Inovação no tratamento das “Hemorróidas”

Dr. Nuno de Mendonça, Clínica Cuf Almada

A patologia hemorroidária é conhecida pela humanidade enquanto doença há muito tempo, apresentando referências históricas em documentos tão antigos como papiros egípcios (sendo o mais antigo datado de 1700 a.C.) e a Bíblia (antigo testamento, I Samuel cap. 5 e 6).
Apesar de ser frequente e com sintomas que incapacitam a qualidade de vida, permanece subdiagnosticada, contribuindo maioritariamente para este fato a vergonha que os doentes sentem em partilhar esta queixa com o médico (por se tratar de uma região sensível e privada), impedindo-os de procurar ajuda. É portanto imperativo sensibilizar a população em relação à doença e partilhar as inovações terapêuticas que a ciência tem realizado, explicando, para conhecimento geral, que não é necessário viver com o sofrimento que a mesma implica. O plexo hemorroidário é uma importante estrutura anoretal. Ao contrário do que se acreditava até há pouco tempo, as “hemorróidas” não se tratam de veias insuficientes ou varicosas mas de sinusóides com junções arteriovenosas envolvidas por tecido conjuntivo e um fino músculo (músculo de Trietz). Quando existe sintomatologia como hemorragia (normalmente sangue vermelho vivo), dor, saída de pedículos hemorroidários, muco ou prurido, o doente deve ser observado em consulta de proctologia e realizar uma anuscopia – exame de eleição para confirmação do diagnóstico e avaliação da extensão d (hemorróidas internas e seu grau, hemorróidas externas ou mistas), fazendo ainda o diagnóstico diferencial com outras patologias anorretais. No que diz respeito ao tratamento, existe a terapêutica médica farmacológica (que não será curativa mas tem intenção de atrasar a progressão da doença ou tratar a agudização da mesma – como os flavonoides e as pomadas); a terapêutica instrumental não cirúrgica (como a laqueação com elásticos, a escleroterapia, a fotocoagulação com infravermelhos e a crioterapia) e a terapêutica cirúrgica onde, nos últimos anos, se têm verificado inovações relevantes com o desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas.
A terapêutica cirúrgica convencional (seja com a técnica aberta de Milligan-Morgan ou a fechada de Fergunson) estava associada a dor significativa e a importantes complicações no pós-operatório, estando reservada para doentes resistentes às terapêuticas anteriormente descritas ou que não são elegíveis para as mesmas.


O desenvolvimento de outras técnicas, como a hemorroidopexia mecânica ou a laqueação arterial guiada por eco doppler, melhoraram o pós operatório dos doentes mas, na minha opinião, as técnicas minimamente invasivas (como o Laser e, mais recentemente, a Radiofrequência com o sistema Rafaelo) mudaram o paradigma do tratamento cirúrgico desta patologia. Com o uso destas técnicas, foi alargada a indicação cirúrgica, contemplando o tratamento de doença hemorroidária menos avançada e mais precoce (com melhorias em relação à dor, à duração da recuperação pós-operatória e à menor taxa de complicações associadas), mostrando-se eficaz a longo prazo, sendo portanto superiores à terapêutica cirúrgica convencional e à terapêutica instrumental não cirúrgica.
A introdução desta técnica inovadora de Radiofrequência com o sistema Rafaelo pela primeira vez em Portugal na Clínica CUF Almada, mostra o compromisso da instituição na procura contínua pela inovação, trazendo melhoria da qualidade de vida aos doentes com patologia hemorroidária, de uma forma mais segura e confortável.

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