Ponta Delgada promove riquezas turísticas na BTL
A participação da Câmara Municipal de Ponta Delgada na Bolsa de Turismo de Lisboa é uma excelente oportunidade para destacar as ofertas turísticas únicas da cidade e do concelho. Em entrevista, Pedro do Nascimento Cabral, Presidente da Câmara, sublinha a importância deste evento para promover as riquezas de Ponta Delgada.
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Pedro do Nascimento Cabral, Presidente
Como é que a Câmara Municipal pretende alinhar-se com esta nova abordagem internacional da feira? Quais as implicações diretas para o setor turístico das regiões autónomas, em particular para os Açores, e para Ponta Delgada?
A participação da Câmara Municipal de Ponta Delgada na Bolsa de Turismo de Lisboa é uma oportunidade para promovermos as diversas ofertas turísticas de que dispomos, e que a meio do Atlântico Norte ganham uma verdadeira dimensão de excelência. Para o nosso Município, a participação nesta importante feira internacional de turismo é um excelente momento para enaltecer e destacar o potencial turístico da cidade e do concelho de Ponta Delgada, composto pelas suas 24 freguesias, valorizando, toda a nossa identidade, que fomos construindo como Povo ao logo de quase 600 anos de existência, seja nas nossas tradições seculares religiosas, no folclore, nas bandas filarmónicas e nas mais diversas manifestações culturais, abrangendo as contemporâneas, como na divulgação das nossas lagoas, onde a das Sete Cidades é considerada uma das sete maravilhas naturais do país, e paisagens de suster a respiração, passando pelas zonas balneares, que se estendem pelo azul do mar, onde podemos fazer observação de cetáceos, proporcionar tempos de lazer em ambientes termais, ou exercitar o corpo em vários trilhos pedestres, para depois recuperar as calorias perdidas em momentos em que honramos a gastronomia que nos caracteriza, tudo, claro está, em momentos de turismo de descanso ou aventura.
A BTL 2025 assume um compromisso assente em valores como sustentabilidade, autenticidade, inclusão e responsabilidade social. De que forma a Câmara está a integrar estas tendências nas suas políticas turísticas?
A Câmara Municipal de Ponta Delgada tem-se empenhado cada vez mais em estar alinhada com as tendências globais de um turismo mais sustentável, autêntico, inclusivo e responsável.
A estratégia de Ponta Delgada para o turismo passa por crescer em valor e qualidade, assentando também numa visão do perfil dos investidores que melhor poderão corresponder às potencialidades e recursos que o concelho já apresenta enquanto destino turístico sustentável. Se o nosso perfil de turismo passa pela valorização da nossa natureza e do seu usufruto, o nosso perfil de investidores passa pela abertura de Ponta Delgada aos interessados em conhecer e dinamizar o nosso potencial para investimentos que promovam o desenvolvimento económico das nossas freguesias, todas elas com as suas características próprias, tendo em conta os nossos recursos para as energias renováveis, para a agricultura, para a pesca, para a investigação e para a inovação, e, evidentemente, para a qualidade de vida.
Estou ainda convicto de que o crescimento económico de Ponta Delgada passa por uma economia verde e, por essa mesma razão, a autarquia tem desenvolvido medidas de preservação ambiental, ciente da pressão turística que resulta do facto de ser a principal porta de entrada e o destino mais procurado pelo turismo no arquipélago.
Temos adotado várias iniciativas focadas na sustentabilidade e incentivado a prática de um turismo de baixo impacto ambiental, promovendo alternativas como o transporte público ecológico, através da utilização de transporte em autocarros elétricos e outros meios de mobilidade suave. No âmbito da realização de uma série de campanhas de sensibilização ambiental sob o lema “Ponta Delgada mais Limpa Depende de Todos”, elaboramos um desdobrável com informações fundamentais para a realização de eventos ambientalmente mais sustentáveis. Destinado aos promotores de eventos e no sentido de sensibilizar e dar a conhecer medidas que minimizarão o impacto ambiental destas iniciativas, estão a ser distribuídos, gratuitamente, panfletos informativos, que expõem questões que vão desde o planeamento à concretização das atividades, desde os procedimentos internos, à desmontagem dos equipamentos. Os conteúdos criados abordam assim áreas transversais à realização de qualquer evento, como a gestão e o modo de utilização da água, eletricidade, resíduos, compras e correspondência. Estamos a trabalhar na criação de Selos para, no âmbito da separação de resíduos, distinguir os restaurantes mais amigos do ambiente. E, ainda, temos investido em áreas verdes e espaços públicos. No âmbito da autenticidade, a Câmara tem-se empenhado em promover e apoiar experiências turísticas autênticas que valorizam a cultura local e a nossa história. Alinhados com a inclusão, temos feito esforços para garantir que o turismo seja acessível e inclusivo para todos, independentemente de condições físicas, sociais ou culturais. Temos, com efeito, melhorado a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. Por último, falando da responsabilidade social, temos promovido campanhas de sensibilização que visam informar sobre a importância de comportamentos responsáveis, como o respeito ao meio ambiente.
