O Turismo como motor da economia

Francisco Calheiros, Presidente da Confedereção do Turismo de Portugal

Depois de dois anos de pandemia, que resultaram em avultados prejuízos para as empresas turísticas, eis que nos deparámos, no início deste ano, com o que menos esperávamos: uma guerra em pleno coração da Europa.
E como todas as guerras, um conflito como aquele a que temos vindo infelizmente a assistir, traz consigo consequências muito negativas para a economia. Não é por acaso que o FMI já reviu em baixa as estimativas de crescimento económico mundial.
Espera o Fundo Monetário Internacional que o PIB global avance 3,6% este ano, menos 0,8 pontos percentuais em relação ao que as previsões apontavam em janeiro. Tudo por causa do atual conflito na Ucrânia.
Portugal não será exceção e o crescimento da nossa economia, apontam as previsões, será menor do que o que se previa no final do ano passado. Mas há sem dúvida um fator que poderá contribuir para amenizar esta previsível descida dos índices económicos: o crescimento do Turismo.
Este início de 2022, já dá sinais de que iremos ter um ano turístico de recuperação da procura, com mais turistas a chegarem a Portugal e a contribuírem para um aumento da ocupação hoteleira e do movimento aeroportuário.
Esta Páscoa foi já um excelente pronuncio, com taxas de ocupação nos hotéis acima dos 80% e um aumento muito considerável de clientes nos restaurantes e, por exemplo, em equipamentos culturais.
Estes estes dados do período de férias pascais confirmaram os números que já vinham a ser revelados desde o início do ano e que são confirmados pelo Eurostat (gabinete europeu de estatísticas), que revela como Portugal é, neste momento, o segundo país da União Europeia com o maior movimento de passageiros nos aeroportos, estando apenas a 8% de alcançar os dados de 2019, o melhor ano de sempre do Turismo em Portugal.
Todos esperamos que esta recuperação da atividade turística se venha a verificar durante o resto deste ano, para que o Turismo continue a ser motor da economia portuguesa e para que dê um forte contributo para o crescimento económico.
Mas não podemos esquecer que as empresas ainda estão a sofrer os impactos da pandemia e agora da guerra, a que se juntam a subida da inflação e os preços da energia e dos combustíveis. Ou seja, a recuperação não será tão rápida quanto desejável, porque as empresas ainda estão muito fragilizadas em termos da sua tesouraria e da sua capacidade de investimento e têm de fazer face a realidades conjunturais negativas.
Por isso, há medidas por parte do Governo que deverão ser implementadas. Para além do apoio à tesouraria das empresas, deverá ser também decidida uma diminuição da carga fiscal ao nível por exemplo do IRC e do IVA.
Não tenho dúvidas que as pessoas estão ávidas em viajar. Querem voltar a ter a sua liberdade de conhecer novos destinos, novas culturas, novas gastronomias, novas paisagens. Portugal tem muita diversidade e oferece também (importantíssimo nos dias de hoje), segurança em todos os sentidos.
Mas há problemas por resolver que têm impacto no Turismo e que têm de ser resolvidos o quanto antes. Falo principalmente do novo aeroporto na região de Lisboa. É que tendo em conta o crescimento de turistas que nos visitarão nos próximos anos, não haverá como dar cabal resposta a este crescimento se um aumento da procura do destino Portugal não for acompanhado por infraestruturas que respondam a essa maior procura. E um novo aeroporto é, como todos sabemos, essencial e urgente.

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