Segmento Urbano Arquitectos: A arte da arquitetura para todos

É no coração de Matosinhos que uma empresa de arquitetos-construtores, agora parte do grupo Melom, pode ser descoberta. Candidatos novamente a um prémio internacional de arquitetura, apresentam um conceito diferente do habitualmente encontrado no mercado – a concepção/construção. Maria João Correia, uma das mentoras deste projeto, fala-nos sobre os quase 15 anos de existência.

“Acreditamos que podemos fazer arquitetura em tudo e para todos”, é assim que Maria João Correia começa por explicar aquela que é uma das suas maiores paixões. De sorriso no rosto, a Humanista de formação e por vocação, acredita que a arte da arquitetura deve ser para todos e não só para um segmento específico de clientes.
Com a sua experiência enquanto arquiteta, Maria João Correia, apresenta-se como uma pessoa que não segue modas, ideias preconcebidas ou padrões. A autenticidade e a personalização daquilo que faz são características de que se orgulha, todos os dias, no seu trabalho. “Um arquiteto tem de ser uma espécie de psicólogo. Nós temos de saber ler a pessoa que está à nossa frente e nos está a dar para as mãos o projeto da sua casa”. Fazer as perguntas certas é a chave para que “o arquiteto saiba exatamente aquilo que a pessoa é”, explica.
Para a nossa entrevistada, a criatividade mora na complexidade do processo da conceção de algo que o próprio ainda não sabe que gosta. Esse é um dos desafios diários da Segmento Urbano. “Muitas das pessoas só gostam daquilo que já viram. Nós criamos algo que a pessoa gosta, sem ainda saber que gosta, e que coincida com o que pode gastar”, conta-nos.
“A aliança entre a ciência, a técnica, a estética e a funcionalidade” é essencial para que, os projetos desenvolvidos pela equipa que Maria João Correia e David Trindade gerem, resultem na satisfação do cliente. Para além destes pontos, o cumprimento de prazos e dos orçamentos são condições sine qua non para todos aqueles que fazem parte da empresa.

Prémio Internacional de Arquitetura
Esta equipa foi escolhida pela Melom Portugal para dar uma cara nova à Companhia das Conservas, no conceito de Bistro&Store. Com o desafio de a obra ficar concluída em apenas 29 dias, a equipa de Maria João Correia agarrou esta oportunidade para se superar.
Sempre com o foco no cumprimento de prazos, a equipa concluiu o projeto em menos três dias do que lhes tinha sido imposto. Em 26 dias, o Bistro&Store, da Companhia das Conservas, foi concluído e inaugurado. “Trabalhamos de dia e de noite para conseguirmos atingir esse objetivo. Estivemos todos lá, é um dos trabalhos de que nós nos orgulhamos mais por todo o esforço que envolveu”, conta Maria João Correia, orgulhosa.
Além do sucesso que o espaço faz, todos os dias, a equipa concorre a um prémio internacional, com este projeto. Em dezembro deste ano, vai rumar a Amesterdão para o World Festival of Interiors, onde concorrem para um prémio na categoria de “Creative Re-Use”. “Este projeto foi feito por todos, não foi só pelos arquitetos. Estivemos todos lá e, por isso, vamos todos para Amesterdão apresentar o nosso trabalho”, refere a nossa entrevistada.
A empresa, gerida por Maria João Correia e David Trindade, já esteve várias vezes presente em eventos mundiais de arquitectura, com os mais variados projetos em que está inserida, nomeadamente em Angola, onde também tem um atelier. Em 2018, já haviam sido nomeados para o mundial de arquitetura com um projeto chamado “Metamorfoses”.

Uma forma diferente de estar e de trabalhar
“Arquitetos – empreiteiros” é a palavra que melhor descreve quem trabalha nesta equipa, onde se alia a arquitetura à construção. A forma completa como se apresentam, com os valores muito marcados e à vista, faz com que esta empresa se apresente, aos outros, de uma forma muito própria.
Maria João Correia explica que não existem hierarquias impostas. “Nós estamos todos no mesmo patamar, não gostamos das palavras patrões e empregados. Cada um tem responsabilidades diferentes, mas estamos todos ao mesmo nível”, refere. “A minha vida ou a minha posição não vale mais do que a vida ou a posição de um carpinteiro ou de um ladrilhador. É esta a nossa visão”.
“Na empresa entra qualquer pessoa que demonstre ter soft skills e responsabilidade suficiente para entrar na equipa, depois nós formamos. Acreditamos na meritocracia e não na ascensão de carreira devido às qualificações. Temos vários exemplos connosco”, esclarece a nossa entrevistada. Admite que, no início, esta forma de estar não é aceite de imediato por todos os colegas de trabalho, mas que, com tempo, todos acabam por adotar a mesma postura.
É por acreditar tanto na formação e neste projeto que Maria João Correia tem o objetivo de criar uma academia de formação de construção civil. “Acho imprescindível a formação. Não só ao nível laboral, mas ao nível pessoal. A mentalidade da sociedade ainda está estigmatizada em relação à construção civil e aos trabalhadores da área, mas eu acredito que pode mudar. Enquanto eu sonhar, vou acreditar que tudo pode alterar-se”. Enquanto a academia não abre, continua a trabalhar diariamente para a melhoria e para o crescimento. A nomeação para o Prémio Internacional de Arquitetura é uma das provas de que, em equipa, tudo se consegue!

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