TECNIFERTI : Valorização das marcas conquista clientes
Sediada em Leiria, a TECNIFERTI nasceu em 1986 para produzir e comercializar fertilizantes. O reconhecimento, nacional e internacional, das marcas fez com que os clientes depositassem toda a confiança na empresa. Em entrevista à Revista Business Portugal, o engenheiro Casimiro Soares revelou-nos os segredos de 32 anos de sucesso.
Há mais de 30 anos no mercado, a história da TECNIFERTI caracteriza-se pelo sucessivo crescimento e empenho em inovar na área em que atuam, mais concretamente na produção e comercialização de fertilizantes líquidos. Mas foi em 1989 que apostaram na expansão e desenvolveram instalações fabris em Muge (distrito de Santarém). A fábrica tem capacidade para armazenar 16 mil toneladas de fertilizantes líquidos. “Tem uma dimensão e uma estrutura muito forte.”, realça Casimiro, acrescentando que trabalham apenas com marcas e tecnologia próprias. “O software é desenvolvido por nós. É algo sui generis, na Europa não se vê nada igual”, afirma.
Produtos a pensar no meio ambiente e nas novas tecnologias
Atualmente, a questão do meio ambiente impõe-se cada vez mais nos meios de comunicação como forma de alertar sobre as preocupações que existem e que, consequentemente, irão afetar o planeta.
Para a TECNIFERTI, o desenvolvimento de produtos com o objetivo de poupar água tem sido um dos focos nos últimos 15 anos. O engenheiro afirma que é um processo com “altos e baixos, porque não é fácil inovar nesta área. Estamos a lidar com algo que tem vida. Exige tempo e observação”.
Com vista a melhorar os processos utilizados, a empresa detém parcerias com várias universidades. Esta foi uma política que definiram por se considerarem o “pai da revolução dos anos 80 em Portugal”, ou seja, “uma nova geração de agricultores veio revolucionar a agricultura com a rega gota-a-gota (gotejamento) e os pivots, tudo muito automatizado. Já na altura eu afirmava que era mais fácil ligar uma mangueira do que carregar um saco”, revela-nos Casimiro Soares.
Foi desta forma que se tornaram pioneiros quando procuraram adicionar fertilizante à água da rega, visto que a planta precisa de se alimentar não apenas com comida, mas também com bebida. O processo aparenta ser simples: colocar os fertilizantes no sistema levado para o campo, de seguida liga-se a bomba injetora e introduz-se “o fertilizante através da água da rega”. Pelas palavras do engenheiro, a bebida apenas não chega. O líquido utilizado é uma forma bem mais acessível de administrar e favorecido pelos menores custos deste produto. Com a chegada deste processo, a TECNIFERTI foi apelidada como “o pai dessa tecnologia”.
Evitar evaporação e transpiração
A evolução dos tempos tem sido constante e a uma velocidade cada vez maior, daí sentirem a necessidade de desenvolverem produtos de uma forma distinta: evitar a evaporação e a transpiração da água. “Os fertilizantes se mal utilizados contaminam o meio ambiente, portanto deve ser bem utilizado. Poupar a água também poupa o fertilizante. Não se coloca adubo sem critério. Damos para a planta e não para a terra”, assinala.
A inovação aliada às novas tecnologias fazem parte dos tempos que correm com o intuito de melhorar os serviços e os respetivos produtos. A TECNIFERTI não poderia ficar de fora neste campo e procurou alargar a gama para produtos em forma de gel e equipamentos com GPS (o que dá uma precisão mais acentuada). Isto acontece pela importância que os clientes dão à tecnologia, uma vez que é um fator com um peso elevado.
Dar lugar aos produtos biológicos
Em 15 anos, a TECNIFERTI procurou desenvolver biofilmes – gel fertilizante pulverizado em cima da planta e que evita a transpiração da mesma. Mas para regular a transpiração existe uma causa-efeito: “a retenção de sais minerais, sem evitar a fotossíntese”. Posto isto, foi verificado que os biofilmes, mais conhecidos por HUMILGEL PLUS®, tinham efeitos colaterais.
Para estudar os efeitos, fizeram uma parceria com o Centro Experimental do Loreto / Escola Superior Agrária de Coimbra tendo em vista o estudo de produtos biológicos “com a mesma molécula para evitar pesticidas, já que tínhamos um produto também biológico já registado, que é matéria orgânica líquida”.
