Dia Nacional do Doente Coronário
O Dia do Doente Coronário celebra-se todos os anos a 14 de fevereiro.
Neste dia, que é também o Dia dos Namorados, aproveita-se para chamar a atenção da população para problemas que atacam o coração, como o tabagismo ativo e passivo, a má alimentação e a falta de exercício físico.
A doença coronária caracteriza-se pelo desenvolvimento de placas ateroscleróticas no interior das artérias coronárias. Com a concentração de gorduras nas paredes das artérias, a circulação sanguínea e a irrigação dos tecidos do coração são colocadas em causa.
O doente coronário é aquele que sofre de insuficiência cardíaca crónica. Ele pode ser alguém que já teve um enfarte do miocárdio ou que apresenta queixas de dores no peito ligadas ao esforço.
Em Portugal a doença coronária aguda afeta 10 mil pessoas por ano, sendo as doenças cardiovasculares a principal causa de morte no nosso país (42% dos óbitos).
Risco Cardiovascular Global
As doenças cardiovasculares continuam e continuarão a ser a primeira causa de doença e morte em todo o mundo e, por isso mesmo, uma das mais importantes preocupações dos médicos e de todos os responsáveis pela saúde das populações.
A doença cardiovascular não é mais do que o envelhecimento progressivo dos vasos sanguíneos e do coração. Esta alteração compreende o desenvolvimento da aterosclerose, que se vai fazendo em todos os vasos sanguíneos e com variável intensidade nos diferentes territórios do corpo humano (coração, cérebro, rins, grandes artérias, entre outros). A aterosclerose das artérias resulta da agressão que a parede destas sofrem e que tem diferentes origens. Entre os agressores contam-se o aumento da pressão arterial, o aumento dos lipídeos circulantes, bem como um processo inflamatório local devido a moléculas circulantes, que individualmente ou em conjunto levam à alteração das propriedades das artérias, mais conhecida por disfunção endotelial.
Com a continuação desta ou até com o aumento da sua intensidade, inicia-se a deposição de material lipídico na parede arterial. Vai assim havendo espessamento progressivo da parede, com a diminuição do calibre das artérias e a consequente dificuldade circulatória.
Todas estas alterações arteriais resultam da ação de um ou de vários fatores de risco cardiovasculares. Entre estes convém relembrar, a hipertensão arterial, o colesterol elevado, o tabaco, a obesidade, a diabetes, o stress, o sexo masculino e a história familiar precoce de doença cardiovascular. Como é de todos conhecido, raramente as pessoas apresentam um só fator de risco, antes têm vários, como a associação de obesidade, hipertensão, tabaco, etc. A avaliação do maior ou menor risco de contrair uma das doenças cardiovasculares motivada pela ação destes fatores, constituiu aquilo a que se chama o “Risco Cardiovascular Global”. Isto significa, na prática, que não se deve olhar para o doente de forma individualizada ou parcial, isto é, se é hipertenso, trata a hipertensão esquecendo que o doente também é fumador e obeso.
Deste modo melhora-se um dos fatores de risco, neste caso a hipertensão, mas as alterações das artérias vão prosseguir porque os outros fatores vão manter a sua ação prejudicial.
Por estes motivos, é imprescindível que o doente seja avaliado como um todo e tratado também como um todo, só deste modo se contribuirá para a diminuição da morbilidade das doenças cardiovasculares. Este conceito deve ser muito bem explicado a cada doente, no sentido de se conquistar a sua adesão ao tratamento. Este, como sabemos, não se limita ao simples uso de medicamentos, mas antes é muito importante a implementação das chamadas alterações do estilo de vida. Estas incluem uma dieta adequada, com diminuição da ingestão de gorduras animais, o aumento do conteúdo na dieta de frutas e legumes frescos, o aumento do exercício físico, com a realização de 30 minutos de marcha ritmada pelo menos três vezes por semana. Também a diminuição da ingestão de bebidas alcoólicas e o aumento da ingestão de água em abundância, deve ser aconselhado, bem como a opção pelas refeições mais ricas em peixe e menos em carne, principalmente se for “vermelha”, e também em fritos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que este panorama negativo em relação às doenças cardiovasculares se mantenha durante os próximos anos. Por isso deve-se alertar sistematicamente a população para a necessidade premente de modificar os seus estilos de vida e fazer a vigilância médica periódica, no sentido de se tentar inverter este panorama negativo na saúde de todos e de cada um.