Glaucoma: importância do diagnóstico e tratamento

 

Dra. Ana Figueiredo (OM48676),Oftalmologista no Trofa Saúde Gaia

O glaucoma é a segunda principal causa mundial de cegueira, sobretudo entre a população mais idosa. A perda de visão causada por esta patologia pode ser evitada se a doença for diagnosticada precocemente.

O glaucoma é uma doença do nervo ótico (neuropatia). É através do nervo ótico que as imagens chegam à retina e são posteriormente levadas até ao cérebro, onde são processadas. O glaucoma vai progressivamente danificando as fibras do nervo ótico, com o consequente desenvolvimento de pontos cegos no campo visual.

Numa forma inicial do glaucoma, a ausência de sintomas é comum. As áreas cegas só são percebidas depois de haver uma lesão significativa do nervo ótico (NO), sendo que a sua destruição total se traduz em cegueira.

Muito embora seja impossível atribuir uma única causa, o glaucoma tem sido associado ao achado mais frequente da doença que é o aumento da pressão intraocular. O olho produz continuamente um líquido transparente chamado humor aquoso. O humor aquoso assume funções importantes em termos de nutrição e manutenção dos tecidos oculares. Uma vez formado, este líquido circula pelos tecidos intraoculares e sai do olho através de canais de drenagem. Se a área de drenagem for obstruída, a pressão do fluido dentro do olho aumenta. Existem vários tipos de glaucoma, sendo que o mais comum nos países ocidentais é o glaucoma primário de ângulo aberto (90% dos casos).

A chave para o correto diagnóstico do glaucoma passa por uma consulta com o oftalmologista erealização de exames regulares. Além da medição da pressão intraocular (tonometria) e avaliação do nervo ótico (fundo de olho), realizados durante a consulta oftalmológica, outros exames auxiliares podem ser essenciais na investigação e seguimento desta doença.

As lesões do nervo ótico provocadas pelo glaucoma e a perda visual delas decorrente são, em geral, irreversíveis. O seu tratamento tem por objetivo controlar a doença, visando impedir a progressão destas lesões. O primeiro patamar no tratamento passa pelo uso tópico de medicação na forma de colírio (gotas), sendo que em alguns casos a utilização de mais de um colírio ou a associação com medicamento por via oral pode vir a ser necessária. Por outro lado, para que estes fármacos atuem corretamente é imperioso o seu uso regular e contínuo. Não raras vezes e por motivos variados (ineficácia, intolerância/alergia), mudanças no tratamento têm de ser equacionadas. Com efeito, o tratamento do glaucoma exige que o doente faça uso correto da medicação receitada. Não se deve interromper os colírios ou trocar de substância, sem antes consultar o oftalmologista.

Outros tratamentos incluem procedimentos laser e cirurgia. Sendo o glaucoma, uma doença crónica e progressiva, a cirurgia não cura o glaucoma. Esta pode ter lugar quando não se alcança um controlo adequado com os medicamentos. Um pronto diagnóstico e tratamento são as chaves da prevenção de lesões ao nervo ótico. Depois de identificada a doença cabe ao oftalmologista definir a frequência com que devem ser realizadas avaliações periódicas e exames complementares, para que seja possível minimizar o impacto que uma doença avançada poderá significar em termos de limitações nas atividades da vida diária.

 

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