UBI: uma universidade do mundo para o mundo
Professor Catedrático do Departamento de Gestão e Economia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e, desde o dia 8 de junho, Reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Mário Raposo apresenta-nos uma universidade moderna, empreendedora, dinâmica e atrativa nas mais diversas dimensões e que representa a escolha certa para futuros estudantes.
Quais são os seus principais objetivos nesta nova função?
Os objetivos de um reitor de uma universidade são sempre muito vastos. Obviamente que os principais são cumprir com a missão da universidade: ensino, investigação, transferência de conhecimento, promoção da cultura e a ligação à região.
Neste momento, também há uma preocupação imediata relacionada com o financiamento das universidades. A UBI é uma das instituições que, em termos de financiamento, tem sido mais prejudicada face à evolução do número de alunos que tem tido nos últimos anos. Daí que todo o trabalho que temos feito, desde o início, é conseguir os necessários recursos para que a universidade continue a proporcionar aos estudantes um ensino de qualidade e excelência, que acompanha o state of the art na generalidade das áreas científicas. Tem sido nossa preocupação a manutenção das acreditações dos cursos, junto das agências de acreditação, nomeadamente a A3ES. Temos apostado no desenvolvimento de investigação de excelência, fundamental e aplicada, refletindo essa criação de conhecimento num ensino de qualidade, e com impactos evidentes no desenvolvimento económico e social da região e do país, através da transferência do conhecimento da universidade para as empresas, território, autarquias, associações culturais e organizações do terceiro setor.
Entre os cargos desempenhados, destacam-se a participação em diversas equipas reitorais, como vice-reitor e pró-reitor. A sua diversificada experiência será fundamental para a função atual?
Sim. Eu estou na universidade, como docente, desde 1983, e desde 1994 que estive ligado a várias equipas reitorais, em várias funções, como pró-reitor, vice-reitor, trabalhando dentro da universidade nas áreas de ensino, investigação e interface com a comunidade. Participei ativamente na criação do parque de ciências e tecnologia da Covilhã, e na nossa incubadora interna; na realização de estudos de caráter de desenvolvimento regional; e vários estudos internacionais. Por outro lado, desde há muitos anos que a minha função na universidade tem sido bastante ligada também à gestão da universidade. No entanto, nunca descurei uma grande ligação ao ensino.
Fui membro fundador da nossa unidade de investigação na área das Ciências Empresariais – NECE, avaliado com Muito Bom pela FCT. Tenho uma vasta atividade de investigação, com dezenas de artigos publicados em Journals internacionais indexados, fui autor ou co-autor de vários livros científicos e consegui a aprovação de vários projetos de investigação financiados por fundos comunitários.
Ao nível do ensino, estive ativamente envolvido na introdução da pós-graduação na área da Gestão – Mestrado em Gestão, Mestrado em Gestão de Unidade de Saúde, Doutoramento em Gestão, e também ainda, na constituição do consórcio com as universidades de Aveiro e Minho que levou à criação do Doutoramento em Marketing e Estratégia, o primeiro a funcionar na área, em Portugal. Trata-se de um Doutoramento totalmente lecionado em inglês, que funciona desde 2008/09, no qual os alunos se matriculam numa destas três universidades e circulam entre elas, finalizando com um diploma das três universidades. Ao longo da minha permanência na UBI estive envolvido em vários projetos e estudos com impacto na região onde nos inserimos. Portanto, tenho estado sempre ligado, ao longo da minha vida académica, a todas essas áreas, quer do ensino, quer da investigação quer da transferência de conhecimento.
Ser reitor de uma instituição é um processo de aprendizagem contínuo, porque estamos sempre a procurar melhorar. A ciência, o ensino e a investigação estão sempre a evoluir e, por isso, a universidade tem de acompanhar permanentemente todo este processo. A universidade cresceu, temos cinco faculdades e um vasto património edificado, que vai sofrendo uma degradação e temos de o preservar, reconstruir e modernizar, propondo novas áreas de ensino, de investigação e de interface com a comunidade.
