Inteligência artificial em busca da imortalidade

Sérgio Cipriano

Dados da Pordata, nos últimos 30 anos (entre 1991 e 2019), o número de idosos com 100 anos ou mais cresceu cinco vezes e meia, de 754 para 4.178, o que permite aferir que nos próximos 30 anos, até 2050, mais do que duplicará e estima-se que chegue às 10.245 pessoas em Portugal.

A inteligência artificial, segundo as previsões de alguns especialistas na área da saúde, veio para ficar e está naturalmente a contribuir para o aumento da esperança média de vida. O futuro aponta para uma maior presença de equipamentos tecnológicos no nosso domicílio para assistência e monitorização nas áreas médicas, bem como, nas salas de operações hospitalares, o que ajudará a melhorar bastante a qualidade de vida dos cidadãos.

A monitorização de pacientes à distância é já uma realidade em Portugal e um pouco por todo mundo, dados biométricos chegam todos os dias a bases de dados centrais, onde médicos de família avaliam o estado clinico dos seus pacientes, nomeadamente: tensão arterial, pulso, oximetria, diabetes, entre outros. Por outro lado, os dados armazenados num supercomputador como o Watson da IBM, podem ajudar na identificação de potenciais doenças quando cruzados com os dados clínicos de outros pacientes com patologias iguais ou semelhantes, levando assim a um diagnóstico mais rápido e preciso.

A “banalização” de equipamentos tecnológicos com os quais lidamos no nosso dia-a-dia, vai educando as pessoas para hábitos e tendências do futuro, e sem darmos conta, já é normal estarmos a mexer num ecrã tátil para escolher a nossa refeição, ainda que, muitos sejam resistentes às máquinas, ou aceitam as tendências ou simplesmente um dia vão “deixar de comer!”. Isto para dizer que será fácil a integração de equipamentos eletrónicos de inteligência artificial no cotidiano das pessoas, dado à sua integração com outros equipamentos do seu dia-a-dia em que o seu princípio de funcionamento é o mesmo.

Ainda que a inteligência artificial esteja ainda muito dependente da ajuda do ser humano para fazer acontecer, o futuro da medicina depende da aplicação indiscutível de tecnologia autónoma nos seus processos, falamos portanto de robôs que efetivamente nos auxiliem a efetuar o diagnostico autónomo, que falem connosco e nos ajudem a enviar os dados biométricos.

O supercomputador Watson da IBM já deu algumas demonstrações impressionantes de inteligência artificial ao derrotar um concorrente humano no programa de perguntas e respostas do genero “Quem quer ser milionário”. O Watson está preparado para digitalizar livros de exames médicos, aprender os princípios básicos de diagnósticos e analisar os confusos dados em data centers de saúde. Em 2016, diagnosticou uma forma rara de leucemia numa mulher de 60 anos tendo ajudado a salvar-lhe a vida. Segundo o relatório da Universidade de Tóquio, o equipamento da IBM apenas necessitou de 10 minutos para fazer uma análise às análises recolhidas da paciente e detectar que houve uma mudança genética. Essas alterações tiveram como amostra comparativa uma base de dados com 20 milhões de documentos de investigações sobre o cancro. O objetivo é fazer o Watson analisar o histórico dos pacientes e apontar dados importantes para os médicos. Em teoria isso pode ajudá-los a tratar mais pacientes de maneira mais eficaz, rastreando as informações diretamente até a sua fonte.

Mas ainda há mais coisas boas para vos revelar, nomeadamente referir-vos que os valores da pordata mencionados (que elevam para 10.245 pessoas com idade igual ou superior a 100 anos já em 2050), podem ser bem mais superiores, dado à velocidade da evolução da tecnologia versus o seu custo.

A explosão tecnológica pode estar por um fio, na verdade, os cientistas não conseguem ainda saber com exatidão em que ponto está esta evolução tecnológica dado à sua evolução exponencial. Para uma melhor compreensão desta exponenciabilidade, imaginem que a cada gota que cai num relvado de um estádio de futebol é feita a sua duplicação de gotas, ou seja, quando a primeira gota cair no relvado a seguir irão cair duas, depois quatro, depois oito e por aí adiante, quando o estádio tiver meio de água a próxima sequência será termos o estádio completo de água.

Algumas comunidades de cientistas defendem que o ponto da evolução da nossa tecnologia está próxima do meio do estádio, o que pode representar uma transformação gigantesca da humanidade como nunca a conhecemos a todos os níveis. É isso mesmo, você caro leitor, pode estar entre a geração que dará início a uma nova era da humanidade e pode até assistir à nascença da primeira pessoa que será imortal!

Sérgio Cipriano, CEO Yourplace    parceiro da

 

 

 

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