Inovação e excelência jurídica
Com uma trajetória sólida no universo jurídico, Vânia Mendes Guerreiro é a mente por trás da Ad Hoc Lawyers, um escritório que se destaca pela excelência no atendimento personalizado e pela capacidade de adaptação às necessidades específicas de cada cliente.
A sua carreira reflete uma impressionante progressão, com a sua especialização em Direito Económico e Fiscal. Quais foram os principais desafios e aprendizagens que marcaram esta trajetória de mais de 15 anos?
O Direito Fiscal não surge como área preferencial logo no início do meu percurso profissional. A especialização em Direito Económico e Fiscal surge mais tarde, após já vários anos de prática, não apenas por ser uma área do direito pela qual fui desenvolvendo interesse e gosto pessoal, mas sobretudo para colmatar uma lacuna que vinha sentindo – a necessidade de um maior conhecimento nessa área – por se tratar de uma área do direito intrinsecamente ligada àquela que era à data e, que continua a ser ainda hoje, a minha principal área de actuação, o direito imobiliário. O Direito Fiscal relevou-se essencial e determinante para uma abordagem mais completa e abrangente das situações trazidas pelos meus clientes, possibilitando por um lado, a apresentação de soluções mais eficazes, do ponto de vista fiscal para os negócios jurídicos e, por outro lado, antecipar o impacto fiscal de determinadas situação ou decisão, identificando potenciais situações de riscos, permitindo assim a sua eliminação ou redução dos seus impactos para os clientes.
A nível profissional, a minha preferência é exercer uma advocacia preventiva, ou seja, analisar e identificar antecipadamente os riscos inerentes ou suspectíveis de advirem de uma determinada situação e trabalhar no sentido de encontrar soluções que previnam a verificação de tais riscos, quer pela via da sua eliminação ou da redução. Quando um cliente procura os nossos serviços com uma transação em vista, seja da perspetiva da compra ou da venda, entre outras, é aliciante ter a possibilidade e capacidade de analisar a situação preventivamente e como um todo – o que envolve sempre diversas áreas do Direito, que vão para além do direito imobiliário e direito fiscal – procurando oferecer a solução mais adequada de acordo com o perfil do cliente, bem como planear soluções que possam trazer maior eficiência fiscal e eliminação de riscos, conferindo ao cliente uma maior segurança jurídica nas decisões por si tomadas. Em Portugal, infelizmente está muito pouco ou nada enraizado o papel preventivo do advogado, o qual continua a ser encarado, como um profissional a quem se recorre, por falta de outra opção, perante um problema e para a resolução de um conflito já existente, quando na verdade, a esmagadora maioria das situações de conflito e litígio, poderiam ser evitadas ou mitigadas nos seus efeitos, se as situações foram analisadas por advogado a título preventivo. A Ordem dos Advogados tem tido um papel incisivo na divulgação dos benefícios da advocacia preventiva, porém ainda insuficiente por si só, para reverter esta visão tão enraizada.
Este ano foi de grandes transformações, nomeadamente com a fundação da Ad Hoc Lawyers. Que balanço faz deste novo capítulo? Que marcos ou conquistas destacaria?
Este ano, decidi embarcar numa nova aventura e abrir o meu próprio escritório de advogados, que opera sobre a marca Ad Hoc Lawyers. A sua fundação surge da minha vontade pessoal de criar este novo projeto de trabalho, pensado à minha imagem, o qual representa, para além de um novo desafio, o lançamento de uma nova fase no meu percurso profissional. O apoio, o reconhecimento e confiança que os clientes depositam, quer no meu trabalho quer no da minha Colega, Dr.ª Jéssica Bento, que aceitou o convite que lhe enderecei para embarcar neste novo desafio, é efetivamente uma das maiores conquistas. O balanço possível até à data, é extremamente positivo. A abertura oficial do escritório terá lugar em janeiro de 2025.
De que forma a sua prática legal tem integrado novas tecnologias ou abordagens inovadoras para oferecer melhores serviços?
