“Cada projeto é abordado de forma única e personalizada”

Os Arquitetos Rui B Ribeiro e Diogo B Carvalho, em entrevista à Revista Business Portugal, dão a conhecer o universo e a essência dos projetos da Carvalho Ribeiro Arquitetos.

 

Diogo B Carvalho e Rui B Ribeiro, Arquitetos

 

Qual o processo de conceção e desenvolvimento de projetos na Carvalho Ribeiro Arquitetos, desde a fase inicial até à conclusão da construção? Como é que garantem a coerência entre a visão inicial do cliente e o resultado final?

O processo de conceção e desenvolvimento de projetos na Carvalho Ribeiro Arquitetos é marcado por várias fases distintas, desde a fase inicial de entendimento das necessidades e desejos do cliente até à conclusão da construção. Numa fase inicial, reúne-se com o cliente para compreender as suas necessidades, desejos e expectativas em relação ao projeto. São discutidos objetivos, orçamento, prazos e qualquer outro requisito específico. Com base nisto, começamos por desenvolver propostas iniciais e esboços que refletem a visão do cliente e as nossas ideias. São exploradas diferentes opções e soluções para garantir que o projeto atende aos requisitos do cliente. Uma vez definida a proposta, o projeto é desenvolvido com mais detalhes, incluindo os planos arquitetónicos e toda a documentação necessária para a sua aprovação. Seguindo-se, com as aprovações necessárias das entidades competentes, o projeto de execução, onde detalhamos todo o projeto e o preparamos para ser analisado pelas diferentes empresas construtoras que o cliente pretender, supervisionando uma posterior execução da obra para garantir que o projeto seja construído conforme planeado e dentro dos padrões de qualidade estabelecidos. Para garantir a coerência entre a visão inicial do cliente e o resultado final, mantemos uma comunicação constante e transparente com o cliente ao longo de todo o processo, envolvendo-o nas tomadas de decisão e apresentando-lhe propostas e soluções que estejam alinhadas com as suas expectativas. Além disso, a equipa de arquitetos realiza revisões periódicas do projeto, incluindo reuniões de acompanhamento, para garantir que o resultado final atende às necessidades e desejos.

Gostaria de saber mais sobre o vosso trabalho com casas modulares em contentores marítimos. Quais são os principais desafios e vantagens deste tipo de construção?

Trabalhamos com este tipo de construção devido às suas vantagens únicas em termos de sustentabilidade, mobilidade e eficiência e num desafio colocado pela empresa Alugal. Alguns dos principais desafios que enfrentamos ao trabalhar com casas modulares em contentores marítimos incluem a necessidade de adaptação do espaço limitado pelas dimensões dos contentores, garantir a eficiência energética e térmica do imóvel, e a necessidade de cumprir com regulamentos de construção locais. No entanto, as vantagens superam os desafios. As casas modulares em contentores marítimos são mais sustentáveis, uma vez que reutilizam materiais que de outra forma seriam descartados, são mais rápidas de construir, mais económicas e mais fáceis de transportar. Além disso, podem ser facilmente expandidas ou modificadas conforme necessário.

O projeto da casa de construção tradicional na Póvoa de Varzim despertou certamente a atenção de muitos. Qual é o conceito por trás deste projeto?

A ideia deste projeto foi conseguir de certa forma organizar a casa a partir de um pátio central, um ponto de luz, criando diferentes vivências aquando da entrada na casa. Apesar de ser elemento externo, envolve-se com a casa, criando vários tipos de sensações e, foi a partir desse elemento, que começámos a desenvolver este projeto. A casa tinha outros aspetos muito particulares, designadamente em relação ao crescimento da família, a separação da zona mais privada de toda a área social e técnica e este pátio permitiu criar esta dinâmica.

O nosso logótipo é composto por quatro planos, imaginando-o em três dimensões, são paredes que nos dão liberdade. Fazendo uma analogia, o centro do nosso logo é onde se localiza o pátio e as paredes mestras surgem como o conceito da  nossa empresa. Seguindo o nosso conceito minimalista no que concerne à arquitetura, esta casa surge através desse ponto central e dos quatro planos que nunca se intercetam, conseguindo assim dividir os espaços privados, sociais e técnicos.  Importa ainda sublinhar que este projeto insere-se num loteamento existente, composto por três lotes, sendo este o último, localizado no final da rua que não tem ligação com outras, o que nos deu liberdade para trabalhar a orientação dos espaços internos da casa. Apesar do lote ter uma mancha de implantação definida pelas regras do loteamento, o que quisemos foi ir além dessa mancha, ou seja, cumprir as regras, mas fazer com que o nosso projeto se destacasse dos restantes.

