Alvarinho com Alma

A PROVAM é uma sociedade constituída por dez viticultores da sub-região de Monção e Melgaço, que com a sua paixão pelo vinho, decidiram, em 1992, construir uma adega moderna e funcional para a produção de vinhos da casta Alvarinho. Abel Codesso (enólogo) e João Marques (diretor comercial) apresentaram-nos o trabalho que tem sido feito por esta entidade.

Com que objetivo foi criada a PROVAM?
João Marques (J.M.): Já lá vão 28 anos. À data, o setor não estava a corresponder às expetativas dos produtores e, assim sendo, a PROVAM foi criada para dignificar as potencialidades desta região como produtora de vinhos de excelência.
Abel Codesso (A.C.): Todos os sócios são de Monção, empresários, que dedicando-se a outras actividades, viram aqui, uma oportunidade de negócio e uma maneira de fixar mais pessoas à terra.

O que caracteriza o vinho desta região?
A.C.: Em primeiro lugar, o “terroir” onde este é produzido, seguidamente a casta Alvarinho e a paixão com que as pessoas a tratam. Neste momento, a vinha ocupa grande parte da paisagem da sub-região de Monção e Melgaço. Aqui os vinhos são encorpados, frescos, muito aromáticos e equilibrados.
J.M.: O que nos distingue é a nossa mineralidade, o nosso equilíbrio e a nossa capacidade de evolução em garrafa. Quando comprar Alvarinho procure o selo Monção e Melgaço, este selo é o que garante a nossa qualidade e a origem do Alvarinho.

Então e como é o alvarinho que a PROVAM comercializa?
A.C.: São vinhos muito equilibrados, florais, que proporcionam um grande prazer a quem os bebe, e são vinhos muito longevos. Ainda há pouco tempo provamos um vinho de 1993, com uma frescura e uma jovialidade impressionante, para um vinho com a sua idade. Um vinho de qualidade mundial, fruto do trabalho que se tem feito nas últimas décadas, hoje os vinhos de Monção e Melgaço são todos de um grande nível, do melhor que se faz em Portugal e no mundo.
J.M.: Do feedback, que recebo dos nossos clientes, todos falam em um vinho muito genuíno, versátil e gastronómico. Na PROVAM elaboramos diferentes perfis de vinho, temos espumantes, vinhos de curtimenta, vinhos fermentados e estagiados em barrica, ou seja, vinhos para todas as ocasiões e para todos os dias. Todos os dias são bons para bebermos vinhos de Monção e Melgaço.

Em Portugal, onde podemos encontrar os vossos vinhos? E qual a percentagem de exportação que apresentam atualmente?
J.M.: Em Portugal, o nosso vinho pode ser encontrado um pouco por todo o lado, garrafeiras, lojas gourmet, pequenos distribuidores locais, grandes superfícies e restaurantes de referência.
Relativamente ao mercado externo, exportamos mais de 30 por cento da nossa produção, para vários mercados, de entre os quais, se destacam a Suécia, a Noruega e o Brasil.

Como alcançaram esses mercados?
J.M.: Nós viajamos a vários países para promovermos os nossos vinhos, realizamos provas internacionais e participamos em grandes certames, organizados em Portugal e um pouco por todo o mundo.

Sentem que o alvarinho tem a projeção que merece ou ainda há muito por fazer?
J.M./A.C.: Ainda há trabalho por fazer. Não é só no Alvarinho, é em todos os vinhos portugueses. É um facto que nos últimos 30 anos houve uma revolução no setor, mesmo ao nível da formação, há mais jovens enólogos, com formação específica, que trazem novidades muito agradáveis e já não embarcam tanto em modas, elaboram vinhos únicos e diferenciadores. Mas, o vinho português ainda não tem o destaque que merece, porque somos um país pequeno, que detêm uma diversidade de castas e terroir diferentes, como nenhum outro no mundo. Não valorizamos o nosso produto e, passamos uma imagem de ‘vinho barato’. Projeção internacional de qualidade e de excelência, é nisso que temos de trabalhar!

Como podemos inverter esse cenário?
A.C.: Dando a provar! Mostrar que temos produtos de nível mundial, podendo competir com grandes regiões (Borgonha, Bordéus,etc), não pelo preço, mas sim, pela qualidade.

Acham que se houvesse mais união entre os produtores, as coisas poderiam ser diferentes?
J.M.: No dia em que descobrirmos, que é na união que está a força, as coisas mudarão. A mentalidade ainda é muito individualista e isso reflete-se nas dificuldades que temos em evoluir.
A.C. -Infelizmente, há poucas mesas redondas nesta região.

A PROVAM vinifica, atualmente, as uvas dos seus sócios-fundadores, bem como as de mais de 200 produtores da região de Monção e Melgaço.Constam da sua oferta as seguintes referências: Vinha Antiga, Contradição, Portal do Fidalgo, Varanda do Conde, Provam, Côto de Mamoelas e Castas de Monção.

Como podem avaliar o contributo que deram, nos últimos 28 anos, para a afirmação e emancipação do vinho alvarinho?
A.C. -O balanço é muito positivo, tirando a Adega Cooperativa e alguns (poucos) produtores, foi desde a criação da PROVAM que a sub-região começou a mexer, fomos o pavio da emancipação e mostramos que valia a pena investir na vinha e no vinho nesta região. Desde a nossa fundação, a vinha cresceu, e os agricultores acreditaram no sucesso desta como produto nobre e onde era seguro investir, pois as uvas eram pagas atempadamente, e no nosso caso, a pronto pagamento.
J.M. -Demos um contributo muito forte na área da investigação, demonstrando que o vinho desta região tem um grande potencial de envelhecimento e evolução, podendo elaborar produtos diferenciadores, como são o caso do Vinha Antiga (fermentado em barrica) e o Côto de Mamoelas (espumante). Temos aprendido muito nestes 28 anos.
Quais as principais novidades para este 2020?
J.M. -Estamos na fase final da ampliação e modernização da nossa Adega. Estas obras vão possibilitar-nos a reestruturação e melhor utilização do nosso espaço. Também vamos ter uma nova sala de provas e uma mini loja com visibilidade para a vinha. Pode ser que surja mais alguma surpresa.

Qual a mensagem final que pretendem deixar aos nossos leitores?
J.M./A.C. – O vinho da região de Monção e Melgaço é único. Todos os momentos são especiais e devem ser celebrados, se possível com vinhos da Provam. Não se esqueçam que “com o passar dos vinhos os anos ficam melhores”. Provem, comparem e não encontrarão melhor, bebam vinhos da região de Monção e Melgaço, sempre com moderação.

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