Caminha: relações transfronteiriças são o futuro da região

A vila de Caminha está inserida na região do Minho, a zona de maior ligação com Espanha e, em entrevista à Business Portugal, Miguel Alves, presidente da Câmara Municipal de Caminha, considera que “ainda há muito mais que pode ser feito”. É importante o que se está a fazer na ferrovia no que diz respeito à passagem transfronteiriça, mas “há programas comunitários que têm alguma capacidade para potenciar a economia”.

 

Miguel Alves, Presidente

Tal como outras regiões do interior, a vila de Caminha tem merecido a atenção e investimento por parte do Governo central. Destaca-se a modernização da linha do Minho, vantajosa para a região, “porque moderniza tudo aquilo que tem a ver com a ligação ferroviária” e potencia as relações transfronteiriças. Cria uma “melhor acessibilidade, descarboniza a linha e melhora a ligação com o território, uma vez que colmata algumas deficiências de passagens de nível”.  Para quem está do outro lado da fronteira, será uma forma “mais fácil e simples” de passagem e de criar uma relação a nível industrial, “porque não é só para passageiros, mas também para mercadoria”.

Nesse sentido, o Município de Caminha irá financiar um estudo que servirá para estudar a possibilidade de “aquisição e manutenção de uma embarcação diferente do ferry boat que permita superar os problemas de assoreamento existentes e avaliar os custos e rentabilidade económica e ambiental de uma ponte ou de um túnel sob o estuário do rio Minho, que é uma zona Rede Natura 2000 e tem um contexto particularmente sensível no que respeita à biodiversidade e à paisagem”.

 

Investimentos futuros em Caminha

A autarquia tem já vários projetos pensados para o futuro de Caminha, nomeadamente a nível transfronteiriço.  Miguel Alves começa por destacar “um investimento privado de oito milhões de euros” num Centro de Exposições Fronteiriças. Será um pavilhão multiusos com capacidade para 2600 espetadores em eventos desportivos e culturais e 5500 espetadores em feiras, congressos ou convenções, o “maior centro de exposições do Alto Minho e um dos maiores no norte do país”. Com este investimento “criam-se condições para combater a sazonalidade e potenciar o aparecimento das estruturas hoteleiras”.

A reabilitação urbana será também um dos focos do investimento, que para além de servir a população residente, é também um cartão de visita para quem visita Caminha. Haverá um “investimento de 1 milhão e 500 mil euros em Vila Praia de Âncora, de forma a melhorar o espaço público. A que se acrescenta a requalificação do centro histórico, onde já foi iniciada a primeira fase, com “intervenção nas redes de água, na rede de saneamento e gás natural e um piso com materiais novos”.

O investimento da reabilitação urbana alarga-se ao mercado Municipal de Caminha, num investimento de 600 mil euros, que, de acordo com o autarca, é “um mercado obsoleto com 40 anos”. A partir de novembro será construída “uma ecovia com uma extensão de cerca de 1500 metros”, que faz a fronteira da vila com o rio Minho.

Um outro investimento, que apenas se fará sentir “daqui a dez anos”, será a reabilitação da Escola Secundária de Caminha e a construção de uma nova Escola Básica em Vila Praia de Âncora e uma nova sede para a Academia de Música Fernandes Fão, obra que corresponde a um investimento global de quase dois milhões de euros e que se pretende que avance até ao final deste ano”.

Este grande investimento tem como principal objetivo “melhorar as condições dos nossos alunos” uma vez que, na opinião de Miguel Alves, Caminha precisa de “alunos que saiam preparados para o ensino superior e famílias mais descansadas pela qualidade do ensino”.

No prazo estimado de dois anos, o parque escolar de Caminha, ao nível do ensino básico e superior, será “completamente modernizado, requalificado, servindo a já população, mas sobretudo aqueles que serão os cidadãos empregados daqui a dez anos”, salienta.

Estes investimentos complementam o que a autarquia pretende fazer no presente e no futuro de Caminha, para “manter o ritmo que tinha antes da pandemia”, altura em que registava um crescimento do número de turistas e o número de desempregados nunca tinha sido tão baixo como no último ano.

 

A pandemia trouxe mais movimentação ao Minho e a Caminha

Durante a pandemia, o Governo central decidiu encerrar as fronteiras, deixando apenas aberta a ligação do Alto Minho. Esta situação tornou-se insustentável e o autarca considera que “foi um erro, porque não se criaram outras alternativas e demorou muito a ser resolvido”.

A partir do momento em que foi permitida a abertura de fronteiras, o município beneficiou da permeabilidade natural que tem com Espanha: “A nível de restauração e comércio registaram-se valores e visitas no mínimo iguais aos do ano passado. Os hotéis e as casas de turismo ficaram lotadas, assim como o alojamento local”.

A pandemia veio reforçar e sublinhar a importância da região: “Demos continuidade à programação cultural com toda a segurança e com todas as regras e esse sucesso tem a ver com a permeabilidade das fronteiras”.

Miguel Alves destaca ainda que “fazem falta fundos comunitários que tenham a ver com as regiões transfronteiriças, que sejam aplicados com critérios claros de proximidade e que permitam potenciar o rio Minho como espaço de turismo e de ligação entre dois povos”.

 

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www.cm-caminha.pt

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