Importa recordar que no princípio deste ano, Ponta Delgada foi considerada a quarta cidade mais amiga do ambiente e sustentável para umas férias na Europa, segundo um ranking divulgado pela importante Revista Forbes. A classificação avaliou mais de 400 capitais europeias no âmbito da votação realizada pela organização “Melhores Destinos da Europa”, envolvendo 57.804 viajantes de 139 países.
O ranking destaca destinos que lideram em políticas de descarbonização, criação de espaços verdes e promoção de eventos culturais e naturais inovadores. Ponta Delgada posicionou-se em quarto lugar, atrás de Maribor (Eslovénia), Copenhaga (Dinamarca) e Riga (Letónia), superando cidades como Estocolmo, Amesterdão, Berna, Viena e Oslo.
Considerando a crescente importância de promover o turismo regional, qual será o papel de Ponta Delgada na BTL 2025?
Ponta Delgada tem um papel cada vez mais importante na promoção do turismo regional. A BTL 2025 representa uma excelente oportunidade para Ponta Delgada se apresentar ao mundo, destacando as suas características ímpares, conforme já tive a oportunidade de aqui referir. Vamos procurar promover a beleza natural, património histórico e cultural, gastronomia e os nossos eventos e festividades locais, sem esquecer que em 2026 Ponta Delgada será Capital Portuguesa da Cultura. Como já tive a oportunidade de afirmar, Ponta Delgada é um destino extremamente completo, capaz de atrair todo o tipo de público. Do mar às lagoas e às montanhas, a nossa gastronomia e cultura ímpares, temos todo um leque de opções que abraça os diferentes objetivos de quem vem até aos Açores.
Somos um município extraordinário em vários aspetos, mas há um em particular que me deixa sempre muito feliz: A nossa arte de bem receber. A simpatia da nossa gente, a forma hospitaleira e calorosa com que acolhemos quem nos visita é sem dúvida alguma uma impressão digital muito forte daquilo que é a essência de Ponta Delgada e a nossa identidade enquanto Povo.
A BTL 2025 está focada tanto no B2B como no B2C. Como é que Ponta Delgada pretende aproveitar esta dualidade para aumentar a atratividade da cidade?
A BTL 2025 é uma excelente plataforma tanto para B2B quanto para B2C, permitindo que Ponta Delgada beneficie dessas duas vertentes. Ao trabalhar com os diferentes stakeholders, a Câmara Municipal pode fortalecer tanto as suas parcerias comerciais com empresas internacionais (B2B), como também atrair turistas diretamente para o destino (B2C), criando uma estratégia abrangente para aumentar a sua visibilidade e o seu crescimento económico. É que a nossa localização geográfica, a meio do Atlântico Norte, entre a Europa e a América constitui uma mais valia extraordinária para os investidores de ambos os continentes. Ponta Delgada está a duas horas de distância de Lisboa, a três horas e meia de Paris ou Londres, a cinco horas e meia de Boston, a seis horas de Nova Yorque ou a sete horas de Toronto, estando assim colocada no meio de enormes cidades que podem divulgar o nosso potencial turístico e com isso estabelecer, nuns casos, ou reforçar, em outros, Ponta Delgada como destino de excelência onde é importante investir. Recordo que temos tido muitos empresários nacionais e estrangeiros que tem investido na área da hotelaria e restauração em ponta Delgada, numa manifestação muito importante de confiança no trabalho que temos vindo a desenvolver e no futuro de Ponta Delgada, afirmando que querem fazer parte da nossa história futura e do nosso progresso.
Como é que o Município está a explorar a inovação no setor turístico? Quais são os projetos de inovação que considera mais relevantes para o futuro do turismo na cidade?
A autarquia tem dado passos significativos ao nível da transição digital e com vista a afirmar Ponta Delgada como cidade inteligente, enquanto desenvolve medidas para continuar a atrair nómadas digitais e trabalha pela modernização e competitividade do comércio tradicional. Destaque para o projeto “Bairro Comercial Digital – PDL Centro Histórico” que vai beneficiar cerca de 400 empresas de Ponta Delgada, com a aplicação de medidas e reformas de modernização digital, num investimento superior a um milhão de euros, com impacto positivo no combate à crise energética, promovendo a sua eficiência, a mobilidade sustentável e as práticas de consumo consciente, para além de sermos uma cidade 5G que com todo o potencial que isto traduz.
Qual considera ser a importância de eventos deste tipo para a economia local e regional?
A participação na BTL 2025 oferece uma oportunidade única para Ponta Delgada promover as suas qualidades enquanto destino turístico, ao mesmo tempo que contribui para a dinamização da economia local e regional. A BTL é um excelente ponto de encontro para profissionais do setor, proporcionando uma oportunidade única de networking e desenvolvimento de parcerias. Tenho defendido que o desenvolvimento do Turismo na Região pode sair beneficiado com o assumir de uma missão coesa entre as empresas do setor e os poderes públicos. Considero que os nossos objetivos só serão tangíveis numa missão coesa da capacidade empreendedora da iniciativa privada, com o suporte de políticas públicas adequadas e atrativas ao investimento. A estes aspetos, acrescento, também, a definição e o foco no perfil do visitante, do investidor, e do perfil qualitativo da resposta que nos cabe dar a quem nos procura.