De olhos postos na modernização e na inovação

Com base no pressuposto de que os alunos de hoje serão os profissionais de amanhã, o Professor Doutor Jorge Conde, Presidente do Politécnico de Coimbra, dá-nos conta dos projetos que estão a desenvolver atualmente, nomeadamente o “Espaço U” e a nova escola para cursos técnicos superiores profissionais e pós-graduações.

Professor Doutor Jorge Conde, Presidente do IPC

Estamos na reta final de 2022. Nesse sentido, gostaríamos de saber qual o balanço que faz do trabalho desenvolvido ao longo deste ano?

Apesar daqueles dois anos de pandemia, em que nos vimos obrigados a fazer uma série de ajustes e esforçamo-nos no combate da Covid-19, este ano, pudemos regressar à (quase) normalidade e portarmo-nos como uma instituição académica de facto, dedicando-nos àquele que é, efetivamente, o trabalho de um estabelecimento de ensino superior. Por isso, eu faço um balanço extremamente positivo das ações desenvolvidas no presente ano.

 

Nomeie os principais desafios que o ensino superior enfrenta atualmente. Considera cada vez mais importante que o ensino acompanhe a evolução tecnológica para garantir uma melhor adaptação dos recém-formados ao mercado de trabalho? 

Nos dias que correm, o ensino superior português enfrenta um conjunto de desafios que estão diretamente relacionados com a sua afirmação no mundo. Apesar de termos um ensino de elevada qualidade, estamos num campeonato altamente competitivo, onde existem países com mais possibilidades do que nós. Portanto, se queremos manter os alunos portugueses a estudar em Portugal e captar outros tantos, do ponto de vista internacional, temos que estar permanentemente numa ação de modernização, inovação e desenvolvimento. Para além disso, o volume de dinheiro que o ensino português tem para viver é demasiado curto, pelo que acaba por ser um desafio muito grande para as instituições de ensino conseguir fazer mais, com menos.

Quanto à segunda questão, ter laboratórios e oficinas adaptados à nossa realidade atual é, igualmente, muito importante. A circulação de dinheiro, quer do ponto de vista comercial, quer no âmbito dos apoios europeus ao sector empresarial, tem sido suficiente para ir modernizando a indústria. As instituições de ensino superior que não se adaptarem à utilização das novas tecnologias, estarão sempre a praticar um ensino desfasado no tempo e desatualizado comparativamente ao mercado de trabalho atual.

Eu diria que o grande desafio passa por acompanhar a evolução tecnológica e ser capaz de ombrear com as empresas, seja através de parcerias ou mediante o ensino “puro e duro”, no sentido de que os estudantes terminem os estudos muito bem formados e adaptados a essa inovação inerente ao mundo do trabalho.

 

Numa entrevista recente avançou que estão a construir residência para estudantes com 400 camas. Acredita que a criação do “Espaço U” poderá atrair ainda mais estudantes para a cidade de Coimbra?

Acredito que poderá trazer, pelo menos, uma maior predisposição para, assim que chegar o momento de os estudantes fazerem a sua escolha, optarem pela cidade de Coimbra. Neste momento, não se pode que a cidade de Coimbra tem falta de alojamento, mas sim de alojamento de qualidade. As crises económicas vão fomentando esta situação, isto é, os quartos vão-se mantendo, porém, a sua qualidade vai-se degradando, uma vez que nem todos os senhorios têm disponibilidade para dotarem os seus alojamentos das condições que os estudantes, hoje em dia, pretendem e exigem. É tendo presente esta situação, que decidimos construir um espaço com 400 camas e zonas de apoio, nomeadamente, ao desporto, à saúde e ao estudo. O denominado “Espaço U” será um local atrativo e, através dele, os estudantes vão poder perceber que temos ótimas condições que vão muito para além das salas de aula.

Para além deste espaço, junto à Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Oliveira do Hospital, vamos dar início à construção de uma residência com 100 camas que visa, igualmente, criar alojamento de qualidade e, consequentemente, tornar a nossa escola mais atrativa para quem quer estudar no interior do país.

 

Ao que também pudemos apurar, o Instituto Politécnico de Coimbra vai construir uma escola para cursos técnicos superiores profissionais e pós-graduações. Pode-nos revelar quais as suas mais-valias para os alunos?

Temos, aproximadamente, 700 alunos a frequentar Cursos Técnicos e Profissionais (CTeSP). Estes estão divididos por duas das escolas das escolas de Coimbra e pela escola de Oliveira do Hospital.

Aliás, neste momento, já podemos falar em três escolas, o Instituto Superior de Engenharia e a Escola Superior Agrária (as mais tecnológicas) e, este ano, na área do desporto, a Escola Superior de Educação também já abriu outro curso.

Esta nova escola que vamos construir tem como objetivo, não só dar resposta às formações já existentes, mas também ter uma maior mobilidade para poder fazer cursos em áreas onde as nossas outras escolas estão saturadas e não têm corpo docente suficiente para esse efeito. Vamos, no fundo, investir em todas as áreas que já existem no Politécnico de Coimbra, mas com uma maior capacidade de criar cursos, de uma forma mais célere do que a atual.

 

Para além destes projetos, o que podemos esperar do Politécnico de Coimbra no próximo ano letivo?

Para além dos projetos mencionados anteriormente, podem esperar uma maior aposta na inovação e na investigação. Como sabem, defendemos a ideia de que os Politécnicos vão lecionar doutoramentos e vão alterar a sua designação para “Universidades Politécnicas” e, nesse sentido, estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para garantir que estaremos à altura desses desafios. Além disso, vamos ter centros de investigação, corpo docente ainda mais qualificado, condições do ponto de vista tecnológico e parcerias com a indústria para poder fazer tudo isso.

 

Para terminar, gostava de deixar uma mensagem de Boas Festas tanto à comunidade educativa, como aos docentes e colaboradores do Politécnico?

Sim! Quero desejar a toda a comunidade do Ensino Superior Português e, particularmente, à nossa comunidade do Politécnico de Coimbra, umas festas felizes, em paz e harmonia e que 2023 possa trazer ao mundo a paz que tanto ambicionamos com o final do conflito que vivemos neste momento e com a normalização da nossa vida quotidiana.

You may also like...