Axians: “Portugal no mundo, com talento, ambição e um grande sentido de missão!”
Estivemos à conversa com o CEO da AXIANS Portugal, para ficar a conhecer uma das empresas mais inovadoras da área das tecnologias em Portugal e líder no mercado europeu. Um grupo focado em operações de longo prazo, com origem em 1735. Têm um dos contratos comerciais mais antigos do mundo, com mais de 200 anos. Trata-se do sistema de iluminação da Assembleia de Paris prestado pela VINCI Energies. O conceito ‘as a service’ não é, por isso, novidade para este grande projeto empresarial.
Os ativos são as pessoas que temos no grupo. São elas que dão perpetuidade às operações. O nosso ADN é isto. Uma grande parte das atividades do grupo passa pelo investimento nas pessoas, e acaba por ser esse o grande fator diferenciador da AXIANS junto dos seus stakeholders: o nosso human touch. Na VINCI Energies abraçamos os dois grandes desafios do mundo no momento: a transição energética e a transformação digital. Uma forma altamente descentralizada de funcionar, presente em 53 países, e 69.000 colaboradores – com uma faturação anual a rondar os 11 mil milhões de euros – que têm justificado esta maneira de encarar o mundo e de pensar o futuro. Ao nível da VINCI, acionista da VINCI Energies, os cerca de 190.000 colaboradores do grupo são também o seu maior acionista, onde se incluem naturalmente os colaboradores portugueses”.
VINCI Energies e o efeito da rede
A AXIANS Portugal é resultado de uma aquisição histórica – a maior transação de sempre em Portugal na área de serviços profissionais de TIC – a uma grande tecnológica nacional feita a 5 de janeiro de 2017 pela VINCI Energies. A VINCI Energies é um dos braços do grupo VINCI, da qual faz parte também a VINCI Airports – detentora da ANA Aeroportos.
“Trabalhar em rede a esta escala, e pensar global, traz diariamente um enorme desafio para a AXIANS Portugal. Desde a primeira hora a equipa tem sabido superar, entregando resultados, com uma atitude exemplar. Já trazíamos muita dessa vocação e potencial. O nosso corporate é bastante leve, e o sentido de empreendedorismo é muito valorizado numa empresa que encontra o seu equilíbrio na combinação da racionalidade e da emocionalidade. É um valor nosso”.
Com praticamente ano e meio de atividade enquanto AXIANS, a equipa já tem talento português a liderar diversos grupos de desenvolvimento à escala internacional (de ofertas verticais, de tecnologias ou até de parcerias chave), como por exemplo um representante português no núcleo central da rede, na equipa de brand, em Paris. Nas palavras de Pedro Afonso, pode-se facilmente testemunhar esse aspeto de cultura da empresa: “uma componente forte de abertura à rede, onde Portugal acaba por ser um ponto de encontro, e também uma equipa de talento diferenciado numa operação muito exigente”.
Ao mesmo tempo que entregam o presente, reinventam o futuro
É muito importante criar empatia com o perfil de necessidades dos clientes, e o impacto que essas necessidades em constante revitalização têm no dia-a-dia da AXIANS. 300 das maiores empresas portuguesas – com as suas próprias dimensões internacionais – são suas clientes. Empresas de topo, que representam já um volume de negócio bastante considerável para a AXIANS.
“As tecnologias de informação recalibram-nos com outros players mundiais, por causa da linguagem tecnológica, que é universal. A base de conhecimento é muito semelhante. Isso permite às empresas de tecnologia competirem sem fronteiras. Aqui, Portugal deve aprender a valorizar-se. Encontrando os seus atributos de diferenciação. A única coisa que nos pode por vezes diminuir é a nossa psicologia. É isso que as empresas nacionais devem definitivamente contrariar: o seu sistema operativo mental. A lógica de ‘coitadinhos, ninguém nos ajuda, somos pequeninos’, deve ser substituída por ‘Jogamos sempre para ganhar’. E o jogo é sempre de longo prazo. Interessa o presente, mas ao mesmo tempo construímos o futuro… no presente. Em simultâneo. A tecnologia permite-nos isso mesmo: reparametrizar a forma como avaliamos os projetos empresariais. Mais vale pensar num mercado global, atuando localmente, sem quaisquer complexos”.
Haverá alguma Sillicon Valley da Europa em Portugal?
