Taberna da Poncha: “A Poncha da Serra d’Água”

Com passagem entre o norte e o sul da Ilha, a Taberna da Poncha é um local de paragem obrigatória para apreciar a famosa bebida tradicional madeirense. Ana Vicente seguiu as pisadas do pai e hoje assume o negócio de uma casa conhecida mundialmente.

“Antigamente isto era uma mercearia do meu avô e tem cerca de 70 anos”. É assim que Ana Vicente começa por nos contar a história da Taberna da Poncha, acrescentando que “na mercearia, para além dos bens essenciais, o meu avô tinha a parte da taberna, onde servia bebidas, inclusive a poncha”. Dizem que a história da poncha começou com os pescadores, em Câmara de Lobos, daí o nome. Como tinham aguardente muito forte, adicionavam água e acrescentavam a casca de limão pisada com açúcar. Era feita desta forma, porque eram as matérias-primas mais baratas.
Numa época em que as mercearias começaram a cair em desuso, decidiram apostar cada vez mais na poncha. “Hoje em dia chama-se Taberna da Poncha e é conhecida em todo o lado”, afirma com orgulho.
Para além de servirem a tradicional poncha à pescador, começaram a fazer a regional com limão (limão, mel e aguardente). Já nos anos 80 surgiu a poncha com laranja. “Vendíamos fruta na mercearia, nomeadamente laranjas. Num dia em que estava a escassear o limão, um cliente sugeriu juntar laranja, por ser um citrino. Resultou muito bem”. Com o passar do tempo e após vários pedidos por parte dos clientes, introduziram a poncha de maracujá e de tangerina. Caracterizam-se por serem mais suaves e feitas com aguardente de 40 graus, menos dez graus do que a aguardente utilizada na regional e na pescador. Sendo uma bebida típica madeirense, acrescentaram à lista a nikita. Se for com álcool é feita com gelado de ananás e cerveja. Já na sem álcool, a cerveja é substituída por brisa de maracujá. A pensar nas crianças que acompanham, muitas vezes, os pais, a Taberna da Poncha começou a confecionar poncha sem álcool.

Manter a tradição

A pensar na tradição, Ana quis manter o espaço como era no tempo da mercearia. Porém, fizeram pequenas alterações no balcão e nas arcas frigoríficas mas sempre com o objetivo de manter os móveis antigos. Para recordar os velhos tempos puseram, nas frentes do balcão, milho, arroz e favas, produtos que antes eram vendidos avulso.
O interior do estabelecimento tornou-se conhecido pelos cartões colados nas paredes com contactos dos clientes. “Isto começou há 25 anos. Antes tínhamos calendários de várias marcas e as pessoas deixavam dedicatórias. Entretanto, os clientes começaram a colar cartões”, explica.
Se é para manter a tradição, os clientes têm de deixar as cascas de amendoim no chão, que funcionam como aperitivo. E se não conhecesse o espaço, rapidamente vai perceber que é uma prática comum. Reza a história que as cascas de amendoim deitavam-se para o chão para o deixar seco. Assim, conforme a bebida ia caindo, as cascas ajudavam a absorver e a limpar para não escorregarem.
A receber clientes regionais, de Portugal Continental ou de qualquer parte do mundo, a Taberna da Poncha serve centenas de ponchas por dia num horário alargado entre as 09h30 até à 01h00, todos os dias da semana.
A nossa entrevistada assume como único objetivo a continuação deste projeto, sempre com foco em manter a tradição e a qualidade.

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