“Não fui eu que escolhi a profissão, ela é que me escolheu”

Sandra Santos tem uma vasta experiência e formação na área da Psicologia. Em entrevista, confessa que características essenciais de um Psicólogo, como a empatia e a entreajuda, sempre fizeram parte da sua essência.

Sandra R. Santos, Psicóloga Clínica

A Sandra, para além de psicóloga clínica, é neuropsicóloga, formadora, investigadora, e especializada em diversas componentes da psicologia. Como é que concilia uma atividade profissional tão abrangente com a sua vida pessoal? O que diferencia a Sandra psicóloga da mesma enquanto mulher?

Nem sempre é fácil conciliar [risos], mas tento estabelecer limites e horários relativamente definidos para o trabalho, para que depois possa desfrutar da minha vida pessoal. Quanto ao que diferencia a Psicóloga da Mulher, não há diferenciação. Na verdade, considero que a Psicóloga faz parte da Mulher e vice-versa. Enquanto Psicóloga, sou a mesma Mulher, com os mesmos valores e ideais, como a solidariedade, o cuidado com o outro, a compreensão, a entreajuda. Curiosamente, costumo dizer que não fui eu que escolhi a profissão, mas ela é que me escolheu, pois desde sempre senti que algumas das características essenciais ao papel do Psicólogo já existiam em mim, como a empatia e a capacidade de me preocupar com os outros.

Recentemente, adquiriu formação adicional em áreas como o Apoio à Vítima, Intervenção Psicológica com a população LGBTQI+, Igualdade de Género, entre outros. Uma vez que estes são temas que estão, cada vez mais, na ordem do dia, qual é que é o papel dos psicólogos junto das pessoas que precisam de ajuda neste âmbito?

O papel dos Psicólogos nestes âmbitos é, acima de tudo, o papel de ser o elemento empoderador, aquele que permite à vítima adquirir estratégias e ferramentas que ajudam a lidar com a situação e sair da mesma, com um reforço na sua autoestima e autoconfiança. É aquele que concede a alguém LGBTQI+ um contexto seguro, de acolhimento e de aceitação, que permite criar espaço para o Coming Out. E é aquele que permite a homens e mulheres refletirem sobre os seus papéis e formas de pensar, reagir e sentir, permitindo-lhes, apenas, serem ser humanos em todos os espectros de emoções e comportamentos, sem rótulos e sem estereótipos.

Ao longo dos anos, tem vindo a desenvolver um percurso de sucesso na sua área, o que pode ser um exemplo a seguir, por parte de outras mulheres com a mesma ambição. Que conselhos daria àquelas que ainda estão a dar os primeiros passos neste caminho?

O melhor conselho que posso dar é que tracem objetivos, concretos e alcançáveis. Que planeiem bem os passos a dar, sejam cautelosas, mas com ousadia, para que isso lhes permita dar passos seguros. Ter uma rede de suporte boa, colegas com quem possam partilhar ideias e angústias. E o mais importante, confiar em si mesmas!

Quer a nível pessoal, como profissional, como é que olha para o futuro? Quais os objetivos que ainda pretende concretizar?

Confesso que não perco muito tempo a pensar nisso, tento viver no momento. Contudo, existem sempre algumas ideias em mente. Com todo o contexto social, geopolítico e económico que vivemos, os próximos anos serão, certamente, muito desafiantes a todos os níveis. Como pessoa, fico apreensiva com aquilo que o futuro possa reservar, pois, como qualquer mãe, quero proporcionar o melhor à minha filha e à minha família. E quando digo o melhor, não me refiro a extravagâncias, mas a poder dar-lhe aquilo que é o essencial, roupa, comida, casa, supervisão, paciência e tempo de qualidade. Enquanto profissional, a apreensão prende-se com a avalanche de problemas de saúde mental que irá continuar a surgir. Por isso, o que pretendo concretizar é poder continuar a prestar um serviço de qualidade a quem me procura, continuar a adquirir e atualizar conhecimentos para melhor poder responder às necessidades dos meus utentes e, quem sabe, até poder aumentar e formar uma equipa que permita responder a todas as solicitações que me vão chegando.

 

 

 

You may also like...