Tudo isto é uma grande tarefa, a equipa que me acompanha na reitoria está ativamente envolvida em todos estes aspetos e todas as pessoas da comunidade universitária, os nossos funcionários docentes, os não docentes, os investigadores, os nossos estudantes e os alumni, que constituem o nosso património mais valioso.
Desenvolveu toda a sua carreira académica e profissional na UBI. Quais têm sido, na sua opinião, os motores principais da evolução da UBI?
A UBI tem vindo a afirmar-se no panorama nacional e internacional. Tal deve-se à qualidade dos nossos recursos humanos, que têm conseguido fazer um trabalho de grande qualidade, transmitem aos alunos esse conhecimento de forma superior, que depois se reflete na sociedade. Tem sido a inovação e a adaptação permanente dos nossos docentes e não docentes à evolução da ciência e da tecnologia, o acompanhar da introdução do digital nas salas de aula para apoio ao ensino, a evolução da investigação em novas áreas do saber e a integração da UBI em redes internacionais de ensino e investigação que tem permitido passar esta imagem, muito positiva, da universidade para a sociedade. Hoje, quando os alunos escolhem o ensino superior, a UBI é uma opção porque é uma das melhores universidades portuguesas, numa região com qualidade ambiental, onde o custo de vida é mais baixo do que as grandes cidades. No seu conjunto, estudar na Covilhã é uma excelente opção porque os alunos obtêm um ensino de excelência, numa região com qualidade de vida, num ambiente em estado puro e virado para a sustentabilidade futura.
Esteve também sempre ligado à investigação na qualidade de investigador do NECE – Research Center in Business Sciences. A investigação é uma das vertentes que a UBI tem apostado cada vez mais?
A UBI sempre procurou que a investigação acompanhasse a evolução das várias áreas científicas. No início da constituição da universidade, tivemos de contratar investigadores internacionais com qualidade em várias áreas, que nos ajudaram a cimentar a abordagem científica, principalmente nas áreas da ciência, tecnologia e engenharias. À medida que evoluímos, a UBI começou a criar, internamente, a sua própria capacidade de investigação e começou a ter os seus centros de investigação acreditados e reconhecidos a nível nacional e internacional. Progressivamente, começamos a aparecer hoje nos rankings internacionais e hoje estamos entre as 200 melhores universidades mais jovens do mundo. Ao nível do ranking de Shangai, algumas das nossas áreas de investigação aparecem já num patamar muito interessante, acompanhando outras universidades portuguesas mais antigas e de maior dimensão.
Tudo fruto do trabalho de investigação desenvolvido pelos nossos professores e investigadores, que conseguem desenvolver investigação de grande qualidade e disseminar os resultados obtidos através das publicações nos jornais internacionais indexados, em livros científicos, pedagógicos, culturais e tecnológicos, mas também ao nível do serviço que prestam às empresas, autarquias e território.
A UBI é uma instituição que sabe responder aos desafios e às rápidas mudanças do mundo atual. Ao nível do ensino, como faz a UBI para promover e garantir aos alunos uma formação de excelência, com boa formação profissional e que os prepare para o futuro?
Todo o ensino, hoje, tem de ser vocacionado, por um lado, para a parte científica, mas por outro lado, para o saber fazer.
Portanto, desde o início que a universidade procurou, em todas as áreas científicas, apresentar e proporcionar aos alunos dos vários cursos uma aplicação prática do que é aprendido nas aulas. Não descurando a parte científica, mas o learning by doing sempre foi um dos objetivos do desiderato da diferenciação do nosso ensino face a outras universidades. Na saúde, criámos um ensino inovador, baseado nos modelos desenvolvidos em universidades internacionais de topo, onde os nossos alunos de medicina, além da aprendizagem teórica, importante para a formação de um médico, têm desde o início do curso uma formação prática nos hospitais, clínicas e centros de saúde. A Inovação no ensino é transversal também a outras áreas científicas. Houve, desde sempre, um grande esforço feito na universidade, nas mais diversas áreas, na criação de laboratórios, e na ligação às empresas, para que os alunos possam pôr em prática o conhecimento obtido nas aulas. A qualidade dos nossos Licenciados é reconhecida ao nível nacional e internacional. Refira-se, a título de exemplo, o caso da área da aeronáutica, onde os nossos alunos são recrutados ao nível internacional por organizações de prestígio. Recentemente, a Agência Europeia enviou um satélite ao planeta Marte, tendo o helicóptero criado para voar naquele planeta sido concebido por uma equipa chefiada por uma engenheira aeronáutica que se formou na UBI, em 2012. Podemos afirmar que a UBI tem a grande capacidade de interligar o conhecimento teórico com o conhecimento prático.
