50 Anos de crescimento e sustentabilidade

No ano em que a Cooperativa Agrícola da Tocha celebra o seu 50.º aniversário, o Presidente Bruno Marques reflete sobre o legado de meio século de dedicação à agricultura e à comunidade. Numa entrevista exclusiva, partilha as conquistas, desafios e o papel vital que a cooperativa desempenha na sustentabilidade do setor agrícola local, destacando os valores que continuam a guiar esta instituição em direção ao futuro.

 

 

Bruno Marques, Presidente

 

 

A Cooperativa Agrícola da Tocha comemora este ano o seu 50º aniversário. Que balanço fazem desta trajetória e quais foram as principais conquistas da cooperativa nos últimos 50 anos? Como a cooperativa impactou a economia local e a vida dos agricultores na região?

A Cooperativa Agrícola da Tocha (CAT) nasceu com a extinção dos grémios da lavoura, sendo forjado com produção de leite, produção esta que nos dias de hoje está condenada à “morte” nas terras da Gândara, pois há 25 anos produzia-se mais de 20 milhões de leite, hoje ficamos aquém dos 2 milhões. Esta situação deve-se a políticas erradas, ao longo das últimas décadas, empurrando os agricultores para produção de outros produtos além do leite, conseguindo assim sobreviver ao longo dos tempos. A CAT acaba por acompanhar esta ideologia, mudando o rumo da sua conduta, passando a servir o agricultor associado, de forma a resolver os problemas do seu dia a dia, na produção dos seus produtos.

Continuamos a dar esse apoio de forma diferenciada, indo ao encontro de todas as vertentes agrícolas locais, satisfazendo assim as necessidades do sócio CAT e usufruindo também de produtos agrícolas locais, de excelente qualidade, para podermos comercializar e escoar completamente a produção local.

A CAT foi criada em 1974 com o intuito de servir os seus cooperadores e a população em geral. Como é que conseguiram cumprir essa missão ao longo destes 50 anos?

A CAT tem sabido reinventar-se, investindo em tecnologias modernas, promovendo a formação contínua dos seus membros e procurando sempre novas formas de agregar valor aos produtos agrícolas da nossa região. Ao mesmo tempo que celebramos as nossas conquistas, também reconhecemos os desafios enfrentados. A agricultura é uma área de constante evolução e a capacidade de adaptação tem sido uma característica vital para a nossa sobrevivência e prosperidade. As adversidades, sejam elas económicas, climáticas ou sociais, foram enfrentadas com coragem e determinação, e cada obstáculo superado fortaleceu ainda mais a nossa comunidade. A CAT sempre se pautou pelos valores da solidariedade, transparência e desenvolvimento conjunto. Estes princípios não só nos guiaram as ações, como inspiraram gerações de agricultores a trabalharem em prol de um futuro melhor e mais sustentável.

Quais são os principais projetos e iniciativas atuais da CAT? Como se adapta às tendências atuais do mercado agrícola? Quais são as principais estratégias para manter a cooperativa relevante e competitiva?

A CAT luta a favor do emparcelamento territorial. Hoje, vivemos um problema grave na região do concelho de Cantanhede, possivelmente rosto do que se passa no território nacional, que é a pequena parcela agrícola abandonada, por falta de apoio ao agricultor, devido à melhoria de vida em alguns casos e dando a oportunidade às famílias de agricultores de formarem, os seus filhos noutras áreas, devido ao envelhecimento da população e desistência da agricultura por cansaço, entre tantos outros fatores, que descuidam algo demasiado importante para nós: “o nosso alimento saudável”. Os terrenos abandonados, onde já nem os próprios herdeiros sabem onde se encontram e quais os limites dos mesmos, fazem com que a agricultura fique também presa no tempo, presa na evolução, presa na sua propagação.

A CAT tenta ser a solução do problema, falando primeiramente com o Município de Cantanhede, passando também pela CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) do qual a CAT é associada, ter um contacto direto e assertivo para com o Ministério da Agricultura, onde no certame da EXPOFACIC conseguimos estar com o Sr. Ministro da Agricultura e sublinhar um pouco estas situações preocupantes. A evolução na solução deste e outros problemas tem sido muito lenta, no entanto o facto de se falar sobre eles, já é prova de que estamos a traçar o caminho certo.

 

 

 

 

Sabemos que a CAT é presença assídua na Feira da Expofacic de Cantanhede desde a sua primeira edição. Mas este ano reforçaram a vossa presença na feira. Que balanço fazem da presença na edição deste ano?

Este ano, temos uma presença diferenciada em relação à últimas edições, devido ao facto de estarmos a celebrar 50 anos de existência da CAT. Apresentamos uma nova imagem, dando a conhecer um pouco mais da nossa história e recebendo os nossos sócios, clientes, parceiros e amigos num formato intimista e com um impacto mais informativo que publicitário.
Esta é uma Feira que no seu princípio tinha como designação “Feira Agrícola”. Ao longo dos tempos, foi evoluindo e passando também a ser uma Feira Industrial e Comercial, diminuindo um pouco a visibilidade agrícola na mesma. No entanto, sabemos que há a vontade de evoluir e fazer melhor, ultrapassando adversidades em relação à exposição animal por exemplo, melhorando as condições dos mesmos ao longo dos 12 dias que aqui passam, trazendo assim uma ideia a quem visita a EXPOFACIC, em especial os mais pequenos, de que a agricultura tem beleza, tem seres incríveis, sendo um mundo a explorar e a apostar no futuro. O balanço é extremamente positivo após término desta grandiosa feira.

 

 

 

 

O que podemos esperar da CAT para o futuro? A expansão geográfica é uma prioridade? Como é que a cooperativa planeia continuar a inovar? Quais são as principais prioridades para garantir o sucesso contínuo da instituição?

A CAT pretende que a agricultura no futuro seja, acima de tudo, sustentável e rentável para o agricultor. Temos de aproveitar o melhor que a nossa região tem quando equiparada a outras, que é a água. Quando a produção de leite já não é o ex-libris enquanto produto local, temos de apostar e ajudar o agricultor nas suas explorações atuais a que se dedica, como é o caso da fruticultura e da horticultura, aproveitando a fertilidade local. Vamos continuar a fazer chegar a quem de direito a mensagem de urgência agrícola, ou seja, de melhorar a qualidade dos agricultores, de satisfazer atempadamente as suas necessidades financeiras e económicas, assim como facilitar a burocracia aquando da tomada de terrenos, emparcelamento, passagem de herdeiros, entre outros. Dessa forma, as pessoas não desistirão à primeira adversidade que encontrarem na resolução dos seus problemas.

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