“Trabalhamos para as pessoas”
Maria Helena Palma, em entrevista à Business Portugal conta como, ao fim de 28 anos, se voltou para o mercado imobiliário sendo, atualmente, Diretora da Agência Hall Paxis de Beja.
Durante 28 anos dedicou-se à banca comercial. Quando e porque é que se dá esta mudança para o ramo imobiliário?
De facto, grande parte da minha vida laboral foi desenvolvida na Banca Comercial, onde ingressei aos 21 anos, no final da licenciatura. Foi um tempo muito interessante, enriquecedor e cheio de aprendizagem, que me deu background em diversas áreas.
A mudança para o ramo imobiliário enquanto broker deu-se em 2014, após negociação de reforma algum tempo antes. Sendo ativa, senti necessidade de continuar a ter objetivos, agenda, contacto com pessoas e fazer a diferença na vida de alguém, ajudando a realizar desejos e vontades. Beja é uma cidade com bastantes limitações em termos laborais, e nutrindo eu um gosto especial por desafios, abracei a atividade imobiliária, que já conhecia.
A Maria Helena é diretora da Agência Hall Paxis. A diferenciação, fluência na comunicação, capacidade empática e de multitasking são características com as quais se identifica? Qual a importância das mesmas para a sua atividade?
Sem dúvida que todos os aspetos referidos são determinantes nesta atividade. O nosso negócio baseia-se na relação interpessoal e são as pessoas o nosso maior ativo. É para elas que trabalhamos. Quando formei a equipa, uma das grandes preocupações foi a de não sermos mais uma agência imobiliária a operar no mercado, mas trazer valor acrescentado à cidade e à região. Nesse sentido temos trabalhado de forma bastante abrangente, assessorando o cliente em inúmeros ângulos, que podem ir da gestão processual, ao agendamento e acompanhamento de reuniões técnicas, até à assessoria jurídica. Este trabalho requer conhecimento profundo de várias matérias, e dos canais por onde serão distribuídas. Por exemplo, um investidor estrangeiro que chega a Beja, se não for acompanhado, acaba por se perder no emaranhado da burocracia e dos departamentos. Por outro lado, existem processos de imóveis e de heranças extremamente complicados para tratar.
Paralelamente, e voltando ao início do tema, o nosso compromisso para com a região passa também pela divulgação do outro, ou seja, tentamos interagir com a comunidade de formas variadas, que podem ser a divulgação de entrevistas na nossa revista anual, passando por um prémio literário que criámos em parceria, ou até mesmo a realização da Conferência “Arte, Cidades, Alma – A Conexão como Alavanca”, que decorreu em pleno período pandémico. Já fora da nossa zona de conforto, temos sido presença assídua em eventos imobiliários. Tudo isto, a diferenciação na abordagem ao cliente/pessoa, o facto de sermos multitask e multifacetados e termos visão de futuro, constitui o nosso ADN empresarial.
Ainda sobre a Hall Paxis, quais são as suas expetativas para este novo ano de 2022?
2022 apresenta-se com variadas vertentes de trabalho e algumas nuances. Se por um lado se notam alguns constrangimentos face a alterações no sistema bancário, que poderão dificultar o acesso a crédito por particulares, nota-se igualmente a diminuta oferta de imóveis face à procura, levando a uma subida de preços para valores de mercado irreais. Noutro campo, existe um patamar crescente de investimento, quer na reabilitação urbana, quer nos imóveis rurais, preenchido por investidores nacionais e estrangeiros. Se acompanharmos e aconselharmos com o profissionalismo requerido os clientes que chegam a cada dia, poderemos continuar a ter um crescimento sustentado.
Crê que o cunho feminino traz algo de novo e diferenciador às empresas? Considera que é importante termos cada vez mais mulheres a liderar as mesmas?
Acredito que sim. A mulher é mais sensível, racional, pragmática e não tem tempo a perder, pois tem muitas coisas para fazer e pensar. Não se perde no acessório. Normalmente é mãe e é filha, e só por isso consegue com frequência colocar-se no lugar do outro, e extrapolar para o conjunto o caminho a seguir. Seria muito importante que a quota de mulheres a liderar empresas fosse bastante maior, e certamente seriam empresas mais humanas, viradas para as pessoas e para o bem-estar. Se os números são importantes, não podem nunca ser dissociados da componente humana, pois é ela a base de tudo. Se queremos empresas sãs em termos de recursos humanos, há que pensar que são estes que estão implicados no seu crescimento e são eles o seu rosto visível e o seu maior ativo.