GOPARITY, investimentos com impacto

Nuno Brito Jorge, Fundador e CEO da Goparity, revelou, em entrevista, como a empresa procura atingir metas ambiciosas, conectando investidores a iniciativas sustentáveis e promovendo uma abordagem transparente e envolvente para enfrentar desafios globais.

Nuno Brito Jorge, Fundador e CEO

Quais os fatores que levaram à criação da empresa e à sua missão de promover o financiamento sustentável?
Ao observar a escassez de oportunidades de financiamento para iniciativas na área da sustentabilidade, surgiu o desejo de direcionar fundos para empresas que pretendiam adotar práticas mais benéficas para o planeta e a sociedade. Simultaneamente, percebemos, que cada vez mais as pessoas têm interesse em saber onde está a ser investido o seu dinheiro e, ao mesmo tempo, se sentem cada vez mais empoderadas para exigir este tipo de transparência e liberdade de decisão.

Quais são os principais resultados alcançados ao promover os objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas? Há algum projeto em específico que destaca o impacto positivo da Goparity?
Atualmente, a Goparity já financiou 30 milhões de euros em projetos, contribuindo para todos os objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ao todo, mais de 300 projetos diferentes foram apoiados.
Medir o impacto que proporcionamos com o nosso financiamento é uma das nossas principais preocupações. Sabemos que os projetos que financiámos já contribuíram para evitar a emissão de 25 mil toneladas de CO2 para a atmosfera, para criar quase 5 mil empregos, impactar positivamente quase 100.000 pessoas em posição vulnerável e para produzir todos os anos eletricidade limpa suficiente para abastecer quase 9000 famílias Europeias.
Destacaria o nosso trabalho de financiamento em projetos de energia solar, não apenas na vertente do autoconsumo empresarial, mas também no que respeita ao financiamento de projeto de comunidades de energia em que temos bairros ou pequenas povoações a partilhar energia produzida localmente e até os projetos no Uganda, em que financiámos energia solar para cooperativas de lacticínios em zonas rurais sem eletricidade (ou com eletricidade intermitente) passando estas a contar com eletricidade limpa e estável mas também a deixar de depender de geradores e reduzir a poluição atmosférica e sonora.
Em Portugal destacaria pela dimensão do projeto o financiamento da Oceano Fresco, uma empresa pioneira na economia do mar e que integra toda a cadeia de produção de bivalves, deste o laboratório de investigação, ao berçário e ao crescimento em “off-shore”, a forma mais sustentável que existe.

Como é que a Goparity envolve os investidores e se relaciona com os projetos sustentáveis que financia? Qual é a importância da conexão emocional na promoção da sustentabilidade?
Na Goparity, os investidores têm a liberdade de escolher os projetos nos quais desejam investir, conforme as suas preferências, como as taxas de juro, a proximidade geográfica dos projetos ou a tipologia dos mesmo.
Acredito que que se tivéssemos maior visibilidade das consequências das nossas escolhas como consumidores, todos agiriamos de forma mais sustentável. Um exemplo claro são as alterações climáticas, porque não têm um impacto imediato e visível nas nossas vidas diárias, no entanto, gradualmente, estamos a começar a ver as consequências da lentidão de resposta em cada fenómeno climático que ocorre no mundo com cada vez maior frequência.

Como é que a Goparity pretende continuar a educar e a capacitar indivíduos e empresas sobre questões de sustentabilidade e investimento ético? Quais são as metas futuras nesse sentido?
Sempre foi um objetivo nosso, além de mudar o paradigma do investimento e empoderar os investidores de retalho, promover a literacia financeira, reconhecendo a diversidade de conhecimento entre os utilizadores.
Oferecemos à nossa comunidade e interessados workshops e meetups sobre investimentos sustentáveis, gestão de risco, introdução ao mundo dos investimentos ou a avaliação do impacto dos investimentos. Além disso, na nossa plataforma, tentamos que cada vez mais sejam disponibilizadas informações e ferramentas para simplificar o universo dos investimentos e da sustentabilidade.
A nossa meta é ultrapassar os 100 mil utilizadores até ao final de 2024, incentivando não apenas o investimento, mas também a criação de poupanças e finanças mais resilientes. Pretendemos evoluir a plataforma oferecendo serviços como contas para crianças e até chegar oferecer um cartão de débito Goparity, físico ou virtual, para trazer as finanças sustentáveis para o dia-a-dia das pessoas.

Recentemente, celebrou-se o Dia Nacional da Sustentabilidade. Na sua ótica, Portugal tem trilhado um caminho positivo nesse âmbito ou ainda há muito por fazer?
Portugal foi pioneiro no campo das energias renováveis, destacando-se primeiro na energia eólica e hídrica. Nos últimos anos, a energia solar também começou a ganhar terreno, embora se tenham concretizado ainda poucos dos grandes projetos anunciados nessa área.
Parece-me que a sustentabilidade não tem recebido a devida prioridade nas políticas governamentais, o que acontece com frequência em tempos de crise. Nesse sentido a criação de um dia nacional da sustentabilidade é uma iniciativa de louvar, ainda que o mais importante seja a ação consequente e rápida. Apesar deste espaço espaço para melhorias, os dados mostram que a população está cada vez mais preocupada com questões de sustentabilidade e mudanças climáticas, o que é um sinal promissor para o futuro.

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