organizado é fundamental para a motivação do corpo de trabalho e consequentemente para alcançar bons resultados. Já a nível externo, a estratégia passa pela forma como a empresa se relaciona com os seus parceiros de negócio e com a sociedade onde está inserida.

Futuro: Pensar para o mundo

É com orgulho e satisfação que José António dos Santos afirma que o Grupo Valouro é hoje “uma empresa financeiramente sólida e uma referência em Portugal e na Europa”. O futuro passa por continuar a escrever para o mundo a história que teve início há 144 anos, sempre tendo como a inovação, qualidade e sustentabilidade. “Hoje tudo o que desenvolvemos já não desenvolvemos a pensar só no país, desenvolvemos para o mundo, à escala mundial. Hoje somos obrigados a pensar com outra dimensão e essa dimensão é para outros países”, conclui.

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