“A pensar em si”
Com uma equipa especializada nas diferentes áreas, um suporte tecnológico de ponta e objetivos de melhoria contínua, o Grupo Clara Saúde oferece um conjunto de serviços disponíveis na esfera de conforto do utente. Em entrevista à Revista Business Portugal, Carlos Clara, CEO do Grupo Clara Saúde, destaca que pretende a diferenciação pelo humanismo, proximidade e honestidade, a par do reconhecimento efetivado do rigor médico e científico, preocupação com o ambiente, investimento na inovação e na investigação científica.
Como nasceu o Grupo Clara Saúde, qual o seu primeiro grande objectivo e a razão, ou razões, que o fizeram entrar numa área altamente competitiva?
Na realidade o Grupo só se formalizou em 2018, como tal. No início (2010) apenas existiam três pequenas unidades; um laboratório de análises clínicas (a Labocentro) uma clínica de radiologia (a Ceraque) e uma clínica médica (Clínica da Encarnação). A intenção inicial não se prendia com a constituição de qualquer grupo empresarial, mas sim de ter uma unidade para cada um dos meus filhos, continuando eu na minha atividade hospitalar. Com o aprofundar da crise, e para ajudar alguns colegas, fui ficando com as suas unidades. No final de 2016, ultrapassámos as 20 unidades. Impôs-se então a profissionalização da equipa, o meu abandono da Direção de Serviço e do estatuto de funcionário público e a estruturação das unidades em Grupo Empresarial.
Está satisfeito com a estrutura que conseguiu erguer neste espaço de tempo que está no sector da saúde ou pensa que muito mais poderia ter sido feito?
Claro que nunca estamos satisfeitos, pois poderíamos ter sempre feito mais. Mas com as condições que tínhamos e o enquadramento do nosso crescimento, muito conseguimos fazer. Não pudemos ir mais além, essencialmente por dois motivos: pelo peso da burocracia e favorecimento de alguns players no mercado, por um lado, e porque a banca normalmente está ao lado de quem não precisa.
O Grupo tem um percurso ainda relativamente curto num sector tão competitivo. O que trouxe de novo ao mercado que o diferenciam da concorrência? Qualidade, equipamentos, tecnologia, preço, serviços inovadores?
São três os fatores que nos distinguem: um tratamento mais humano e próximo dos nossos clientes, com uma entrega pessoal dos nossos recursos humanos a esta forma de estar; aposta forte na componente científica, não só na atividade que desenvolvemos, mas também com a participação em estruturas dedicadas à investigação científica (Laboratório Colaborativo Almascience – www.almascience.pt); intervenção na sociedade e no ambiente, através da criação de formas que facilitam o acesso aos cuidados de saúde, doações de produtos essenciais a Hospitais, como EPI’s nesta altura de pandemia, utilização de uma frota de carros elétricos.
No cenário em se encontra hoje a saúde em Portugal, como se posiciona o Grupo Clara Saúde? Ser uma das grandes referências no sector, à semelhança de outros grandes grupos, é o vosso grande objectivo?
É exatamente o contrário. Claro que queremos ser referência, mas não da mesma forma dos outros grupos. Queremos ser diferenciados pelo humanismo, proximidade e honestidade. Porque pelas outras características já somos reconhecidos: rigor médico e científico, preocupação com o ambiente, investimento na inovação e investigação científica.
Uma das marcas que se destaca claramente tem sido a lógica de expansão, na Grande Lisboa e uma unidade no Alentejo (Castro Verde). Para estas áreas existem novos projetos, nomeadamente para o Alentejo, ou o número de unidades já em funcionamento nas duas regiões demográficas foi o definido estrategicamente pela administração?
O crescimento na área da saúde é inevitável. Se não crescermos estamos condenados a desaparecer. Felizmente, têm surgido muitas oportunidades de crescimento. Apenas temos que verificar se esse crescimento se enquadra na nossa filosofia. O Alentejo, por vários motivos, sempre será uma zona onde o nosso esforço se concentrará. Mas muitas outras áreas geográficas poderão contar com a nossa presença. E estamos agora a estudar algumas oportunidades de internacionalização.
O que nunca poderá mudar no Grupo Clara Saúde…que garantia pode deixar às populações na forma e no conteúdo de atendimento às suas necessidades?
O procurarmos atender às necessidades de quem nos procura; a simpatia, humanismo e proximidade no atendimento; a preocupação com o bem-estar dos nossos colaboradores; o rigor dos cuidados que prestamos.
Quais os grandes desafios que antevê no horizonte para o Grupo que lidera?
A solidez do Grupo e a proteção dos seus colaboradores vai depender de uma série de fatores. Uma gestão e um planeamento rigorosos vão ser essenciais. Uma política de crescimento segura e uma organização operacional eficaz vão ser o seu suporte. Mas muitos desafios não vão depender de nós: o favorecimento, a burocracia, a concorrência nem sempre leal.
A problemática da Covid-19 é um assunto incontornável. Passado mais de um ano, desde o início da pandemia, como é que o Grupo tem enfrentado (com ajuste internos certamente), e ajudado as populações, a fazer face a este vírus?
Julgo que a nossa contribuição ultrapassa em muito a nossa dimensão: temos implementados no terreno imensos postos de colheitas dedicados ao diagnóstico da Covid, referenciados pela DGS; temos contribuído com ofertas para várias instituições, nomeadamente hospitais públicos e instituições privadas e de solidariedade; mantivemos, em tempo de pandemia e, quando os nossos doentes não tinham onde recorrer, as nossas unidades de diagnóstico e consultas, abertas. Mas, porque não estamos inseridos em nenhuma estrutura organizada (partidária, associativa ou outros grupos de influência) temos sido sistematicamente preteridos para os players do “sistema”. Em Março de 2020, propusemos a instalação de centros de rastreio nos nossos aeroportos: ninguém nos deu ouvidos. Há alguns meses, tivemos a ideia da criação de um free-pass Covid-19 baseado nas vacinas, nos testes e na imunidade: ninguém quis saber e agora aparece a ideia de um “certificado digital covid” europeu. Apesar disso, é inquestionável a importância que temos tido, ao longo do tempo, no combate a esta pandemia.
Acha que ainda pode acrescentar algo mais nesse vosso esforço para este difícil combate?
Estamos sempre a pensar em formas de poder ajudar. É com esse intuito que estamos presentes nos Açores e temos protocolos com ambos os nossos arquipélagos para efetuar testes a quem para lá se desloca. Vamos abrir, ainda no mês de junho, 10 centros de diagnóstico Covid em toda a costa Algarvia (desde Vila Real de Santo António a Sagres) com o objetivo de apoiar o nosso turismo nesta região. Estamos a ultimar protocolos com o turismo de alguns países de língua portuguesa, por forma a facilitar o intercâmbio de turistas entre eles e o nosso país.
Na sua visão privilegiada como médico está pessimista ou pelo contrário, de alguma forma esperançado do que a breve prazo esta grave situação poderá estar sob controlo?
A única certeza que tenho é que estamos todos a aprender com esta pandemia. O conhecimento está a consolidar-se à medida que o tempo passa e penso que, em breve, todas as medidas que se vão tomando serão mais eficientes. Embora a vacinação tenha vindo ajudar na diminuição de casos graves, acho que esta pandemia permanecerá durante mais algum tempo. Mas o nosso país pode sempre contar com o nosso empenho, dedicação e espírito de missão.