De facto, a advocacia é uma atividade ainda muito tradicional, muito relutante às novas tecnologias e, muito adversa a abordagens diferenciadoras. Esta visão tradicional da atividade é um resultado natural das regras deontológicas e princípios impostos aos advogados. No entanto, acredito que esta visão será revertida num futuro, pelas gerações mais novas de advogados, que são mais defensores de abordagens inovadoras e diferenciadoras. Na Ad Hoc Lawyers implementámos sistemas de software de gestão de horas, gestão de processos e tarefas, ferramentas que reduzem consideravelmente o tempo dispendido com tarefas de rotina e gestão, libertando tempo para a realização de outros trabalhos e permitem uma supervisão bastante eficaz do trabalho em curso e produzido pela equipa. Foi também implementado um sistema de segurança e proteção de dados, que na óptica da atividade da advocacia me parece indispensável e de especial importância. Os advogados estão sujeitos a deveres especiais de confidencialidade e na verdade armazenam imensa informação confidencial e sensível dos seus clientes. Ainda no segmento das tecnologias de comunicação nos dias que correm e num mundo cada vez mais digital, em que as reuniões presenciais foram substituídas pelas reuniões on-line, em que as comunicações entre advogado e clientes são cada vez mais imediatas e instantâneas, a presença online, seja através do website ou das redes sociais, como veículo de promoção e divulgação de informação afigura-se absolutamente crucial, na óptica da relação entre advogado-cliente quer na perspetiva da consolidação dos escritórios e sociedades de advogados.
Quais são os grandes desafios e oportunidades que antecipa para a empresa e para a advocacia em Portugal?
Há sempre desafios constantes e recorrentes no mundo empresarial que abrangem igualmente a área da advocacia, nomeadamente a gestão da equipa de trabalho. Esta é uma questão, cada vez mais, abordada, estudada e discutida e reconhecida como uma tarefa desafiante e, simultaneamente, essencial nos dias que correm, quando se procura proporcionar um bom ambiente de trabalho aos nossos colaboradores e se procura uma equipa coesa e produtiva. É evidente que a existência de um ambiente saudável e motivador no local de trabalho potencia o melhor da sua equipa e afigura-se imprescindível para um bom desempenho e produtividade da equipa.
Concretamente para o ano de 2025 e, mais especificamente, para os advogados que atuam na área do direito imobiliário, particularmente na região o Algarve – como é o meu caso – é inevitável não estar de olhos postos no tão aguardado arranque da ligação área direta entre Faro e Nova Iorque, prevista já para maio de 2025. A expectativa lógica que a abertura desta nova rota área se traduzirá no incremento significativo do número de visitantes e investidores à região do Algarve. Essa procura gerará um aumento de clientes e volume de negócios para todos os profissionais que desenvolvem atividades diretamente ligadas ao setor imobiliário, como é o caso dos advogados. Para a Ad Hoc Lawyers, considerando que 2025 será o seu ano de abertura oficial, o repto para o ano que se aproxima é simples: continuar a crescer de forma sustentável, consolidar a sua posição no mercado e posicioná-lo como escritório de referência no área do direito imobiliário na região do Algarve.
Que conselhos daria a jovens profissionais que ambicionam construir uma carreira de sucesso?
O meu conselho para as jovens advogadas é darem preferência à experiência prática antes de procurarem a especialização, pois esta última aliada à experiência prática de atuação no ramo do direito escolhido, será sim um fator distintivo e diferenciador na vida profissional das jovens advogadas. Do que tenho observado, das gerações mais novas de advogadas, não posso deixar de referir e enaltecer a visão que têm – em fases tão iniciais das suas carreias profissionais – sobre a noção de equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional e as ideias vincadas do que procuram no ambiente e local de trabalho. Acho esta esta nova visão muito refrescante e acredito que as gerações mais novas de advogados e advogadas acrescentam muito à forma de encarar o mundo empresarial.