Carpimódulo: Uma carpintaria com alma e qualidade

A Carpimódulo nasceu em 1997, quando João Guerreiro resolveu arriscar e criar o seu próprio negócio. Construída a pulso e com total entrega, a empresa atravessou dificuldades financeiras, mas João Guerreiro nunca desistiu e, com a mesma dedicação inicial, garantiu a sua continuidade. Hoje, a Carpimódulo é uma empresa de renome, conhecida pela qualidade dos seus trabalhos e pelo cumprimento dos prazos.

“Quando eu disse ao meu patrão que ia despedir-me para montar o meu próprio negócio, ele ficou ofendido comigo”, conta João Guerreiro, fundador e proprietário da Carpimódulo, uma carpintaria algarvia com mais de 20 anos de existência. “Eu já trabalhava no setor da carpintaria, mas tinha vontade de ter o meu próprio negócio. Decidi arriscar e comecei aqui, numa garagem pequena. Comprei uma carrinha para transportar madeira e tinha a ajuda de um rapaz, também ele carpinteiro, que trabalhava comigo aos fins-de-semana”.

O trabalho foi aumentando e o projeto de João Guerreiro foi crescendo: “o rapaz que vinha trabalhar comigo acabou por se tornar meu sócio, porque eu também precisava de alguém a tempo inteiro, comigo. Tive também necessidade de aumentar o espaço, porque trabalhávamos num armazém pequeno, por isso tive que cortar algumas árvores, deste mesmo terreno, que pertence à minha mãe, para poder aumentar o espaço de armazém”. João Guerreiro recorda o momento em que tinha apenas uma máquina para trabalhar a madeira, montada pelo próprio. “Comprei tudo às peças e depois montei. Já era em segunda mão”.

Foi precisamente este excesso de trabalho, aliado à vontade de diversão que a idade impulsionava que levou João Guerreiro a ter um acidente de viação. “Eu tinha 27 anos, trabalhava durante o dia na carpintaria e, muitas vezes, ainda ficava até tarde a soldar ferro, para construir os pavilhões que iriam aumentar o nosso espaço de armazém. Porém, também gostava de sair à noite e cheguei a ficar quatro noites sem dormir. Numa dessas noites, ao voltar de Faro, adormeci ao volante da mota e só acordei já no chão, a rebolar pela estrada. Parti a bacia e os pulsos. Acabei por ficar 43 dias internado e ter uma recuperação que durou mais de dois meses”. 

Foi precisamente durante este período que a empresa atravessou as maiores dificuldades. “Infelizmente, o meu sócio não soube gerir bem o negócio. Nunca pagava as compras que fazia e as dívidas foram-se acumulando. Todo o dinheiro que entrava, ia diretamente para a conta dele, sem que ele saldasse qualquer prestação ou pagasse sequer o salário dos funcionários – chegámos a ter cerca de 20 pessoas a trabalhar connosco”.

Quando João Guerreiro regressou à empresa, a Carpimódulo estava moribunda e a predisposição do sócio era fechar o negócio: “eu nunca quis isso. Durante o tempo em que estive internado, e depois a recuperar, perdi o controlo da situação, porque nada passava por mim. Porém, quando voltei à empresa consegui negociar com os fornecedores e com os meus colaboradores e, felizmente, todos acreditaram em mim e aceitaram que eu fosse saldando as dívidas. Tive a sorte de poder contar com os meus clientes habituais, que nunca me falharam nos pagamentos”.

A Carpimódulo construiu a sua imagem baseada nos trabalhos para o cidadão comum, embora com o passar do tempo muitas empresas de construção civil e obras públicas tivessem contactado a empresa de João Guerreiro. “Cheguei a ter a meu cargo alguns trabalhos de carpintaria para obras do Estado e mesmo para construtores civis, que me procuravam para que eu fornecesse tudo quanto era carpintaria – portas interiores e exteriores, cozinhas, roupeiros, pisos de madeira, soalhos flutuantes e outros apontamentos em madeira, mas com a chegada da crise económica, em 2009, quem me ajudou a sobreviver foram os meus clientes privados”. Na época, os trabalhos de remodelações, pequenos arranjos, substituições de algo que se estragava e reabilitações eram os mais frequentes.

A crise permitiu precisamente à Carpimódulo alargar a sua área de atuação. Da simples carpintaria tradicional, os colaboradores da empresa são hoje profissionais especializados em trabalhos em madeira, mas também num serviço “chave na mão”, quando é necessário: “fazemos tudo o que é possível fazer em madeira, nos trabalhos mais comuns, e ainda decks, pérgolas, alpendres, colocação de soalho de madeira ou pavimento flutuante… No fundo, aceitamos o desafio que o cliente nos coloca. Quando o cliente nos entrega uma cozinha para remodelar, mas quer colocar azulejo, teto falso, chão, nós fazemos todos esses trabalhos”.

Recuperada da crise económica e do mau período interno que atravessou, a Carpimódulo é hoje uma empresa segura, que trabalha com capitais próprios e cujos trabalhos são o espelho do bom nome e da qualidade. “Os clientes chegam-me sobretudo pelo ‘passa a palavra’. Os clientes mais antigos, ou mesmo alguém que faz um primeiro trabalho connosco, quer voltar a trabalhar ou vai aconselhar o nosso serviço a um amigo. Nunca sei o que vou fazer no mês seguinte, mas sei que terei de certeza pedidos de orçamentos e trabalhos a serem-me entregues”.

Para o futuro, João Guerreiro quer concretizar a construção do armazém da Carpimódulo na Zona Industrial de Olhão, cujo terreno está comprado há mais de uma década. “Com os percalços que a empresa sofreu, fiquei renitente em investir, mas acredito que, se o trabalho continuar a aumentar, aposte na construção das novas instalações”. 

 

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