A revolução da saúde digital

A Saúde@Home, uma start-up inovadora no campo da saúde digital, tem sido destacada ao revolucionar a forma como a monitorização de pacientes é realizada. Entrevistamos Carlos Mateus Gomes, diretor da empresa, que nos explica sobre a origem e a missão da empresa e os avanços tecnológicos que estão a moldar a medicina.

Carlos Gomes, Diretor Créditos foto: Rita Seixas

Origem e missão da Saúde@Home

A Saúde@Home, fundada em 2017, tem o objetivo de oferecer assistência médica remota acessível, permitindo ultrapassar, por exemplo, áreas geograficamente dispersas e com desafios socioeconómicos. Carlos Mateus Gomes explica a escolha da região de Évora para a implementação do projeto piloto, devido à sua reduzida densidade populacional, deficiente rede de internet e uma ampla região (representa “um terço do território nacional, mas apenas 5% da população”).

A empresa oferece uma solução tecnológica remota, tanto para entidades públicas como privadas, que consiste na disponibilização de um conjunto de dispositivos clínicos que medem os dados vitais das pessoas onde quer que se encontrem, comunicando esses dados para uma central de monitorização, recebendo suporte para infraestrutura e tecnologia do Parque Ciência da Universidade de Évora. O projeto piloto, inicialmente focado em cardiologia no Hospital de Évora, iniciou-se em 2019, em plena pandemia Covid-19, o que proporcionou algumas ameaças, mas também oportunidades à empresa e contou ainda com o financiamento de Fundos Comunitários provenientes do Portugal 2020.

Avanços na medicina por telemonitorização

A Saúde@Home utiliza tecnologia inteligente para telemonitorização e atualmente monitoriza pacientes em Portugal, inicialmente focada em cardiologia e, posteriormente, em oncologia onde monitorizam um número alargado de pacientes.

A empresa está em vias de se expandir internacionalmente para Angola e São Tomé e Príncipe, tanto para o setor privado como público. Para além disso, o Diretor menciona planos de expansão para outras áreas da Medicina, como diabetes, hipertensão, saúde mental, entre outros, procurando monitorizar diversas condições de saúde. “O objetivo é sempre tratar as pessoas e salvar vidas”, salienta.

O sistema de telemonitorização da Saúde@Home é composto por três módulos: aparelhos de medição para várias leituras, como a oximetria, ecocardiograma, entre outros; tecnologia para recolha e transmissão de dados e uma central de monitorização, para controlo e avaliação dos profissionais. Carlos Mateus Gomes esclarece que os parâmetros vitais são monitorizados em tempo real e, em caso de desvios, são acionados alertas visuais e sonoros para os profissionais de saúde para uma intervenção rápida. “Esse tipo de monitorização proporciona uma sensação de segurança para as pessoas, pois sabem que estão a ser seguidas e, se necessário, receberão assistência mesmo estando em casa”, explica Carlos.

Reação da comunidade médica

A aceitação da telemonitorização pela comunidade médica é influenciada por vários fatores, incluindo a falta de familiaridade dos profissionais de saúde com estas tecnologias, receio das mudanças nos modelos tradicionais, escassez de opções fiáveis no mercado e comunicação inadequada das empresas que desenvolvem as tecnologias. Também a aceitação varia conforme as experiências locais e reflete diferenças culturais nas atitudes em relação à inovação.

Apesar disso, o Diretor vê essa tecnologia como o futuro da medicina, permitindo que as pessoas sejam monitorizadas nas suas casas ou onde se encontram e “só se dirigiram aos hospitais em casos agudos”. Contudo, a implementação requer adaptações nos sistemas de saúde, infraestruturas tecnológicas e protocolos integrados.

Futuro da Saúde@Home

Para o futuro, a Saúde@Home tem como objetivo tornar-se um dos principais líderes “nesse mercado emergente”. Carlos Mateus Gomes enfatiza a importância do investimento em pesquisa para utilizar os dados recolhidos e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, através da tecnologia e da monitorização remota. “Eu diria que estas tecnologias são muito importantes para ajudar em circunstâncias futuras, que neste momento não existem e que nós nem sonhamos que possam vir a ajudar. Além disso, o objetivo é aproveitar a vasta quantidade de informações disponíveis atualmente para aplicá-las num propósito específico no futuro”, salienta.

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