Obstipação

Quando se referem a obstipação, a maioria das pessoas reporta-se a defecações pouco frequentes, a “prisão de ventre”, a dificuldade de expulsão das fezes ou a uma sensação de esvaziamento após ter defecado. Este é o senso comum. Em termos médicos, um paciente é obstipado se tiver menos de três defecações por semana. O problema é considerado grave se ocorrer menos de uma defecação por semana.
A obstipação aguda (de início recente) é distinta da crónica (de longa duração). Os “hábitos intestinais” são variáveis de indivíduo para indivíduo e a preocupação deve acontecer quando existe uma modificação recente e com agravamento progressivo.
Este problema pode ter origem em duas situações distintas: atraso da movimentação das fezes no intestino grosso (cólon) ou atraso na saída do recto. As causas podem ser variadas: medicação, alteração no estilo de vida ou na dieta, alterações hormonais, doenças do intestino ou alterações funcionais, doenças do sistema nervoso ou disfunção do pavimento pélvico.
Em qualquer altura da vida quase toda a gente tem períodos de obstipação e as razões são várias e por vezes múltiplas; alterações na alimentação (menos fibras, menos líquidos, menos fruta, mais gorduras…), menos exercício físico, mais sedentarismo, viagens ou estadias fora do seu ambiente habitual, gravidez, cirurgias… A maior parte são situações mais ou menos transitórias e que não são graves. Também algumas doenças, assim como alguns medicamentos, podem ser causa de obstipação.
Existem vários exames básicos que podem ser realizados para diagnosticar obstipação. O tratamento da obstipação deve ser faseado de acordo com a resposta do doente. Numa primeira fase o paciente é aconselhado a aumentar em 50 por cento a quantidade de fibras na dieta. Pode também modificar o tipo de fibras, tomar laxantes de lastro (psílio). Nos casos em que é necessário recorrer aos laxantes, recomenda-se o uso de laxantes estimulantes, derivados de plantas (sene, cáscara sagrada, aloé) ou de contacto (bisacodilo, picosulfato). O recurso aos osmóticos (polietinoglicol, lactulose, leite de magnésia) é também uma das soluções.
Quando existem alterações na defecação são aconselhados supositórios ou microclisteres.
Em todo o caso, o uso temporário de laxantes, para quem pretende uma defecação mais fácil ou para quem pretende ter fezes de consistência mole (podendo, nesta aplicação, ser utilizado noutros casos como na presença de hemorróidas, após cirurgia abdominal e anorretal, em casos de fissuras anais, etc.), é uma solução muito procurada e aconselhada pelos médicos.

Recomendações

• A obstipação é uma doença que não mata, mas mói.
Devemos conviver com o nosso intestino. Temos de viver com ele!
• Uma história clínica e o exame médico fazem o diagnóstico da maior parte das situações. Alguns exames só serão necessários em casos especiais.
• Na maior parte dos casos, o alívio dos sintomas e a profilaxia da obstipação conseguem-se seguindo recomendações muito simples:
• Alimentação variada
• Beber muitos líquidos
• Fazer exercício físico
• Recorrer temporariamente a laxantes.

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