A UBI tem tido um grande crescimento e reconhecimento nos últimos anos, demonstrando que no interior também existe qualidade e se podem fazer carreiras de sucesso?
A UBI tem sido um projeto de desenvolvimento regional do governo da nação, porque a única maneira de combater a desertificação do interior é fixar a população jovem. E tem-se verificado que os concelhos do interior, que têm ensino superior, são aqueles onde há menos perda de população. A atração de alunos, que vêm frequentar o ensino superior, resulta, muitas vezes, na criação do seu próprio emprego na região. Hoje em dia, uma das áreas de formação transversal na universidade é o estímulo ao empreendedorismo. Têm sido criadas várias start-ups tecnológicas, a partir da UBI, hoje com impacto significativo a nível nacional. Juntando tudo o que foi dito, posso dizer que a UBI é hoje uma universidade com qualidade e de mérito reconhecido o interior do país. Podemos ainda salientar, que, hoje, vir estudar para a UBI é uma opção de sucesso e é fácil chegar cá. A Covilhã tem uma centralidade que outras cidades não têm. Estamos no centro de um triângulo que liga Lisboa, Porto e Madrid, com proximidade a Salamanca, Cáceres e Valladolid. A nossa localização, aliada à qualidade do nosso ensino e à visibilidade da nossa investigação, atrai alunos nacionais e internacionais, sendo que estes últimos representam cerca de 20% do total de alunos. A UBI conseguiu, sem dúvida, impor-se pela sua qualidade de ensino, excelência da investigação e é um farol que ilumina e irradia conhecimento neste território interior de Portugal.
A UBI, neste momento, é uma universidade que concorre a nível nacional com as melhores universidades do país e da Europa. É uma universidade do mundo para o mundo, com uma forte base na região onde está inserida e com formação para todos.
Por que razão a UBI deve ser a escolha para o próximo ano letivo?
A UBI oferece uma ampla variedade de cursos, em todas as áreas científicas; o ensino que se faz na universidade está ao nível das melhores universidades portuguesas e do mundo; existe uma qualidade de vida excelente na região da Beira Interior e uma comunidade envolvente que criou um ecossistema favorável ao ensino e à vida estudantil. Os alunos têm uma cidade onde convivem com a população, com um grande património arquitetónico, arqueológico na região envolvente. Neste momento, a UBI tem uma oferta razoável de camas para os alunos mais carenciados, mas há também uma grande oferta de residências privadas de qualidade na Covilhã. A cidade tem um ecossistema estudantil universitário, que propicia um ambiente de estudo agradável e motivador, com oportunidades de convívio e gerando uma formação inclusiva.
Por outo lado, a UBI é hoje uma Universidade Europeia, fazendo parte do consórcio UNITA que envolve as Universidades de Saragoça, em Espanha, Pau e Savoie Mont Blanc em França, Turim, em Itália, e Timisoara, na Roménia. No total fazem parte da rede 160 000 estudantes e 13 000 professores. Esta rede proporciona a oportunidade de os estudantes circularem entre as várias Universidades da rede, sendo as formações obtidas creditadas na Universidade de origem. Pode, também, existir intercâmbio de professores, investigadores e funcionários não docentes. A UBI cumpre, assim, o seu papel de contribuir para a formação de uma cidadania verdadeiramente europeia.