Olho Seco e saúde ocular na Primavera

J. Salgado-Borges. MD, PhD, FEBO Diretor Clínico da Clinsborges, Embaixador em Portugal do TFOS (Tear Film & Ocular Surface Society) e Membro da EUDES (European Dry Eye Society) www.clinsborges.pt / www.salgadoborges.com

 

 

A chegada da Primavera, apesar de trazer consigo o renascer da natureza, pode ser um período desafiador para aqueles que lidam com olhos secos e alergias oculares. Essas condições não apenas causam um desconforto significativo, mas também prejudicam a qualidade de vida das pessoas afetadas. Neste artigo, abordo as causas, sintomas e partilho ainda algumas estratégias preventivas e de alívio dessas condições comuns nesta estação, além de destacar também os grupos e fatores de risco envolvidos.

O olho seco caracteriza-se pela insuficiente produção de lágrimas ou pela sua rápida evaporação, provocando sintomas como ardor e, em situações mais severas, visão turva. Além destes, outros sintomas incluem sensação de corpo estranho nos olhos, dificuldade em usar lentes de contacto, olhos vermelhos e desconforto ao ler ou ao utilizar aparelhos digitais por períodos prolongados. Fatores como ventos fortes e baixa humidade podem intensificar esta condição. Já as alergias oculares, muitas vezes desencadeadas por pólens, causam comichão, vermelhidão e inchaço nos olhos, sendo agravadas pela exposição a ambientes externos com grande concentração de alergénios.

Os grupos de risco incluem pessoas com histórico de alergias sazonais, pessoas em ambientes com ar condicionado ou aquecimento que reduz a humidade do ar, e profissionais que despendem longos períodos diante de ecrãs, o que contribui para a diminuição da frequência de pestanejo e agrava o problema do olho seco. Incluem-se também pessoas que fazem uso regular de certos medicamentos, como anti-histamínicos, antidepressivos e alguns tratamentos para a hipertensão, que podem influenciar a produção de lágrimas e agravar os sintomas de olho seco.

Para reduzir a exposição ao pólen, recomendo manter as janelas fechadas em dias de concentração moderada a alta deste no ar e, preferencialmente, usar óculos escuros ao sair para o exterior. O uso de um humidificador em casa pode ajudar a manter a humidade num nível adequado. Além disso, é essencial manter uma boa higiene, tal como lavar o rosto e as mãos depois de ter estado ao ar livre.

Quanto ao tratamento, as lágrimas artificiais sem conservantes surgem como uma opção preferencial para aliviar de forma rápida os sintomas alérgicos, dado que apresentam menor risco de irritação ou reações adversas em comparação com os colírios que contêm conservantes. Adicionalmente, a suplementação com ómega-3 pode melhorar a qualidade das lágrimas, ajudando na redução dos sintomas de olho seco. Pacientes com condições mais graves de olho seco devem consultar um oftalmologista para um diagnóstico detalhado e tratamentos avançados, como, por exemplo, terapias de luz pulsada intensa (IPL). Em conclusão, pessoas com síndrome do olho seco ou alergias oculares podem experienciar um grande desconforto durante esta estação, mas adotar medidas preventivas e a procura de cuidados adequados podem reduzir significativamente os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Manter-se informado e procurar acompanhamento oftalmológico regular são passos fundamentais para gerir eficazmente estas condições.

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Créditos foto: Esfera das Ideias

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