Fátima Stones Marsefal: 3 gerações de Pedra Natural

João Marques, Administrador

Há mais de 70 anos a trabalhar e comercializar pedra ornamental natural, dando vida a obras espalhadas pelo mundo inteiro, primeiro como Francisco da Silva Marques, depois Marsefal e, recentemente, sob a marca Fátima Stones. João Marques, o atual administrador, conta-nos a história da fundação e do crescimento da empresa.

Os anos após as conhecidas aparições de Fátima mudaram completamente o panorama da cidade de Fátima e também do negócio da pedra. O trabalho da pedra era duro, rudimentar e pouco valorizado. Desde cedo o Santuário iniciou os seus edifícios de arquitetura religiosa marcante ainda aos dias de hoje, recorrendo à pedra da região como componente estruturante. O canteiro Pardal Monteiro, foi o principal responsável pelos trabalhos iniciais de dar formas aos blocos de pedra. Ainda assim, a dimensão desses edifícios era tal que rapidamente “foram chamados profissionais de todo o país”, sublinha o entrevistado. O avô de João, Francisco da Silva Marques, viu uma oportunidade e comprou à época as máquinas de serrar pedra, assumindo o fornecimento das obras no recinto do santuário, iniciando-se assim o negócio da família em 1940. Com a construção do recinto do Santuário e o desenvolvimento da povoação, outros edifícios surgiam, e acompanhando a procura em Fátima e na região, começa a industrialização da transformação de pedra: fazendo não só a serragem de blocos e vendendo chapas a outros marmoristas, como transformando à medida de encomendas.
Era o início da empresa Francisco da Silva Marques, mais tarde Marsefal, a que seu pai, Mário Marques, deu forte impulso, modernizando todo o processo, dando dimensão nacional à empresa, fornecendo de forma séria e continuada pequenas, médias e as grandes empresas nacionais de construção, criando as bases para o futuro. Hoje, depois de fazer o seu trajeto académico na área de economia e de cerca de três décadas a acompanhar o pai, é João Marques quem comanda os destinos desta empresa, que evoluiu da marca Marsefal para a marca Fátima Stones, sem nunca descurar a qualidade e o profissionalismo que foi caracterizando a empresa ao longo do tempo, mas procurando com esta nova marca abraçar também o mercado internacional.

 

Hotel Adare Manor, na Irlanda

A abertura de portas ao mercado estrangeiro
Por altura da Guerra do Ultramar e anos seguintes, a empresa viveu momentos difíceis, mas a dedicação e empenho de Mário Marques permitiu ultrapassar essa fase má. A empresa trabalhava pedra da região de Fátima, mas também mármores e granitos de outras origens e comercializava rochas ornamentais com origem noutros países. Na década de 80, com a expansão do mercado imobiliário, surgiram novas oportunidades, apostaram na modernização de fabrico e valorização de mão de obra, afirmando-se como uma referência nacional no sector das rochas ornamentais, especialmente no fabrico de cantarias e obras por medida. Já no início deste século, antecipando o forte abrandamento do mercado nacional a empresa acelerou o processo de internacionalização, sendo a Bélgica, o maior consumidor de pedra natural per capita do mundo, o mercado selecionado. “Foi um processo complexo, uma vez que importávamos a pedra, trabalhávamo-la nas nossas instalações e, depois, voltava para o país de origem”, refere João. Em 2014, ocorreu a aquisição de uma pedreira na Irlanda (Lecarrow Azul), semelhante à pedra belga, mas com algumas caraterísticas que as diferenciam. Coincidente com estes investimentos, existiu uma aposta em presenças em feiras internacionais do sector, em profissionalizar a vertente comercial e de visitar clientes, obtendo notoriedade no mercado internacional. Neste momento cerca de 95% da nossa produção é para exportação. “Vendemos para a Bélgica, França e Holanda que são os nossos principais mercados na Europa continental. A Irlanda é também um mercado muito importante. Existem outros países a ter em conta devido ao fator da proximidade, como a Alemanha, Itália e Suíça. Apostamos ainda nos Estados Unidos, Coreia, China, Índia e, ocasionalmente, no Médio Oriente”, salienta João Marques, sem nunca esquecer os clientes locais. “Hoje, trabalhamos, com grande expressão as pedras Creme de Fátima e Lecarrow Azul das nossas pedreiras”, explica o atual administrador.
A retenção de talento e a inovação têm sido, as apostas estratégicas da empresa, que conta atualmente com a arte, mestria, técnica e know-how da equipa constituída por cerca de 50 pessoas e com tecnologia de corte e polimento de última geração.
O profissionalismo, talento, tecnologia e a qualidade das pedras trabalhadas permite à Fátima Stones ser parceira de referência em obras grandiosas e emblemáticas espalhadas pelo mundo, como é o caso do Hotel Adare Manor, na Irlanda, 95 Wall Street em Nova Iorque ou as Galerias Lafayette em Paris, ou ainda a nível nacional, o Santuário de Fátima, o Hotel Sheraton no Algarve e o edifício da Reitoria da Universidade Nova.

Instalações Fátima Stones

Sendo a Fátima Stones uma empresa global, que projetos têm em mente para o futuro?
“De 2000 a esta parte, duplicámos o volume de negócios”, começa por afirmar, mas o futuro da Fátima Stones poderá não ser em Fátima, a inexistência de uma zona industrial consolidada, as dificuldades de licenciamento e a marginalização das indústrias que contribuíram para o crescimento de Fátima e, que ainda hoje, significam um número significativo de postos de trabalho e de receitas para o concelho, condicionam de tal forma, “que estamos a repensar os investimentos futuros.
As nossas raízes serão sempre em Fátima, mas as empresas precisam de evoluir e o timing das empresas é condicionado pelos mercados, pela oferta e procura não podemos esperar por vontades políticas”, e a Fátima Stones é, hoje, uma referência no mercado, pela qualidade dos seus produtos e pelo know-how adquirido ao longo de três gerações.
“A nossa mais-valia reside nas pessoas que trabalham connosco, a nossa equipa, os nossos clientes, são eles que nos fazem ser diferentes e que permitem à Fátima Stones ser uma referência no mercado da Pedra Natural”.

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