Farmácia Adriano Moreira: “Dar anos à vida e vida aos anos”

Há 83 anos, a 10 de março de 1936, surgiu, no centro de Castelo de Paiva, a Farmácia Adriano Moreira. Atualmente, dirigida por João Carlos Moreira, a farmácia não passa despercebida, sobretudo pelo prestígio e pela qualidade de serviços que disponibiliza.

“Esta farmácia foi fundada em 1936 pelo, Dr. Adriano Moreira, o meu avô. É uma farmácia bastante antiga que ao longo dos anos manteve a sua localização nesta casa que pertencia aos meus avós. O meu avô era de Castelo de Paiva, como aliás toda a minha família originalmente é, tinha estado a trabalhar numa farmácia em Vidago, após concluir a licenciatura no Porto, e quis ter uma farmácia na sua terra que fosse uma referência, e assim o conseguiu.” É assim que o Dr. João Carlos Moreira apresenta o nascimento da sua “casa”.
A equipa, o tipo de atendimento, o nível de aconselhamento, a acessibilidade e a proximidade que têm com as pessoas não deixam margem para dúvidas. “Acho que o grau de confiança que já conquistámos ao longo destes anos todos é aquilo que mais nos distingue”, confessa.
Somado à qualidade dos recursos humanos e à localização da farmácia, também a variedade de serviços facultados é outro fator que diferencia a farmácia. “Temos vários serviços complementares: consulta de nutrição, de podologia, de dermo-farmácia e cosmética, pé diabético e cessação tabágica. Temos também a consulta farmacêutica, um serviço muito específico que prestámos há alguns anos, que consiste em acompanhar, de forma mais diferenciada, doentes crónicos e polimedicados. Fazemos uma consulta em que basicamente o nosso utente traz tudo aquilo que está a tomar — toda a medicação que faz e todas as receitas que tem — e nós fazemos uma análise, esclarecemos dúvidas e se virmos que há alguma necessidade de encaminhar informação mais específica para o médico de família nós fazemo-lo. É muito útil para esclarecer posologias, detetar efeitos adversos ou interações entre medicamentos e mesmo sobredosagem ou duplicação de medicação, como já várias vezes detetámos. Participamos regularmente em projetos piloto de âmbito nacional, regional ou mesmo local, como foram e são a DPOC, a Pressão Arterial, a Diabetes, etc. Efetuamos rastreios a várias doenças como, por exemplo, o cancro do cólon retal, a osteoporose, entre outros. Ou seja, é todo este universo de serviços que a Farmácia Adriano Moreira presta e que eu acho que nos distingue de forma clara”.
Ir à farmácia acaba por ganhar outro significado quando o acolhimento é repleto de tamanho cuidado e quando a comunidade não se dirige à Farmácia Adriano Moreira, é a própria farmácia que vai até à comunidade. “Temos ações de esclarecimento, ações de formação e vamos às escolas sempre que convidados. Estamos sempre disponíveis para fazermos sessões de esclarecimento que são promovidas por nós ou em colaboração com outras entidades, quer seja na cidade ou no concelho. Colaboramos com várias IPSS’s e fazemos, há muitos anos, uma sessão de esclarecimento materno infantil — mais virada para novas mães, mas não em exclusivo — normalmente uma, a duas vezes por ano”.
“Acho que a nossa integração e o nosso envolvimento com a comunidade são bastante elevados”, entende o diretor técnico. “A confiança é algo que se conquista todos os dias, nunca é um dado adquirido. Há que todos os dias fazer sempre melhor do que ontem, fazer sempre mais e, sobretudo, manter o foco nas pessoas, perceber quais são as suas necessidades”.
Mesmo com todo o perfecionismo e atenção, nem sempre tudo corre como esperado e houve uma época em que o doutor João Carlos Moreira assistiu em primeira mão a uma crise no setor. “Não quero dar excessivo relevo à grande crise por que todos passámos. Penso que temos todos, os portugueses em geral, lutado por ultrapassá-la e, felizmente, parece que estamos a consegui-lo. Deixou-nos, a quase todos, duras lições. Prefiro focar-me no futuro. Ainda assim, acho que a crise foi percetível para a larga maioria das farmácias e para as pessoas também, no espaço de dois ou três anos (2011, 2012 e 2013) o setor como um todo sentiu quebras acentuadas de vendas, cerca de 30 por cento, o que é muito impactante numa indústria que não tem uma margem assim tão grande. A somar a isso tem havido falta de medicamentos nas farmácias, quase sempre por razões que nada tem a ver com elas”.