“Nós não somos Sillicon Valley. Somos Portugal, com toda a nossa identidade e marca nacional. Temos os nossos atributos, a nossa história. Porque não assumi-lo? E à nossa idiossincrasia? Vivemos tempos incertos a muitos níveis, mas a história provou-nos que Portugal tem uma palavra a dizer sobre o futuro, em muitas áreas de relevo. A da inovação tecnológica é apenas uma delas. Porquê querer ser Sillicon Valley da Europa? Porque não ser Portugal na Europa?” Percebemos com um caso partilhado pelo entrevistado muito da perspetiva da AXIANS sobre o papel do talento português – e de Portugal – no grupo. Até sobre o tema ‘humanity versus technology’ num tempo em que muito se discute sobre o papel das empresas do setor na transformação em curso.
“Dou-vos um exemplo: na VINCI Energies existem operações de manutenção de redes elétricas, que obrigam a ter alguém que vá ao terreno vistoriar se há corrosão nas suas componentes físicas. Uma equipa portuguesa, com pouquíssimos meses de AXIANS, propôs em França uma solução baseada num algoritmo que simplifica e otimiza todo o processo: um drone recolhe fotos, as fotos vão automaticamente para a base de dados e são processadas, com inteligência artificial, para descobrir se há ou não corrosão. Daí, caso se justifique, poderá enviar-se ao terreno uma equipa especializada. Este projeto está já hoje em desenvolvimento. O único custo físico neste processo no terreno será, abusando um pouco da simplificação, o uso da bateria do drone. As equipas – e os seus recursos materiais – são naturalmente requalificados para analisar problemas de corrosão, ou outros de diagnóstico efetivamente mais complexo”.
A AXIANS em Portugal
“A AXIANS Portugal é um agente ativo no desenvolvimento de um mundo sustentável e próspero para pessoas e empresas, elevando sempre os mais profundos valores humanistas. É a visão do nosso grupo, aplicada a Portugal, e a partir de Portugal para o mundo. Concretamente, ajudamos os nossos clientes no seu posicionamento perante as duas grandes revoluções em curso: a transformação digital e, no contexto da VINCI Energies, a transição energética. Com impacto no seu negócio e na vida dos seus próprios clientes. Com impacto na sociedade. E aqui regresso ao tema da nossa ambição global, do nosso sentido de missão e do nosso talento”.
A título de exemplo, o nosso entrevistado apresenta a EUMETSAT, a entidade que envia os dados de metereologia para todos os institutos de metereológicos da Europa. A partir do centro de operações da AXIANS Portugal é assegurada por software – com a vigilância ultra especializada de robots desenvolvidos por portugueses – a operação e manutenção dos serviços externos daquele organismo europeu.
Outro cliente histórico é o European Patent Office. É um mercado muito competitivo e todos os grandes players mundiais querem assegurar este tipo de clientes. “Porque é que tivemos sucesso? Vendemos o outcome da necessidade do cliente. Pensamos no seu negócio, nas atividades e pessoas a ele ligados. As tecnologias vêm depois. Temos de assumir esta diferenciação quando estamos, através das TIC, a construir a sociedade do futuro.”, explica Pedro Afonso.
No centro de operações, tivémos a oportunidade de ver como se opera no dia a dia no contexto de uma empresa desta dimensão. Dados a correr entre os ecrãs, sempre incógnitos por forma a proteger informação crítica, mas dando-nos uma noção da magnitude dos projetos da AXIANS – os colaboradores resolvem problemas hiper-complexos, e apostam em inovar e optimizar os serviços que as suas empresas clientes oferecem.
Cibersegurança versus segurança. O ponto são as pessoas
Numa última nota sobre um dos temas mais mediáticos dos últimos tempos – o da nova lei de proteção de dados – há que ter preocupação também com o comportamento humano, refere Pedro Afonso. O CEO da AXIANS Portugal considera que o setor tem um papel fundamental na sensibilização pelas decisões necessárias a adotar pelas empresas mais surpreendidas com o fenómeno.
“Para além da necessária regulamentação, é urgente apoiar as empresas – constituídas por pessoas – na adoção de comportamentos de segurança, numa realidade em que os dados se tornaram, como muitos já o disseram, o novo petróleo. É preciso ir além da inovação tecnológica. As pessoas – seja nas empresas ou nas suas vidas – têm de ter a formação e atitude adequadas, para o uso da tecnologia em segurança, e para a utilização devida dos seus dados”.
Há formas de medir a adoção da tecnologia numa organização. Pedro Afonso relembra que incorporar nos projetos o processo de adoção pelas pessoas, tem sido crucial para o sucesso da AXIANS. O CEO não se cansa nunca de relembrar que “a transformação digital é 90 por cento pessoas e 10 por cento tecnologia.”