Doce Lourinhã identidade e qualidade
Na Lourinhã, uma vila portuguesa localizada na província histórica da Estremadura e no litoral da região Oeste, encontra-se o incrível atelier Doce Lourinhã — Bombons, Pastelaria e Garrafeira. A Revista Business Portugal teve o privilégio de conversar com a Chef Sílvia Baptista, que partilhou a fascinante história por trás do espaço onde a magia da doçaria se encontra com a excelência da Garrafeira.
O despertar da paixão
Para Sílvia, cada iguaria é mais do que uma simples sobremesa, é uma história cuidadosamente elaborada. A chef, uma apaixonada pela arte da pastelaria desde a infância, partilha que “desde miúda, sempre me encantei com a pastelaria. O meu pai trabalhava na distribuição de café e eu costumava acompanhá-lo. Havia sempre uma ou outra Pastelaria que eu adorava frequentar, onde me deixavam espreitar a produção e ver a magia acontecer. Esse fascínio ficou comigo, mas a vida seguiu outros caminhos e o entusiasmo acabou por adormecer”.
Durante a licença de maternidade, há 11 anos, Sílvia questionava-se sobre como ocupar o seu tempo livre e foi então que se apaixonou pelo Cake Design. Decidiu fazer uma pequena formação para aprender a trabalhar com pasta de açúcar e, após o nascimento da filha, começou a explorar as suas criações com mais profundidade. “A paixão cresceu tanto que, quando a minha filha fez nove meses, decidi aprofundar os meus conhecimentos com um curso mais extenso de Cake Design na Academia Profissional de Cake Design nas Caldas da Rainha. Aprendi a trabalhar com chocolate, que me fascinou bastante, e foi aí que passei a criar os bombons com a Aguardente DOC Lourinhã. Mais tarde, quando a Academia abriu um curso de pastelaria, inscrevi-me de imediato. E assim começou a minha aventura”.
O sucesso das especialidades
Em 2018, Sílvia lecionava aulas de pastelaria a mini chefs. Nesse mesmo ano, surgiu o ‘Festival da Abóbora da Atalaia’, e com o objetivo de envolver os seus jovens alunos, criou algumas receitas para que pudessem apresentar no festival. Entre essas criações, nasceu uma Tarte de Pevides de Abóbora. Esta delícia é preparada com produtos de alta qualidade, e a sua cobertura de pevides confere-lhe um sabor único, original e inconfundível, que encanta todos os que a provam.
A tarte foi levada a concurso por Sílvia e o nome surgiu mais tarde. A tarte teve um enorme sucesso, e foi aí que tudo começou com a comercialização da mesma. “O nome de ‘Tarte D. Isabel’ surgiu, porque eu gosto sempre de batizar os meus produtos com referências à história local.
A Dona Isabel foi co-fundadora da associação que criou o Museu da Lourinhã e responsável pela descoberta do maior ninho de dinossauros do mundo, o que catapultou a Lourinhã para Capital dos Dinossauros, então de forma a homenageá-la, ainda em vida decidi dar o nome dela à tarte. Tento sempre batizar as minhas obras gastronómicas com nomes históricos”, remata a chef. Uma prova disso é o fabuloso ‘Pedro & Inês com ló’, um pão de ló deliciosamente confecionado com o melhor dos chocolate e Aguardente DOC Lourinhã.
A ‘Tarte D. Isabel’ é a especialidade mais comercializada e apreciada por quem visita a Doce Lourinhã. “Apesar de ainda não ter expandido o negócio a nível nacional, a Tarte D. Isabel é um produto que já conseguimos mandar para todos o país”, revela Sílvia com orgulho. Além do mais é um produto único com registo no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, com produção exclusiva na Doce Lourinhã.
Num atelier onde cada detalhe é pensado ao mais ínfimo pormenor, o logotipo não poderia ser exceção. “Quis dar uma identidade ao nosso logotipo, pois é a nossa imagem. Para nos representar, escolhi a rosácea da nossa igreja matriz, que é um elemento arquitetónico com um significado muito profundo, representando um ponto de referência histórico e cultural”.
Um negócio familiar
A ‘Garrafeira O Casco’ já existe há mais de 40 anos, tendo sido originalmente um negócio dos pais de Sílvia. “Quando entrei na área da pastelaria, percebi que precisava de um espaço para comercializar os meus produtos. A produção podia ser feita noutro lugar, mas o ponto de venda era indispensável. Então tive a ideia de unir os dois negócios, que revelou-se a solução perfeita, e instalei o meu atelier atrás da garrafeira”. Com um conceito único na região o espaço trata-se de um negócio familiar, em que a chef e a mãe ajudam-se mutuamente, acabando por trabalharem ambos os negócios em plenitude.
A Garrafeira, por sua vez, acaba por ser um alicerce do atelier, especialmente numa altura em que cada vez mais se consomem vinhos de Lisboa e aguardente DOC Lourinhã. “Ainda me lembro de quando as pessoas só procuravam vinhos do Alentejo e do Douro, agora cada vez mais se consome os vinhos de Lisboa, especialmente os daqui da Lourinhã. Os clientes provam e percebem que aqui também há coisas boas”.
Quem visita a Garrafeira tem a oportunidade de conhecer o atelier de Sílvia, proporcionando uma experiência única e enriquecedora ao explorar a diversidade de sabores e aromas num só espaço.
O percurso até ao sucesso
A chef Sílvia iniciou o seu percurso do zero e, quase doze anos depois, prova que a resiliência é a alma do negócio. “Sou muito feliz, tento sempre dar o meu melhor e ser criativa. Faço o que gosto e ensino a minha arte, o que para mim é apaixonante”.
Além disso, o percurso da Doce Lourinhã tem sido feito com calma e paciência. “É engraçado ver como, desde 2018, tudo evoluiu de forma tão natural. Sinto um orgulho enorme do que construí, mas reconheço que isso se deve ao apoio que recebi e à colaboração da região. Sei bem que, sozinhos, não iríamos muito longe”, confessa.
Assim, fica o convite a todos os curiosos de pastelaria, a visitarem e deliciarem-se com os produtos da Doce Lourinhã — Bombons, Pastelaria e Garrafeira.