Restaurar a saúde mental

Depois de ter assumido um novo desafio, ao tornar-se Country Manager da Lundbeck, Sara Barros esteve em entrevista com a Revista Business Portugal. Em primeira mão, desvendou-nos que o foco da companhia farmacêutica multinacional, que trabalha para reduzir o impacto socioambiental das doenças mentias, são a inovação e o talento.

 

Sara Barros, Country Manager

Com quase 20 anos de experiência na indústria farmacêutica, Sara Barros assumiu recentemente o cargo de Country Manager da Lundbeck. Como foi abraçar este novo desafio?

Na verdade, não podia estar mais feliz com esta oportunidade. A experiência acumulada ao longo destes últimos 20 anos permitiram-me estar à altura de aceitar o desafio de estar à frente de uma companhia pioneira e inovadora na área em que opera.

Os meus objetivos são liderar, inspirar e motivar a nossa organização, para garantir um crescimento sustentado do negócio em Portugal. Este desafio constitui uma enorme oportunidade de desenvolver linhas estratégicas para o desenvolvimento da companhia, tendo como missão melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e neurológicas. Mas também será, certamente, uma oportunidade de crescimento individual, de aquisição de novas competências que me permitam estabelecer objetivos claros, ambiciosos e realistas. A inovação e o foco no talento serão dois pilares essenciais que marcarão a nossa cultura.

 

Que desafios tem vindo a enfrentar numa conjuntura de crise sanitária à escala global?

Enfrentamos a pandemia Covid-19 e é evidente a necessidade acrescida decorrente do sofrimento psicológico das pessoas. Na verdade, estamos apenas a começar a conhecer as suas consequências a médio-longo prazo na saúde mental, em que observamos um aumento no número de sintomas de perturbação de ansiedade, depressão, perturbações de pânico ou problemas de abuso de álcool e substâncias.

A Lundbeck é uma das únicas empresas farmacêuticas do mundo dedicada exclusivamente à investigação e desenvolvimento de medicamentos inovadores para doenças mentais, a fim de responder às necessidades ainda não atendidas em várias patologias. Esta é das áreas terapêuticas que requer mais tempo e tem uma das maiores taxas de falhas, o que contrasta com outras companhias que desviaram os seus recursos para outras patologias que oferecem melhores perspetivas de retorno do investimento. Juntamente com outras empresas e instituições académicas, na Lundbeck estamos envolvidos na descoberta de moléculas e biomarcadores para doenças mentais e do cérebro. Para isso, é crucial criar uma cultura colaborativa com outras instituições, porque ainda existem várias necessidades médicas não preenchidas e é necessário unir esforços através de parcerias de investigação e comercialização com alcance global. Deste modo poderemos continuar a contribuir para o diagnóstico precoce, o acesso ao tratamento e a adesão à terapêutica, pilares fundamentais para a recuperação completa dos doentes. Mas estes são desafios que enfrentamos com entusiasmo, profissionalismo e esperança.

 

A Lundbeck está presente em Portugal desde 2002. Como avalia esta implementação no mercado nacional?

Mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica. Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa, sendo apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte. Entre as perturbações psiquiátricas, as perturbações de ansiedade e do humor são as que apresentam uma prevalência mais elevada.

Na Lundbeck, trabalhamos para reduzir o impacto socioambiental das doenças mentais, que são doenças graves e com risco de vida, que afetam a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias. A nossa forte herança e extensa experiência em neurociência proporcionam uma vantagem competitiva para ajudar as pessoas que vivem com uma ampla gama de doenças mentais no nosso país. Foi esse o compromisso da Lundbeck quando se instalou em Portugal, em 2002.

 

Sabendo-se que se tem verificado um aumento significativo de pessoas a sofrerem de doenças mentais, como avalia a necessidade dos medicamentos que desenvolvem?

Mais de 700 milhões de pessoas são afetadas por doenças mentais em todo o mundo, o que equivale a 13 por cento da carga global com doenças. A Depressão, por exemplo, uma das principais áreas de foco da Lundbeck e que é uma patologia grave associada a uma série de sintomas, incluindo melancolia, perda de energia, alterações cognitivas, dificuldade de memória e concentração e pensamentos suicidas, é reconhecida pela OMS como a principal causa de incapacidade no mundo. Globalmente, mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão e quase 800.000 pessoas morrem todos os anos por suicídio. Os números mostram, claramente, que o peso da depressão vai, provavelmente, aumentar nos próximos anos, porque temos vindo a observar um aumento relativo da prevalência da doença.

Na Lundbeck, estamos inteiramente dedicados a restaurar a saúde mental, para que cada pessoa possa estar no seu melhor e hoje já existem tratamentos farmacológicos eficazes para a depressão moderada e grave, no entanto, todos os dias nos esforçamos para melhorar o tratamento e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com distúrbios psiquiátricos e neurológicos.

 

Quais as patologias do foro mental que têm uma maior intervenção da Lundbeck?

O nosso propósito é claro, estamos dedicados a restaurar a saúde do cérebro em áreas como a depressão, a esquizofrenia, o transtorno bipolar, a doença de alzheimer, doença de parkinson e enxaqueca. São doenças graves e potencialmente fatais que afetam a qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares.

 

De que forma tem vindo a Lundbeck a trabalhar e a promover a inovação, a investigação e desenvolvimento?

A Lundbeck, há mais de 70 anos, que tem estado na vanguarda da investigação neurocientífica. Estas doenças envolvem custos socioeconómicos muito importantes, daí ser imperativo para a sociedade em geral que sejam desenvolvidos medicamentos novos e inovadores. Nos últimos 50 anos, novos produtos farmacêuticos revolucionaram as opções de tratamento, mas permanece uma grande necessidade não atendida de novas e inovadoras opções terapêuticas. Assim, o investimento da Lundbeck em investigação e desenvolvimento é o pilar mais importante na ambição da companhia de melhorar o tratamento para pessoas que vivem com doenças cerebrais. Somos especialistas nesta área e temos laboratórios de investigação na Dinamarca e na Califórnia. Cooperamos estreitamente com parceiros estratégicos em todo o mundo, para garantir a melhor base possível para a inovação e o desenvolvimento de novas soluções de tratamento.

 

Como assinalou a Lundbeck o Dia Mundial da Saúde Mental?

No Dia Mundial da Saúde Mental, a Lundbeck quis reforçar o seu compromisso com todos os doentes que sofrem de distúrbios mentais. Na véspera da efeméride, levámos a cabo uma iniciativa interna, em que desafiamos os nossos colaboradores a partilharem os seus desejos para o futuro da área da saúde mental num gigante laço verde (símbolo da saúde mental). A adesão à iniciativa foi enorme e foi emocionante ver o espírito que transpira de cada um de nós na perseguição da nossa missão de melhorar a qualidade de vida dos que sofrem de doenças do Sistema Nervoso Central, para que cada pessoa possa estar no seu melhor. Mais recursos, melhores cuidados assistenciais, melhoria no acesso a serviços locais de apoio e a articulação entre eles e diminuição do estigma em relação à saúde mental, foram exemplos dos desejos manifestados por todos nós. Também foi destacado o desejo de implementação de políticas para manter uma boa saúde mental, em vez de apenas nos concentrarmos em tratar a fase aguda das doenças mentais, como tem sido até agora a prioridade. Na Lundbeck, somos ambiciosos e o nosso maior desejo é que todos os doentes possam recuperar a sua vida plena de sonhos e que tenham a possibilidade de os concretizar pela vida fora.

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