Garantia exímia de qualidade
A AlgarOrange – Associação de Operadores de Citrinos do Algarve nasceu em agosto de 2018 para lutar por um único objetivo: promover, divulgar e valorizar a excelência da laranja do Algarve. O engenheiro José Oliveira, presidente da direção, conversou com a Revista Business Portugal sobre um dos setores que mais impacto tem na região.
Apesar de ser um projeto recente, a AlgarOrange – fundada pela Cacial, Frusoal, Frutalgoz, Frutas Lurdes, Frutas Martinho, Frutas Tereso, Machorro & Filhos, Matinhos Hortifruticultura e Parafrutas – tem deixado marcas junto do mercado dos citrinos pela sua força de vontade em levar a laranja do Algarve além-fronteiras.
Segundo José Oliveira, “o que nos interessa é fazer a promoção e divulgação no mercado externo, porque achamos que o produto que temos pode vender-se pela diferenciação da qualidade.
É através da contínua aposta na qualidade e na valorização das particularidades que este produto apresenta que existem intervenientes que se surpreendem com as suas potencialidades – a combinação da doçura com um toque de acidez. O nosso entrevistado conta que “ainda há pouco tempo estiveram uns alemães num pomar do Algarve que ficaram surpreendidos, chegando a comentar que em Espanha era impossível comer umas clementinas com o sabor e qualidade que estão nestas árvores”. Isto só é possível graças às excelentes características que a região tem para oferecer, nomeadamente no que diz respeito ao solo e aos ventos atlânticos. São estes fatores que colocam as laranjas algarvias “num elevado patamar de qualidade”, remata ainda que “quando comemos as laranjas do Algarve temos uma simbiose entre a acidez e o açúcar, o que lhe dá esta potencialidade. A cor do sumo também é mais acentuada, bem como o teor do mesmo”.
A essência da AlgarOrange
São um grupo de nove entidades a lutar por um objetivo comum, que “está aberto e que desejamos que entrem mais”, remata o entrevistado, acrescentando que “isto não é uma organização comercial. Cada um tem, por si próprio, o seu trabalho comercial. A AlgarOrange não vende laranjas.
A essência é a promoção e divulgação dos citrinos, assim como a promoção da excelência. Desta forma, conta-nos que “podemos abrir portas a mercados pontuais e específicos, que nos possam pagar o diferencial da qualidade. Esta é a nossa estratégia”. Para o presidente da direção, “o ideal seria que esta conceção fosse estendida à comercialização, mas penso que a AlgarOrange nunca deverá passar por aí, para que não haja fraturas entre as pessoas e organizações”, não descartando a possibilidade de, no futuro, ser criada uma estrutura à parte com esse fim.
A internacionalização pela diferenciação do produto
A procura da laranja tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Focando nas cadeias de venda em Portugal, os principais operadores de frutas e legumes estão em expansão.
Internacionalmente há uma competição muito grande e do ponto de vista interno também, daí “termos de ir para o mercado pela diferenciação. Não temos quantidade para fornecermos grandes mercados, muito menos individualizados”, acrescentando que “um dos nossos objetivos é conseguirmos demonstrar que as nossas laranjas, os nossos citrinos, são efetivamente diferentes dos outros. Queremos abrir novos mercados para esse produto”, declara o entrevistado.
Acrescenta que, Espanha, Marrocos, Egipto e África do Sul são concorrentes com os quais o Algarve não consegue competir, não só pela quantidade do produto, mas também pela qualidade da apresentação. Porém, a Associação pretende combater esse desafio através da diferenciação do produto que tem para oferecer, posicionando-se no patamar da qualidade.
No setor de citricultura, neste momento, existem dois quadros diferentes: “desde a produção à operação comercial. Na produção são os verdadeiramente empresários agrícolas, que são bons a produzir e fazem-no com toda a qualidade, normas e certificações. Depois há outro setor de produção, o que produz normalmente e não sente essa necessidade até porque o mercado não exige isso, como é o caso do mercado tradicional”, reitera.
Entre a distribuição e o mercado tradicional há uma diferenciação muito grande em termos de exigências, contudo, a maioria do produto que vai para o mercado internacional tem de estar sustentado, mais do que nunca, em certificações, em normativos de trabalho e respetivas exigências.
O uso sustentável da água
A água é um recurso natural indispensável para a produção da Laranja do Algarve. Como tal, todos os intervenientes no processo garantem o seu uso sustentável. Exemplo disso é a utilização de técnicas de rega avançadas, sustentadas pela modernização dos equipamentos. Contudo, para o presidente da Associação, “as entidades responsáveis devem apresentar um plano para a água do Algarve”, passando, por exemplo, pela construção de barragens de dimensão significativa e também de pequenas barragens. Remata ainda que “a questão que se coloca passa pelo aumento que houve de consumo e da diminuição da reserva disponível. O aumento do consumo verificou-se em todos os ramos de atividade. Comparativamente a um passado não muito distante, talvez na agricultura, tenha até havido redução de consumo por variação negativa da área de regadio. Cada vez chove de forma mais concentrada. A disponibilidade dos recursos é menor e o consumo é maior”, defendendo que a solução deverá passar pelo aumento das capacidades de reserva e de transvases.
Por fim, destaca o cuidado com o uso sustentável da água e a utilização racional deste bem cada vez mais escasso que deve ser uma preocupação de todos os intervenientes.
IV Mostra Silves Capital da Laranja 2020
A AlgarOrange vai ser uma das entidades presentes na IV Mostra Silves Capital da Laranja 2020, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Silves, que decorrerá entre 14 e 16 de fevereiro de 2020. Estarão presentes várias dezenas de expositores ligados à citricultura, bem como gastronomia, artesanato e animação.
A Associação de Operadores de Citrinos do Algarve vai participar na conferência sobre as alterações climáticas para debater os desafios e constrangimentos do setor.