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A parte biológica era essencial para proteger a planta por cima e os resultados falaram por si. Conseguiram criar uma linha com estes produtos para a agricultura biológica: HUMIGEL PLUS® Biológico – “um fertilizante foliar de origem vegetal que funciona como uma barreira protetora nas folhas e frutos, regulando a transpiração. Os ácidos fúlvicos favorecem a absorção de todos os elementos nutritivos” e o HUMIGEL PLUS® S Biológico que contém enxofre. “O enxofre tem sinergias com o azoto aumentando a eficiência destes nutrientes”.
A trabalhar há mais de seis/sete anos com produtos biológicos, Casimiro Soares vai começar a registá-los e criar um site dedicado apenas à venda desse tipo de produtos. Desta forma, o pequeno consumidor terá acesso a uma gama que é uma autêntica “revolução” devido à poupança da água, à fácil aplicabilidade e à proteção da planta.
Descritos como eco-friendly, mais eficazes e mais cómodos, os produtos são uma mais valia. Por outro lado e sem vendedores, também demoram mais tempo a afirmarem-se no mercado. Mas “quando ficam nossos clientes não nos abandonam, ficam fidelizados”, orgulha-se o nosso entrevistado.
Ensaios com o milho são testados…
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Em parceria tecnológica com a PIONEER, a empresa testou o fertilizante em gel na sementeira de milho apenas numa única aplicação, porque anteriormente e com a aplicação fracionada, o resultado era pouco eficaz. “Esta forma é mais cómoda para o agricultor e para a planta”.
A agricultura passa a ser de precisão e inteligente. “Passamos menos vezes com a máquina evitando a compactação dos terrenos. . Ao aplicar o adubo todo de uma vez misturamos o herbicida que eles aplicavam com água e fazemos uma só passagem de máquina vou metendo água ao longo do ciclo do milho, o gel prende, não se perde, segura a água e o elemento químico”, descreve.
Clientes com confiança
Sem vendedores, a empresa é procurada pelos clientes que se fidelizaram há muitos anos. Casimiro desvenda que para a maioria o fator preço não é o mais importante, mas sim a garantia da capacidade de resposta, essencialmente em grandes propriedades.
Os distribuidores (cerca de 60) são os principais clientes e as encomendas são feitas pela internet e posteriormente entregues pela própria empresa ao cliente. “Esta maneira de abordar o mercado é a razão do sucesso da empresa, de ter a dimensão que tem, de ter as marcas que tem. O que vale nas empresas é a inovação e o registo de patentes”.
Assim, o sucesso caracteriza-se pela ligação ao consumidor final e consequente confiança no trabalho feito.
Forte expressão internacional
Com uma grande expansão a nível internacional estão há cerca de 20 anos no Brasil (“um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo”) e em Marrocos.
Arábia Saudita e Egito são outros dois países para onde produzem. Isto porque “são países com dificuldade em obter em água, que é cara, e têm de usar tecnologia que recorre à água o mínimo possível. 75 por cento do consumo mundial de água é na agricultura. 90 por cento da planta é água”, revela.
Caracterizado por ser um “negócio de multinacionais”, a TECNIFERTI ambiciona estar presente em novos mercados com visões diferenciadoras e apelativas para os clientes.
Floresta: a próxima aposta
A TECNIFERTI apresentou na última AGROGLOBAL um conceito inovador para a plantação de espécies florestais em que a raiz da planta é envolvida por um conjunto de saquetas de fertilizante biológico que vão funcionar como uma reserva de água e ao mesmo tempo permitir uma libertação gradual do fertilizante no espaço de 6 a 12 meses, dotando assim a planta de condições mais favoráveis à sua implantação no terreno. Foram distribuídas aos participantes cerca de 800 kit’s constituídos pela planta e as saquetas de HUMIGEL® B para que os próprios pudessem testar o conceito em suas casas.
Inserir foto Floresta 1 e Floresta 2
Com a consciencialização em proteger a floresta, recurso natural do nosso país, a próxima aposta da TECNIFERTI é criar produtos nesse sentido: “Enquanto andamos cá temos a obrigação de contribuir para o bem da sociedade”.
O respeito pela natureza e por tudo aquilo que é natural está concentrado na filosofia da empresa. Esta está disposta à própria mudança de paradigma em que substitui o químico pelo biológico.
A proximidade local será sempre um dos desafios, na medida em que necessitam de demonstrar que os produtos são uma mais valia e “esperamos que o mercado reconheça o seu valor. O que vale nesta empresa é a marca”, conclui o engenheiro Casimiro Soares.