 

 

 

 

Como é que a vossa equipa aborda a integração de soluções arquitetónicas inovadoras, como a utilização de contentores marítimos, com as necessidades e expectativas dos clientes?

Começamos por compreender as necessidades e expectativas do cliente, bem como as restrições orçamentais, regulamentares e logísticas que possam existir. Apresentamos então as vantagens e possíveis desafios da utilização de contentores marítimos, explicando como esta solução pode ser adaptada às necessidades específicas do cliente. Trabalhamos em estreita colaboração com o cliente para desenvolver um projeto personalizado que atenda aos seus requisitos e expectativas. Existem desafios específicos neste processo, como por exemplo a necessidade de garantir que os contentores marítimos sejam devidamente isolados termicamente e acusticamente, bem como adequados a serem utilizados como espaços habitáveis. Também é importante considerar questões relacionadas com a ventilação e iluminação natural. Além disso, a integração de soluções arquitetónicas inovadoras como a utilização de contentores marítimos pode implicar desafios relacionados com o licenciamento e as regulamentações locais. Neste sentido, ajudamos os clientes a navegar por estes processos e a assegurar que o projeto esteja em conformidade com todas as normas e regulamentos aplicáveis.

Como adaptam a abordagem de design e construção a diferentes tipos de projetos e clientes?

Para nós, é fundamental adaptar a nossa abordagem de design e construção a cada tipo de projeto e cliente, garantindo que as suas necessidades e expectativas sejam cumpridas da melhor forma possível. Ao iniciar um novo projeto, começamos por realizar uma análise detalhada das características específicas do local, do contexto urbano e das necessidades do cliente. A partir daí, desenvolvemos um conceito de design que seja adequado ao tipo de projeto em questão, seja ele uma habitação unifamiliar, um empreendimento turístico ou um equipamento desportivo. No que diz respeito aos clientes, trabalhamos em estreita colaboração com eles ao longo de todo o processo, garantindo uma comunicação constante e transparente. Isto permite-nos ajustar o nosso trabalho de acordo com as suas preferências e garantir que o resultado final corresponde às suas expectativas. Além disso, procuramos sempre equipas multidisciplinares, experientes e versáteis para colaborar e que nos possam ajudar e acrescentar em áreas que temos menos conhecimento, composta por arquitetos, engenheiros e designers, que nos permite garantir que cada projeto seja abordado de forma única e personalizada.

 

 

Como se mantêm atualizados sobre as últimas tendências, tecnologias e materiais na área da arquitetura?

A Carvalho Ribeiro Arquitetos mantém-se atualizada sobre as últimas tendências, tecnologias e materiais na área da arquitetura através da participação em conferências, workshops, feiras e eventos do setor, bem como através da pesquisa constante de publicações especializadas e revistas da área. Além disso, a equipa mantém-se em contacto com fornecedores e fabricantes para estar a par das novidades e inovações no mercado, os quais nos convidam para visitas ás próprias empresas para ver o produto e a forma de fabricação do produto, como o exemplo de uma muito recente à Indelague. Essas atualizações influenciam o nosso trabalho e abordagem aos projetos de diversas maneiras. Por um lado, permitem-nos incorporar soluções mais sustentáveis e eficientes nos nossos projetos, de forma a garantir um menor impacto ambiental e um melhor desempenho energético, o qual pensamos ser o futuro e com o qual nos debatemos muito. Por outro lado, as novas tendências e tecnologias, inspiram-nos a explorar novas ideias e abordagens, enriquecendo assim a nossa criatividade e inovação.

Além dos projetos já concluídos ou em curso, existe alguma área ou tipo de projeto que gostariam de explorar no futuro?

A partir do momento que abrimos o gabinete, estamos prontos para qualquer tipo de projeto, mas se queremos evoluir e crescer, temos que apostar em projetos de maior dimensão, até com outro tipo de honorários, que nos permita investir mais na própria empresa.

Por outro lado, temos vindo a falar na possibilidade de fazer projetos próprios como forma de investimento, para depois vender. É uma área que ainda estamos a pensar como abordar, até porque esta aposta fará com que a equipa tenha de crescer.

Uma outra ambição assumida é entrar no mercado estrangeiro, já tivemos algumas propostas, temos uma obra em andamento fora do país, mas é uma área que queremos desenvolver, levando assim a nossa visão sobre a arquitetura para fora de portas.

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