Fazer o bem sem olhar a quem

São escassas as palavras para descrever esta obra benemérita, localizada na freguesia de Galveias, concelho de Ponte de Sor. ‘Cuidar dos mais necessitados’ foi a premissa principal que esta família deixou aos continuadores deste importante legado social. Passados 62 anos foi possível dar cumprimento a esta obra altruísta, destacando-se a bondade, a vontade de ajudar e a visão de futuro desta família ímpar.

A 4 de julho de 1956 era criada na vila de Galveias a Fundação Maria Clementina Godinho de Campos (FMCGC). Uma iniciativa exemplar que se ficou a dever à Comendadora D. Ana Godinho de Campos, e ao apoio dos seus irmãos, os Comendadores Manuel Marques Ratão Júnior e José Godinho de Campos Marques, que, devido ao enorme carinho e admiração que nutriam pela mãe, deram forma a este projeto e homenagearam a sua pessoa ao dar-lhe o nome da Fundação. À medida que os elementos da família iam falecendo, adensavam o vasto património num número cada vez mais restrito de herdeiros. José Godinho de Campos Marques, como último representante da família Marques Ratão/Godinho de Campos, acabou por deixar ao serviço da população a totalidade dos bens herdados, quer através da FMCGC, quer através da Junta de Freguesia de Galveias – herdeira universal. Falámos de um homem frio e inteligente. Um humanista que amou o povo, que sempre pensou mais nos outros do que em si próprio. Esta figura ímpar da história da FMCGC construiu um projeto sustentado, onde tudo foi pensado ao detalhe. Onde o mínimo pormenor desempenhou um papel fundamental na consolidação de uma sociedade galveense que pudesse usufruir de cuidados de saúde, de apoio social, de momentos culturais e de lazer. Não esquecendo um ponto deveras importante, pois tudo foi suportado com fontes de financiamento autónomas, sempre com o intuito de deixar um futuro melhor à comunidade galveense, apoiando as classes mais carenciadas e fragilizadas da sociedade. Uma obra que se dedica ao bem social, honrando o querer de toda a família Marques Ratão.

Segundo as indicações dos seus fundadores, a presidência do Conselho de Administração ficou sempre a cargo da Arquidiocese de Évora, que hoje em dia dirige os destinos da Fundação, sendo atualmente o presidente o Senhor Arcebispo D. José Alves.

A matriz da Fundação centrou-se desde o início no apoio aos idosos, nas mais diversas vertentes, mas a sua ação e intervenção estendeu-se a toda a população de Galveias.

Atualmente, a FMCGC tem ao serviço importantes respostas sociais, nomeadamente no apoio aos idosos, com as valências de lar, centro de dia e apoio domiciliário, que contemplam serviços de médico e enfermagem, nutrição, motricidade humana, fisioterapia, natação, animação, cabeleireiro e estética. “Apoiámos cerca de 90 utentes, sobretudo, pessoas da freguesia de Galveias e territórios limítrofes que necessitam de cuidados especializados e permanentes. Temos uma equipa experiente e especializada composta por 54 colaboradores, que garantem o cumprimento de todas as normas exigidas. Esta é a nossa missão, amparar quem se encontra desamparado”, sublinha Adelina Martins, tesoureira do Conselho de Administração, acrescentando que “por outro lado, a Fundação proporciona a todos os utentes a possibilidade de irem de férias para o Algarve, onde temos um apartamento, e de facto é uma alegria ver a felicidade deles. São pequenas coisas que nos enchem o coração e cumprem uma das vontades do fundador”.

A par com a componente humana, a Fundação não descura o investimento na manutenção dos imóveis e a aquisição de equipamentos que permitam prestar melhores cuidados aos seus utilizadores. Do ponto de vista florestal e agrícola, a instituição dispõe de 2.000 hectares de terreno, que se dividem entre a atividade florestal e a pecuária. “O nosso objetivo passa por diversificar as áreas de atuação nesta vertente, de forma a garantir novos meios de rentabilização, sempre com o intuito de manter a Fundação saudável financeiramente, cumprindo a vontade dos seus instituidores”, refere José Mendes Marques, secretário do Conselho de Administração.

Relativamente ao futuro, a Fundação está a aguardar a decisão de um projeto para melhoramento das instalações, com base no novo quadro comunitário.

Cumprir a vontade dos fundadores, “fazendo o bem sem olhar a quem”, continuará a ser o principal motivo de continuidade desta instituição, um exemplo único de benemerência a nível nacional.

 

 

 

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