Para contornar a situação, foi necessário acertar vários fatores. Uma das alterações mais significativas foi, exatamente, a ampliação da oferta, que permitiu alcançar a quantidade e o tipo de serviços que são hoje fornecidos na Farmácia Adriano Moreira. Outro aspeto estabeleceu-se na perceção do modelo de farmácia desejado. “Percebi que precisava de colaborar com outras farmácias para conseguir gerar algumas poupanças para continuar a investir na qualidade do que fazemos. Fazemos parte de a uma marca de farmácias há muito tempo, as Farmácias Holon, o que não só nos permite essa economia de escala e o sustentáculo para a farmácia, como também sempre me revi muito na visão que tinham do tipo de farmácia e do tipo de atendimento. Para nós esse alinhamento estratégico é fundamental. Sabemos o que queremos ser e partilhamos uma estratégia e um caminho para lá chegar”.
João Carlos Moreira já acompanhava o trabalho das Farmácias Holon, mas só se juntou formalmente no início de 2012 quando atravessava uma luta incessante, mas sempre com esperança que tudo melhorasse a seu tempo. Foi possível “capacitar a equipa” e dar lugar ao “nível de serviço de excelência” que os caracteriza atualmente. Prova dessas qualidades é o estatuto de farmácia do ano em 2017 conquistado e que significa, acima de tudo, orgulho. “É uma distinção que nos alegra muito. Deixou-me muito orgulhoso, porque é um trabalho de equipa e eu sempre tive a visão de que a farmácia tem de ter uma equipa muito boa e homogénea e julgo que estamos a caminhar nesse sentido, sempre a melhorar e isso é muito importante. Eu sempre defendi que a equipa da farmácia tem de valer como um todo, tem de ser competente e homogénea. Todos somos diferentes, mas o nosso atendimento e serviço tem de ser igualmente bom, qualquer que seja de nós a prestá-lo. Sinto que temos conseguido isso graças ao grande esforço de melhoria coletiva que esta equipa tem feito”.
“Prestar o melhor serviço possível a todas as pessoas todos os dias” é a principal meta traçada. Como brinca o doutor, “é dar anos à vida e vida aos anos”. E não se fala apenas de tratar o utente. “Estamos também a falar de prevenir, ensinar, colaborar, para que as pessoas tenham também uma saúde ativa e uma vida ativa”. Não basta “aumentar a esperança média de vida”. Também é essencial aumentar a qualidade de vida nesses anos.
O futuro é sempre incerto, mas as intenções da Farmácia Adriano Moreira são claras e otimistas, “melhorar sempre em todos os aspetos”. No entanto, é evidente que há áreas que merecem mais cautela do que outras. “A gestão de stocks tem de ser hiper criteriosa. Não só por uma questão de desperdício ou de margem, mas, sobretudo, porque é extremamente importante que, quando venham à farmácia, as pessoas tenham de imediato o produto que precisam”. É por isso que os olhos estão focados naquilo que está para vir. “Tentamos perceber o que vai ser a farmácia em 2025 ou 2030 e tentamos preparar-nos para isso. Claramente, parece-me que todo o setor evolui para não só vender produtos como também serviços. E isso é uma mudança. É uma mudança que se vai fazendo todos os dias um pouco e, de repente, daqui a 10 anos, quando olharmos para trás, veremos que fizemos um grande caminho”.
Quando olha para aquilo que era a sua farmácia em 2012, João Carlos Moreira percebe que a circunstância “mudou bastante”. “Mudou mais neste espaço de tempo do que, se calhar, nos 20 ou 30 anos anteriores. É um pouco porque estamos a viver uma revolução industrial e é tudo muito mais rápido nesta altura. Até por isso, é sempre importante nunca parar, perceber que temos sempre de continuar a olhar para a frente. Temos de estar contentes e satisfeitos com aquilo que já fizemos no passado, mas perceber que passado é passado. Agora é construir sobre ele, continuar a melhorar e esperar que as pessoas continuem a confiar em nós, como confiaram até agora”.
Um pouco em conclusão diz-nos “Sou há 17 anos o proprietário e Diretor Técnico da farmácia que o meu avô fundou. Tenho muito orgulho nesta história a que damos seguimento, mas também naquilo que esta geração da farmácia já conseguiu. Os primeiros anos foram duros, de muito trabalho e muito pensamento. A farmácia precisava de uma intervenção física muito considerável. Praticamente não ficou pedra sobre pedra. Demorei três anos a imaginar e desenhar o projeto e mais um para o concretizar. Valeu a pena, sem dúvida. Estabelecemos as fundações para tudo o que veio depois. Já abordei o muito que fizemos e modernizamos nos últimos anos, mas há algo que para mim significa muito: apesar das mudanças físicas e de processos, a matriz da farmácia manteve-se a mesma. Continuamos a ser uma farmácia de referência, reconhecida pela qualidade do nosso atendimento, pela proximidade, simpatia e atenção da nossa equipa e pela confiança que em nós depositam, mas também porque as pessoas sabem que normalmente temos a resposta para as suas necessidades”.

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