Doença Venosa: Sente as pernas cansadas e pesadas? Consulte o seu médico
É este o conselho que a médica especialista em cirurgia vascular, Joana Ferreira, deixa na entrevista à Revista Business Portugal. Esclarece sobre a importância da prevenção e quais os sintomas da doença venosa que afeta gravemente a população mundial, mas que é desvalorizada até deixar marcas irreversíveis na pele e saúde dos doentes.
Identifique a patologia e a prevalência da Doença Venosa na população portuguesa.
Quando falamos de doença venosa crónica, como o nome indica, referimo-nos a uma patologia que é progressiva, evolutiva e em que fica comprometido o normal funcionamento do sistema venoso. Em Portugal, à semelhança dos países ocidentais, a doença afeta cerca de um terço da população adulta. Os principais sintomas desta doença são as pernas cansadas, pesadas e inchadas.
A Doença Venosa afeta algum grupo da população, em particular?
Esta doença é mais frequente nas mulheres, ou seja, 60 por cento das mulheres para 40 por cento dos homens e carateriza-se pela forte componente hereditária. Por outro lado, existem profissões que potenciam esta doença como as que exigem que os indivíduos se mantenham de pé durante longas horas.
Descreva, sucintamente, o seu impacto socioeconómico.
Esta doença tem um elevado impacto na população. É responsável por um milhão de dias de trabalho perdidos por ano. Cerca de 21 por cento dos doentes pedem para mudar de posto de trabalho pela sintomatologia da sua doença venosa crónica. Esta doença chega a ser responsável por oito por cento das reformas antecipadas, porque tem elevado impacto na qualidade vida dos indivíduos.
Quais os primeiros sintomas e quando deve, o doente, procurar ajuda?
Os primeiros sintomas são a perna cansada, pesada e inchada. Aconselho que, mal surjam os primeiros sintomas, procure o médico. Muitos doentes desvalorizam as queixas, achando que é normal chegar ao final do dia com as pernas cansadas. Na verdade, é uma doença que deve ser tratada e vigiada. Na sua fase inicial, surgem derrames e raios que não devem ser desvalorizados. Perante estes primeiros sintomas os doentes deviam procurar ajuda médica especializada.
Numa fase mais avançada os doentes acabam por ter alterações da pele, muitas vezes irreversíveis. Num estádio último da doença, pode surgir úlcera venosa que se carateriza por uma ferida (nas pernas) de difícil cicatrização e que tem um elevado custo económico, comprometendo a qualidade de vida dos doentes.
O que se deve fazer para melhorar/aliviar os sintomas?
Um estilo de vida saudável é o melhor hábito a ter, passando por evitar a obesidade e os hábitos tabágicos. Os fármacos venoativos e o uso diário de meio elástica contribuem para melhorar o funcionamento do sistema venoso. Os duches de água fria e a aplicação de géis refrescantes podem dar alívio da sintomatologia. Nos casos em que haja doença das veias maiores, pode existir necessidade de cirurgia.
Será esta patologia sazonal ou os cuidados e terapêuticas devem ser adotados ao longo de todo ano?
A patologia é crónica e, ao contrário do que os doentes normalmente pensam, não é sazonal. As queixas são mais exacerbadas no verão, por causa do calor, mas, na verdade, a doença está sempre presente, pelo que, os doentes, devem adotar estas medidas de tratamento durante todo o ano.
A doença venosa é de fácil diagnóstico?
É uma doença de fácil diagnóstico, o qual é obtido com a história clínica (queixas do doentes), o exame objetivo (observação das pernas dos doentes) e exames complementares. Dos exames complementares diagnósticos, destaca-se o eco-Doppler, uma ecografia que permite avaliar o funcionamento das veias.