Global Fire Equipment: De Portugal para mais 90 países
A Global Fire Equipment (GFE) surgiu, em 1994, na Dinamarca. Com 25 anos de existência, adquiriu a Createch e foi considerada PME Excelência em 2018. Nesse âmbito, em conversa com a Revista Business Portugal, João Paulo Ajami (CEO da GFE) e Fernando Oliveira (responsável pela Createch) falaram sobre o negócio e como têm sido os últimos anos.
É em São Brás de Alportel que encontramos João Paulo Ajami e Fernando Oliveira, responsáveis pela Global Fire Equipment S.A., uma empresa que desenvolve, produz e exporta produtos de deteção de incêndio. Criada em 1994, na Dinamarca, João Paulo Ajami explica que, no início, tinham uma colaboração com uma empresa inglesa para o mercado de topo da deteção de incêndio: “Nós fabricávamos na Dinamarca equipamento para essa empresa, como subcontratados, ou seja, nós desenvolvíamos esses equipamentos e eles comprometiam-se a comprar-nos toda a produção. Em 1998, essa empresa foi comprada por uma multinacional na Inglaterra. Acabou por ser destruída e criou-se um vácuo”, explicou.
Foi para preencher esse vazio que João Paulo Ajami, já em Portugal, no ano de 2000, viu a empresa modificar-se, acabando por chegar a outros mercados: “Nos anos iniciais da empresa, já com a mudança para Portugal, nós tínhamos 46 por cento da nossa faturação no Reino Unido, claro que, ao longo dos anos, começámos a vender mais para outros países e, hoje em dia, o Reino Unido tem um peso muito menos significativo. Também chegámos a ter 23 por cento das nossas vendas em Portugal que, agora, apenas representa cerca de oito por cento. Há também uma diluição de risco, embora nos últimos tempos tenhamos apostado muito em mercados emergentes. Por exemplo, a Turquia era, em 2017, o nosso melhor cliente. Hoje em dia não o é, porque tiveram uma crise muito severa. Neste momento, o nosso maior mercado é a Noruega, com um crescimento muito mais sustentável e certo”.
A presença por todo o mundo
Ao longo dos anos, esta empresa, tem conseguido atingir mercados muito diferentes e muito longínquos uns dos outros, o que os faz trabalhar de forma diferenciadora para todos, porque o nível de exigência é, também, muito elevado. Os dois empresários explicam que a estratégia passou pela presença em feiras, embora seja cada vez mais difícil conseguirem marcar presença devido às condicionantes dos países onde são feitas.
A exigência que lhes é imposta, por todos os seus clientes, é um desafio a ser superado todos os dias: “A Noruega tem níveis de exigência muito elevados. A Holanda também! Temos mercados tão díspares como a Mongólia e Islândia. A Islândia já é nossa cliente praticamente desde o início, com uma penetração de mercado na ordem dos 80 por cento. Há muitas variações, mas a vantagem é que, quantas mais geografias nós abarcarmos e quanto mais disseminarmos a nossa presença, menos expostos estamos a riscos potenciais”, explicam João Paulo Ajami e Fernando Oliveira. “Estamos sempre à procura de novos mercados porque ainda temos muito mundo para conquistar. Temos uma presença global, a nível de todos os continentes, inclusive na Antártida”.
Em 2018, o Grupo Global Fire Equipment sofreu uma reestruturação de capital, com uma parceria feita com a Crest Capital Partners, empresa líder na gestão de fundos privados: “Em 2018, senti que estava a puxar a carroça sozinho. Nessa altura, houve uma química imediata com a Crest Capital Partners e foram eles que encontraram a Createch. Neste momento, o crescimento da empresa é muito mais sustentável”, aclarou João Paulo Ajami.
A consolidação do Grupo Global Fire
A Global Fire Equipment adquiriu, recentemente, a Createch, empresa especializada no mercado da iluminação de emergência. Fernando Oliveira explica-nos o porquê da junção e como tem corrido a experiência: “Foi uma agradável surpresa. A Createch nasceu há seis anos. Passou aquela etapa inicial do investimento, de começar a aparecer e estava numa fase em que já me estava a consolidar no mercado nacional, mas tínhamos imensas dificuldades e um longo caminho para percorrer até chegar aos mercados internacionais. Entretanto, surgiu a oportunidade de nos juntarmos com a Global Fire e, quando isso se colocou, foi só chegarmos a acordo. Para mim foi claramente o melhor caminho para a empresa. Ainda só cá estou há um ano, mas continuo com a ideia de que esta mudança foi a melhor coisa que aconteceu à marca. Com esta mudança, vieram algumas pessoas com a empresa, da unidade produtiva propriamente dita não, mas a equipa comercial interna e externa transitou de Vila Nova de Gaia para o Algarve”.
Esta junção trouxe ideias e produtos novos que, para João Paulo Ajami e Fernando Oliveira, foram uma mais-valia. À produção de todos os equipamentos de deteção de incêndio aliaram a sinalização: “Quando pensamos no ponto de vista da segurança das pessoas ou edifícios, a deteção de incêndio é crítica para despoletar o alarme, mas é igualmente crítica a iluminação de emergência na evacuação do edifício e todo este processo sempre foi, ao longo dos anos, feito de forma separada. Com o evoluir das tecnologias e a integração dos sistemas nas obras, à medida que o tempo vai passando, vão existindo cada vez mais oportunidades e a necessidade de criar sistemas que comuniquem entre si e é isso que nós estamos a desenvolver: produtos que comuniquem entre si, porque, efetivamente, os clientes, os mercados e as obras são as mesmas. Se, por acaso, nós já lá estamos com a deteção de incêndio é mais fácil penetrar com a iluminação de emergência e depois temos uma grande vantagem: a Global Fire está presente em mais de 90 países”, reiterou Fernando Oliveira.
Equipa competente e especializada
As necessidades da empresa a nível de funcionários, com a mudança descrita foram, também, aumentando o que leva a que as instalações estejam, igualmente, na iminência de serem alteradas para o dobro do espaço já existente. A Global Fire emprega, de momento, 92 pessoas, que acolhem e tratam como se da família dos próprios se tratasse e a formação é essencial para que o trabalho seja efetuado como pretendido.
PME Excelência – o reconhecimento do sucesso
Em 2018, receberam o prémio de PME Excelência. João Paulo Ajami fez um apanhado da aventura que tem sido este negócio que o faz feliz há tantos anos: “Há um padrão de evolução e um fator que tem que ver com a PME Excelência que é a total ausência de apoios por parte do estado em relação à nossa atividade. É investimento próprio, estivemos até 2005 com zero de crédito bancário. Tem sido uma política da empresa não depender de subsídios e se o negócio não está sustentável não deve existir, é tão simples quanto isso. Resultado prático: a empresa consegue estar numa situação de autonomia financeira e numa situação de independência total e é isso que se transmite na PME Excelência”, afirmou, orgulhoso, o fundador da empresa.