AMES&CD: Empoderamento no feminino

A Revista Business Portugal esteve à conversa com a Dra. Eunice Mascarenhas Monteiro, uma mulher multifacetada nos negócios e nas causas sociais e empresariais, que está focada no empoderamento feminino, nomeadamente, na CPLP.

É Presidente da Associação de Empresárias de Cabo Verde, Vice-Presidente da Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CPLP (FME CE-CPLP), Vice-Presidente da Câmara de Turismo, Embaixadora WEB, Embaixadora Urbana da ONU Habit e foi, este ano, galardoada com o More Women Award. Além disso, está sempre disposta a apoiar causas sociais, como a campanha que abraçou com a Primeira-Dama de Cabo Verde para ajudar os desalojados do tufão na Beira, atividades para prevenção do cancro da mama, é madrinha de jovens estudantes com pouco recursos, entre outros. Como consegue conciliar tudo?
Quando se escreve tudo isto, parece muita coisa, mas quando se faz as coisas com amor, tudo parece pequeno. Sou mãe e esposa, logo, tenho um acumular de tarefas de “gestora do lar”. Sou, naturalmente, uma pessoa insatisfeita. Acho que posso fazer sempre um pouco mais, cobro muito de mim, tentando ocupar o meu tempo sempre na criação de valor, produzindo algo novo e útil. A minha grande paixão, preocupação e orgulho é criar postos de trabalho, dando oportunidades aos jovens e às pessoas no geral, para transformarem as suas vidas. Saí da Administração Pública porque acreditava e acredito que, desta forma, ajudava o país a criar riqueza e diminuir a pobreza. Tudo o resto surgiu naturalmente, por força das circunstâncias.

Em que se baseia o trabalho da FME-CPLP e até que ponto o seu trabalho influenciou o empoderamento feminino.
A FME CE-CPLP foi criada a 29 de julho de 2016 e visa o desenvolvimento e a cooperação empresarial dentro da CPLP, comunidade que abrange cerca de 255 milhões de cidadãos lusófonos, nove países de quatro continentes, estando os seus Estados-Membros inseridos em cinco Comunidades Económicas Regionais. O objetivo prioritário é a melhoria do ambiente de negócios no espaço da CPLP, desde a identificação e resolução dos principais entraves, ao levantamento das oportunidades existentes e ao incentivo para a abertura a novos mercados. A Federação nasce da necessidade de valorizar o contributo das mulheres no espaço da CPLP. É um agregador das mulheres dos países de língua oficial portuguesa e tem como foco gerar negócio. A FME CE-CPLP, apesar de recente, tem levado a cabo várias atividades e assinado alguns protocolos relevantes para os seus objetivos. Escusado será dizer que todos os eventos que realizamos visam contribuir para inspirar e dotar mais mulheres de ferramentas necessárias para a sua atividade empresarial, gerar mais relacionamentos entre as mesmas e com outras personalidades femininas e masculinas do mundo empresarial.

Paralelamente, é também presidente da Associação de Mulheres Empresárias de Cabo Verde & Diáspora, qual o impacto social que esta teve no país?
Antes do mais, gostaria de salientar que o meu core business é ser empresária da área do Turismo (restauração/hotelaria) e, como qualquer empresária/empreendedora, estou sempre atenta às novas oportunidades.

De momento, estou à procura de parceiros estratégicos para abraçar o desafio de construir um hotel de maior porte na Capital do país. Apesar do receio que este desafio me traz, penso que será o meu modesto contributo para que possam começar a aparecer mulheres como CEO de grandes empresas no país. É este o salto que o meu país precisa de começar a dar. E é esta a visão que tentamos levar dentro da Associação que presidimos. Fazer com que as mulheres comecem a dar o salto, sem medo, porque são possuidoras de capacidade intelectual e mérito para o efeito, é só ver as estatísticas nos países da CPLP sobre mulheres na área empresarial. Particularmente, em Cabo Verde só na ilha de Santiago, segundo o estudo sobre o Perfil das Mulheres Empresárias 44 por cento de mulheres detêm o tecido empresarial de Santiago, sendo que destes, 77por cento das suas atividades se concentram no comércio e apenas seis por cento estão no sector industrial. Por isso, é urgente mudar este figurino de coisas. Queremos mulheres a investirem nas áreas industriais, de turismo, agro-negócio, transporte e, obviamente, nas TICs. A AMES&CD tem tido um grande impacto na sociedade empresarial! Pois, temos sido chamadas a ter um papel interventivo na economia nacional. Nesta perspetiva, a nível local a AMES vem cumprindo a sua missão, constituindo ainda um grande desafio o alargamento do nosso raio de ação à Diáspora, com a mesma eficácia.

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